RIO - Enquanto
a indústria perdeu espaço na economia brasileira, agropecuária e
serviços ganharam fatia maior no Produto Interno Bruto (PIB) entre 2010 e
2011. Na pesquisa “Contas Regionais”, divulgada nesta sexta-feira pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é possível
perceber que, enquanto a parcela da indústria total (que inclui
extrativa mineral, transformação, construção, produção, distribuição de
eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana) caiu de 28,1% para
27,5% entre 2010 e 2011, a fatia de agropecuária na economia subiu de
5,3% para 5,5%, enquanto que a de serviços aumentou de 66,6% para 67%.
No caso da agropecuária, o economista da Coordenação de Contas
Nacionais do IBGE, Frederico Cunha, observou que as novas fronteiras
agrícolas no país e a boa procura por commodities no período ajudaram a
impulsionar a economia nacional em 2011. "A agropecuária cresceu muito
devido à recuperação de preços dos principais produtos brasileiros, como
soja, cana, café, milho e algodão", afirmou.
O levantamento mostrou ainda que os Estados com maior presença da
agropecuária em suas economias estão fora do eixo Sul-Sudeste. Segundo
Cunha, aqueles com a maior fatia da atividade agropecuária em seus
respectivos PIBs foram Mato Grosso (24,1%), Roraima (20,2%), Acre
(17,7%), Maranhão (17,5%), Tocantins (17,1%) e Mato Grosso do Sul (14%).
Já o avanço do setor de serviços na economia foi impulsionado pelo
bom desempenho do comércio entre 2010 e 2011, avaliou Cunha. De maneira
geral, o especialista observou que nos últimos dez anos, o segmento
varejista tem ganhado cada vez mais espaço no valor adicionado da
economia. De acordo com o economista, a fatia de comércio no valor
adicionado subiu de 12,5% para 12,6% entre 2010 e 2011, um avanço
modesto - mas o percentual é expressivo quando comparado com período
mais longo: em 2002, a parcela do comércio no PIB nacional era de 10,2%.
Quanto ao enfraquecimento da indústria na economia, sob a ótica das
Contas Regionais, o especialista afirmou que a perda de participação
ficou concentrada na indústria da transformação. A parcela da indústria
extrativa mineral no PIB nacional subiu de 3% para 4,1% entre 2010 e
2011 - sendo que, em 2002, essa fatia era de 1,6%.
"Houve uma recuperação no preço do minério de ferro em 2011", lembrou
o economista. A participação da indústria da construção, no PIB
nacional, também aumentou no mesmo período, de 5,7% para 5,8%.
São Paulo
Maior do Brasil, o parque industrial de São Paulo também perdeu peso
relativo seu enfraquecimento e reduziu a participação de São Paulo no
total do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2010 e 2011. As Contas
Regionais mostram que São Paulo teve fatia de 32,6% no PIB nacional em
2011, em comparação com a parcela de 33,1% observada em 2010.
O economista Frederico Cunha comentou que, sob a ótica das Contas
Regionais, a parcela da indústria da transformação no total do valor
adicionado da economia caiu de 16,2% para 14,6% entre 2010 e 2011 -
sendo que, em 2002, essa fatia era de 16,9%. "Foi a menor participação
da série iniciada em 2002 para a indústria da transformação", acrescentou.
São Paulo sentiu essa perda. O levantamento mostrou que a fatia de
São Paulo no total da indústria de transformação brasileira diminuiu de
42% para 41,8%. Em 2002, a parcela de São Paulo respondia por 43,5% no
total do país.
Outro aspecto que ajudou no recuo da parcela de São Paulo no total do
PIB do país foi o ganho de participação, na economia brasileira, dos
Estados produtores de commodities minerais. Rio de Janeiro é um desses
exemplos, citou Cunha, assinalando que a fatia desse estado, no total do
PIB, subiu de 10,8% para 11,2% entre 2010 e 2011. "Rio de Janeiro teve
um ganho porque foi beneficiado pelo desenvolvimento da indústria de
petróleo no período", afirmou o especialista.
(Alessandra Saraiva | Valor)
Nenhum comentário:
Postar um comentário