Por Lu Aiko Otta
Em meio a especulações sobre mudanças na política fiscal, após o
resultado surpreendentemente ruim das contas públicas em setembro, a
ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, afirmou ao jornal O
Estado de S. Paulo que não haverá alteração na política fiscal em 2014,
que "já está definida". E rejeitou ideias que tragam como resultado uma
"austeridade excessiva".
Pelo contrário, ela defendeu as medidas de
cortes de impostos adotadas pelo governo, mesmo considerando que
ajudaram a reduzir o resultado das contas públicas. "Adotamos uma
política de desoneração tributária para defender a indústria nacional
que foi importante, fez com que o Brasil não tivesse desemprego no
período de crise."
"A política fiscal é um instrumento
econômico dinâmico, não burocrático", disse. "Querer que o resultado
fiscal seja sempre igual não é inteligente, considerando que é preciso
dar resposta à crise." Na sua avaliação, o instrumental do governo tem
sido eficiente para manter as despesas sob controle. Ela disse que as
despesas com pessoal estão contidas e os gastos com custeio caíram de
0,9% do PIB para 0,8% do PIB. Além disso, a dívida líquida do governo
está em queda, disse.
O governo sofre críticas desde a
semana passada, quando divulgou o déficit recorde de R$ 9,04 bilhões em
setembro, o pior da história para o mês. No ano, a economia do governo
para pagamento de juros da dívida caiu quase à metade em relação a 2012 e
analistas questionam o controle sobre as despesas.
Crescimento
"Onde
está o descontrole?", questionou. Lembrada de que a receita vem tendo
desempenho abaixo do esperado e o déficit da Previdência tem sido maior
do que o projetado, ela disse que esse dados estão relacionados a um
crescimento mais baixo, em que a política fiscal diminui os efeitos
negativos sobre a economia.
Segundo Gleisi, a Lei de
Diretrizes Orçamentárias e o projeto de Lei Orçamentária Anual definem
que a meta das contas públicas em 2014 é um superávit primário
equivalente a 3,1% do PIB, com a possibilidade de abatimento de até R$
67 bilhões, dos quais o governo pretende usar R$ 58 bilhões. Abatendo os
R$ 58 bilhões, o primário chegaria a 2% do PIB. "Isso é cristalino e
ninguém será pego de surpresa." Ela defendeu uma condução da política
fiscal na linha do que vêm fazendo o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.
Gleisi
afastou-se da proposta do ex-secretário executivo da Fazenda Nelson
Barbosa, de um sistema de bandas de resultado primário. Pela proposta, o
governo miraria o resultado das contas públicas numa banda entre 1,5%
do PIB e 2,5% do PIB, e adotaria um conjunto de medidas para controlar o
crescimento das despesas. Mantega e Augustin dizem que o governo já
pratica um sistema de bandas. "Defendo a política fiscal atual", afirmou
Gleisi. "Não estou me opondo ao ministro ou ao Ministério da Fazenda
"
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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