GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA
IGOR GIELOW
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
IGOR GIELOW
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto as Forças Armadas reclamam publicamente da falta de verbas para
atividades cotidianas, dois projetos militares recebem os maiores
investimentos do governo Dilma Rousseff neste ano.
Juntos, o Prosub, para o desenvolvimento de submarinos, e o KC-390, um
avião de transporte e reabastecimento aéreo encomendado à Embraer,
obtiveram R$ 2,5 bilhões do Tesouro Nacional até outubro, segundo
levantamento feito pela Folha.
Os montantes destinados a cada uma das iniciativas superam os
desembolsos com as principais obras de infraestrutura tocadas pelo
governo, casos das ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste e da transposição
do rio São Francisco.
Os dois projetos militares foram incluídos este ano no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento), que reúne os investimentos considerados
prioritários e livres de bloqueios de despesas.
KC-390 da Embraer
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Ilustrações
artísticas do KC-390 da Embraer, que servirá para transporte tático e
reabastecimento aéreo. Inicialmente uma adaptação do modelo civil, foi
redesenhado com ajuda da FAB, que se comprometeu a comprar 28 unidades
em acordo assinado em 2009
Se não chega a emular a famosa frase do líder paquistanês Zulfiqar Ali
Bhutto de que "mesmo que tenhamos de comer grama, faremos a bomba
atômica", a situação indica o privilégio aos dois projetos considerados
mais estratégicos para o país.
Graças ao impulso da Defesa, a área econômica evitou um fiasco maior no
desempenho dos investimentos do Tesouro Nacional no ano, de R$ 46,5
bilhões de janeiro a setembro, segundo os dados oficiais mais
atualizados.
Essa modalidade de gasto, que reúne a construção civil e a compra de
equipamentos, acumulou alta de apenas 2,9%, abaixo da inflação, enquanto
as despesas totais do governo cresceram 13,5%.
Editoria de Arte/Folhapress |
No mesmo período, a Defesa investiu R$ 6,5 bilhões, uma expansão de 32%.
Entre os ministérios que mais investem, a taxa só é superada pela
Integração Nacional.
O número contrasta, contudo, com a queixa dos militares. Os comandantes
das três Forças estiveram na semana retrasada no Congresso Nacional para
reclamar R$ 7,5 bilhões a mais no Orçamento da União de 2014,
mencionando situações como o fato de que 346 das 624 aeronaves da Força
Aérea estão no chão por falta de manutenção e de combustível.
O problema passa pelo fato de que o pagamento de pessoal, inclusive
pensionista, come cerca de 70% do orçamento militar, previsto para R$
72,9 bilhões no ano que vem. O gasto atual no setor está em 1,5% do
Produto Interno Bruto, e a Defesa sugere que deveria ser de 2%.
TECNOLOGIA FRANCESA
Segundo a Defesa, além disso, tanto o Prosub quanto o KC-390 estão
coincidentemente em momentos de maior desembolso --a construção de
submarinos tem previsão orçamentária até 2024, por exemplo.
O Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos) prevê, com
tecnologia francesa, construir base, estaleiro, quatro submarinos
convencionais e um de propulsão nuclear até a próxima década.
Essa capacidade hoje só é detida pelos cinco membros permanentes do
Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido
e França). Base e estaleiro estão sendo feitos no Rio de Janeiro, e o
primeiro submarino já está em construção.
O segundo projeto, iniciado também em 2009, visa colocar no ar o
primeiro protótipo do maior avião brasileiro no ano que vem. As peças já
estão sendo produzidas.
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