Medida desproporcional
CNJ investiga se juiz que bloqueou WhatsApp cometeu abuso de autoridade
Nancy Andrighi instaurou reclamação disciplinar contra o juiz Marcel Montalvão.
Reprodução
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A
corregedora nacional de Justiça, ministra Nancy Andrighi, instaurou uma
reclamação disciplinar contra o juiz Marcel Maia Montalvão, da Vara
Criminal de Lagarto (SE), que determinou o bloqueio do aplicativo
WhatsApp na última segunda-feira (4/5). A corregedoria vai avaliar a
conduta do juiz, não o mérito de sua decisão.
O órgão vai
investigar se Montalvão cometeu abuso de autoridade ou se extrapolou sua
jurisdição ao dar a decisão que afetou todos os usuários do aplicativo
de troca de mensagens no país. O juiz terá 15 dias para prestar
informações ao CNJ.
A decisão de suspender o WhatsApp partiu do
mesmo juiz que havia determinado a prisão do vice-presidente do Facebook
na América Latina — o argentino Diego Dzoran. Ele foi preso no dia 1º de março e solto no dia seguinte por decisão do desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe Ruy Pinheiro, que considerou que houve coação ilegal.
A
prisão havia sido determinada pelo juiz Montalvão porque a companhia de
tecnologia havia ignorado por três vezes os pedidos da Justiça para
apresentar o conteúdo de mensagens trocadas pelo aplicativo por
investigados por tráfico de drogas e crime organizado.
A decisão de suspender o funcionamento do aplicativo de comunicação
em todo o território nacional foi duramente criticada. O presidente da
Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, Marcos da Costa, afirmou em artigo na ConJur que as autoridades brasileiras "parecem ter imensas dificuldades em compreender a importância da tecnologia nas nossas vidas".
Advogados também apontaram autoritarismo na decisão. O criminalista Fernando Augusto Fernandes, por exemplo, afirma que a medida prejudica usuários
do aplicativo e o ambiente de negócios do país. "Nenhum juiz tem o
poder de impedir a comunicação de milhares de pessoas que não estão
sob sua jurisdição, já que não somos réus no processo que preside."
App liberado
Na tarde desta terça-feira (3/5), acolhendo pedido de reconsideração do
WhatsApp, o desembargador Ricardo Múcio Santana de Abreu Lima, do
Tribunal de Justiça de Sergipe, liberou novamente o uso do aplicativo.
A
decisão não foi divulgada, pois o processo corre em sigilo.
Lima revogou entendimento do desembargador Cezário Siqueira Neto, que
havia negado o recurso apresentado pelo Facebook, dono do Whatsapp, para
liberar o aplicativo. A liberação do serviço depende agora das
operadoras de telefonia, que devem ser notificadas da decisão.
http://www.conjur.com.br/2016-mai-03/cnj-abre-investigacao-conduta-juiz-bloqueou-whatsapp
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