quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Dilma diz que iria aos EUA, se Obama pedisse desculpas

  • Presidente, no entanto, minimizou o episódio ao dizer que as relações comerciais e diplomáticas com o país não foram interrompidas
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PORTO ALEGRE - A presidente Dilma Rousseff explicou, nesta quarta-feira, que o presidente norte-americano Barack Obama precisa pedir desculpas pelo episódio de espionagem da Agência Nacional de Segurança para que seja remarcada a viagem presidencial que seria realizada em outubro. O encontro foi adiado após as denúncias.

- Eu iria viajar. A discussão que derivou dessas denúncias nos levou à seguinte proposta para os Estados Unidos: só tem um jeito de a gente resolver esse problema. Se desculpar pelo que aconteceu e dizer que não vai acontecer mais. Mas não foi possível chegar a esse termo - disse a presidente, durante entrevista a jornalistas do grupo RBS, no Palácio da Alvorada.

Dilma, entretanto, minimizou o episódio ao dizer que as relações comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos não foram interrompidas.

- Não há interrupção de nenhum nível das relações tradicionais entre o Brasil e os Estados Unidos. Agora, não é possível que entre países amigos, com relações estratégicas, não se leve em consideração o fato de que não é possível espionar a presidente, assim como a primeira-ministra. Não é adequado - reforçou.

A presidente também defendeu a atuação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no episódio das escutas telefônicas de diplomatas de Rússia, Iraque e Irã, em 2003 e 2004. Segundo Dilma, “não dá para comparar (com as denúncias de violação de privacidade praticada pela agência de segurança dos Estados Unidos) porque foi uma ação de contraespionagem”.

Dilma disse que havia indícios de interferência diplomática em relações comerciais do país e que a ação da Abin “foi preventiva”.

- Não foi violada a privacidade de ninguém, o que houve foi um acompanhamento de determinadas atividades autorizada pela legislação. Ninguém cometeu ilegalidade alguma, até porque se cometesse seríamos obrigados a afastar as pessoas envolvidas. No outro caso (da agência americana), é um aparato tanto de violação de privacidade quanto da soberania dos países - conclui.

A presidente também falou sobre infraestrutura. Ela disse que o país começou a recuperar o atraso nos investimentos públicos apenas em 2007, com a criação do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ela, durante 30 anos o país experimentou uma hipertrofia da fiscalização e uma redução da execução.

“Quando cheguei ao Ministério das Minas e Energia tinha três engenheiros e 25 motoristas. Outros ministérios não tinham estrutura de engenharia, até porque eles haviam sumido do mercado. Eram aproveitados nas tesourarias dos bancos, porque não tinha obra no país. Então, havia dificuldade para contratar projetos de obras físicas, e até ambientais, porque faltavam projetos. Houve esse processo”, disse na entrevista, gravada pela manhã na biblioteca do Palácio da Alvorada.

Dilma disse que o governo “está correndo atrás da máquina” e afirmou que há pressa para concretizar investimentos em infraestrutura porque o país “tem carências grandes”. Segundo ela, algumas áreas são mais fáceis de administrar os investimentos porque há marcos legais e regras estáveis. A presidente citou os setores de energia elétrica e petróleo, como segmentos que são bem administrados pelo governo.

“Petróleo e gás tem regras. E regras internacionais. O modelo de partilha, nós não inventamos. É um modelo usado no mundo todo em áreas onde há muito petróleo e baixo risco. O sistema de concessão a mesma coisa: usa-se onde há pouco petróleo e muito risco”, disse.

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