São Paulo – O Brasil é hoje
visto pelos investidores como um grande supermercado, com gôndolas
repletas de ativos de empresas em promoção.
Essa foi uma das conclusões das palestras do evento promovido hoje pelo Fitch Ratings, no hotel Renaissance, na capital de São Paulo.
O
encontro reuniu alguns dos principais analistas de bancos de
investimentos dos países, bem como empresários e fundos de private
equity.
Além da venda de ativos e
consequente deterioração dos preços praticados no mercado, os números
apresentados deixaram claro o esforço das empresas em se manterem
competitivas.
“Cerca de 40%
do que as companhias geram de ebtida são hoje consumidas por juros”,
afirma Ricardo Carvalho, diretor sênior do Grupo Global de Finanças
Corporativas da Fitch Ratings.
O
consumo de juros ainda deve ser ainda maior, prevê Carvalho, já que a
maioria dos negócios teve de refinanciar suas dívidas a juros ainda
maiores.
Com isso, a agência
não espera grandes alterações em fluxos de caixas das corporações do
país e acredita que a maioria deve atingir olimite de potencial de
crescimento ainda neste ano.
“O
legado da crise é um recorde de rebaixamento das companhias, que deve
continuar porque a maioria está com perspectiva negativa para o futuro”,
diz Carvalho.
Impeachment resolve?
De acordo com o diretor sênior do Fitch, a decisão de um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff por si só não resolveria a situação.
A melhora só seria possível com a aprovação de reformas e retorno de crescimento para cima de 2% do PIB, o que deve levar tempo.
“Para
2017, a bola de cristal está ainda mais turva”, afirmou ele. “Talvez
até o final do ano tenhamos como retomar crescimento em linha de crédito
e mercado de capitais”.
Entre
os setores cobertos pela agência, todos contam com preocupações em
relação a fluxo de caixa e venda de ativos como forma de alavancagem.
Desafios setoriais
De acordo com Mauro Storino, diretor sênior da área de óleo e gás, a Petrobras segue como uma empresa de estrutura de capital alavancada, quando analisada de forma individual.
“Mas
essa deformidade nos preços dos ativos é uma grande preocupação, já que
a alavancagem da companhia está baseada nisso”, afirmou ele.
No
setor de construção pesada, bastante afetado pelas investigações da
Operação Lava Jato, a assinatura de acordos de leniência, como fez Andrade Gutierrez (acordo de R$ 1 bilhão) e Camargo Corrêa (R$ 700 milhões), são essenciais, mas não suficientes.
“Os
acordos não mudam a percepção do mercado de que os desafios do setor
são bem maiores”, afirmou Alexandre Garcia, analista sênior de
construção pesada.
Os
desafios econômicos estão tanto com os contratos internacionais com
países em crise, como Angola e Venezuela, como com o consumo de blacklog
para projetos no Brasil.
No
varejo, um setor muito calcado em consumo e crédito, áreas de
eletrônicos e vestuário sofrem bem mais que a de farmácia e alimentos.
A
perspectiva não é de melhora rápida, mas o fato é que as varejistas
estão conseguindo proteger seus caixas com ações de cortes de custos e
investimentos menores.
“Os
atacadistas também têm margem menor e são menos flexíveis, por isso o
caixa estará mais pressionado neste período de crise”, afirma Gisele
Paolino, diretora de varejo na Fitch.
Em construção residencial, o destaque positivo entre as empresas cobertas pela agência ficou para MRV e Cyrela.
Ao
contrário das concorrentes, as duas estão bem preparadas para mitigar o
risco tem uma menor geração de caixa operacional nestes tempos em que distratos fazem parte do negócio.
http://www.msn.com/pt-br/dinheiro/economia-e-negocios/brasil-virou-um-supermercado-cheio-de-empresas-em-promo%C3%A7%C3%A3o/ar-BBsElJW?li=AAggNbi&ocid=mailsignoutmd
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