RIO - A
parcela dos que nunca frequentaram a escola é quase o dobro em favelas
na cidade do Rio de Janeiro comparada a outras localidades urbanas,
segundo dados do “Censo Demográfico 2010 – Informações Territoriais:
Aglomerados Subnormais”, divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa mostra que o Rio de Janeiro não é a única cidade a
registar esse perfil de baixa escolaridade nas favelas. As comunidades
de São Paulo, Brasília e Salvador também apresentaram percentual
superior de pessoas fora da escola em relação às localidades denominadas
"do asfalto", ou seja, áreas urbanizadas fora das favelas.
Sem formação
No Rio de Janeiro, o IBGE contabilizou população residente de cerca
de 6,32 milhões de pessoas. Desse total, em torno de 1,4 milhão moram em
comunidades e 4,92 milhões em localidades no asfalto.
Nas comunidades do Rio, 8,8% dos residentes nunca frequentaram a
escola, quase o dobro da parcela de pessoas sem escolaridade entre os
residentes em áreas fora de favelas, que atingiu 4,7%.
Perfil similar foi registrado nas cidades de São Paulo, Brasília e
Salvador, segundo o IBGE. Com população residente de 11,2 milhões, São
Paulo tinha em torno de 1,285 milhão de pessoas vivendo em favelas e
9,967 milhões em localidades do asfalto. O percentual dos que nunca
frequentaram escola foi de 9,7% no total residente nas favelas
paulistanas. Em outras localidades urbanas, que excluem as comunidades,
essa fatia era de 6,1%.
Em Brasília, na população residente de 2,5 milhões, 130,9 mil moravam
em comunidades e 2,43 milhões no asfalto. A fatia dos que nunca
frequentaram escola foi de 11,47% dos residentes da favela, contra 7,2%
em outras localidades urbanas.
Já Salvador, com 2,675 milhões de residentes, contava com 881.572 de
moradores de favelas e 1,79 milhão em localidades no asfalto. Em torno
de 7,5% dos residentes nas favelas nunca foram ao colégio, contra
parcela de 5,6% dos moradores em outras áreas urbanas na cidade.
Curso superior
O IBGE apurou ainda diferenças na presença de pessoas com curso
superior completo dentro e fora de favelas. O Censo contabilizou 3,22
milhões de domicílios nos chamados “aglomerados subnormais” no país,
termo técnico usado pela instituição para definir as comunidades, com um
total de 11,425 milhões de residentes em favelas.
Segundo o instituto, percentual de pessoas com diploma de faculdade
fora das favelas é quase dez vezes maior comparado ao de favelados com
formação equivalente. A pesquisa mostra que apenas 1,6% do total
de residentes em comunidades tinham superior completo. No universo
restante, de 178,647 milhões de pessoas, a parcela para esse mesmo
tópico era de 14,7%.
Por regiões, a menor parcela de pessoas com diploma universitário
dentro de favelas foi encontrada na região Sudeste (1,2%) e a maior, na
região Norte (2,8%).
O instituto lembrou que, segundo o Censo, o Sudeste conta com a maior
presença dos chamados “aglomerados subnormais” ou favelas, entre as
grandes regiões do país.
(Alessandra Saraiva e Elisa Soares | Valor)
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