Atualizado em 1 de março, 2014 - 21:10 (Brasília) 00:10 GMT
A presidente argentina Cristina
Kirchner disse, neste sábado, que a Venezuela está sendo alvo de "um
golpe suave". Sua declaração foi feita durante discurso de quase três
horas que marcou a abertura do ano legislativo no Congresso Nacional, em
Buenos Aires.
"Não posso deixar de falar sobre um tema vital
para a região: a tentativa de um golpe suave contra a República
Bolivariana da Venezuela", afirmou em rede nacional de rádio e de
televisão.
Cristina disse ainda que não estava
defendendo o presidente Nicolás Maduro, mas a democracia no país. "Não
venho defender o presidente Maduro, venho defender o sistema democrático
de um país, como fizemos com a Bolívia, o Equador e como faremos com
qualquer país da região, seja de esquerda, de direita, do meio ou do
fundo."
"Democracia é respeitar a vontade do povo e ela está diretamente vinculada à paz e à vida", afirmou.
Ela citou os colegas do Chile, Sebastián Piñera,
que conclui o mandato neste mês de março, e o presidente da Colômbia,
Juan Manuel Santos, que disputará a reeleição presidencial este ano,
para dizer que apesar das diferenças ideológicas os "defenderá".
As palavras da presidente foram ditas dois dias
depois que o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elias Jaua,
esteve na capital argentina, onde se reuniu com ela e com o colega
argentino Hector Timerman.
A visita fez parte da viagem de Jaua pelos
países da região, onde falou sobre a situação política e social em seu
país e pediu o apoio político das autoridades da América do Sul. Além da
Argentina, ele esteve no Paraguai, no Uruguai, no Brasil, entre outros.
Recentemente, o Mercosul e a Unasul fizeram
pronunciamentos manifestando apoio à estabilidade no país presidido por
Maduro, onde estima-se que dezoito pessoas teriam morrido nos dias de
agitação.
"Algumas das mortes aconteceram por motivos
completamente diferentes e longe dos protestos mas até isso a oposição
fez, contabilizou as mortes (como sendo dos dias de conflito)", disse
Jaua em entrevista ao lado de Timerman em Buenos Aires.
'Alfinetada' no Brasil
Em seu discurso, Cristina também citou o Brasil,
sugerindo uma crítica às práticas econômicas do país. "O Brasil é o
país mais protecionista do mundo, segundo um levantamento da própria
Organização Mundial de Comércio", disse.
Ela se referia a um levantamento da OMC
divulgado em fevereiro sobre os países que mais aplicam medidas contra o
dumping, prática comercial que consiste em empresas de um país tentarem
eliminar a concorrência a seus produtos e serviços em outro.
A declaração acontece um dia depois que os
ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Economia, Axel Kicillof,
reuniram-se em São Paulo em meio a reclamações de setores empresariais
brasileiros, como o de calçados e a indústria têxtil, contra as
barreiras comerciais argentinas.
"Depois dizem que somos malvados, que não
deixamos importar... saibam, argentinos, que estamos em quarto lugar
entre os países que mais protegem sua industria e seus postos de
trabalho", afirmou a presidente.
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