quarta-feira, 6 de novembro de 2013

BNDES coloca pé no freio em 2014, mas grande empresa poderá contar com bancos privados


Banco de fomento deve conceder menos crédito no ano que vem, mas especialistas acreditam que grandes empresas terão demanda atendida por instituições financeiras privadas e mercado de capitais

Por Ana Paula RIBEIRO

 A intenção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de tirar o pé do freio em 2014 não deve causar problemas a grandes empresas. A avaliação de especialistas é que os conglomerados de maior porte terão facilidade em encontrar outras fontes de acesso ao crédito, como as instituições privadas e o mercado de capitais. "As grandes empresas devem encontrar  espaço no sistema bancário privado. Possuem bons ratings (avaliação de  risco) e devem ser atendidas", avalia o economista João Augusto Salles, da Lopes & Filho Consultoria.

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, espera que o BNDES reduza as concessões de crédito em 2014
 
O BNDES deve terminar o ano com concessões em torno de R$ 190 bilhões. Se o valor se confirmar, se um crescimento de quase 22% em relação a 2012. No entanto, para o ano que vem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já avisou que o ideal é que esses desembolsos fiquem entre R$ 150 bilhões e R$ 155 bilhões, evitando, assim, necessidade constante de aportes por parte do Tesouro Nacional. A ideia é concentrar os esforços do banco de fomento no financiamento a obras de infraestrutura, que por serem de longo prazo não atraem as instituições financeiras privadas. 
 
Salles lembra que é natural que os créditos de longo prazo para obras de infraestrutura necessárias a um País fiquem concentradas em bancos de fomento. O grau dessa concentração é maior ou menor de acordo com o momento. O comportamento expansivo do BNDES nos últimos anos, similar ao do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, fez com que as instituições públicas se tornassem responsáveis por mais da metade do crédito no país - em 2008, essa participação era pouco superior a 30%. 
 
Mas a participação dos bancos privados deve limitar-se ao crédito para grandes empresas. A avaliação é que esse grupo de instituições financeiras ainda não possui condições em ter uma participação maior no crédito de longo prazo, ou seja, financiar a infraestrutura. O professor Ricardo Almeida, do Insper, lembra que esses bancos captam recursos de curto prazo. "Se elevarem muito a participação na concessão de empréstimos de longo prazo, haverá um descasamento entre ativos e passivos", diz. A saída, nesse caso, seria desenvolver o mercado de capitais no país.  
 
Um dos instrumentos criados pelo governo para facilitar a captação de longo prazo por parte dos bancos foi a letra financeira, que começou a ser emitida em 2010. Atualmente, o estoque desses papéis é de R$ 287,2 bilhões, cerca de 15% do total de depósitos (à vista, de poupança, CDBs, letras financeiras, entre outros) das instituições financeiras no país. 

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