- Presidente, no entanto, minimizou o episódio ao dizer que as relações comerciais e diplomáticas com o país não foram interrompidas
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PORTO ALEGRE - A presidente Dilma Rousseff explicou, nesta
quarta-feira, que o presidente norte-americano Barack Obama precisa
pedir desculpas pelo episódio de espionagem da Agência Nacional de
Segurança para que seja remarcada a viagem presidencial que seria
realizada em outubro. O encontro foi adiado após as denúncias.
-
Eu iria viajar. A discussão que derivou dessas denúncias nos levou à
seguinte proposta para os Estados Unidos: só tem um jeito de a gente
resolver esse problema. Se desculpar pelo que aconteceu e dizer que não
vai acontecer mais. Mas não foi possível chegar a esse termo - disse a
presidente, durante entrevista a jornalistas do grupo RBS, no Palácio da
Alvorada.
Dilma, entretanto, minimizou o episódio ao dizer que as
relações comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos não foram
interrompidas.
- Não há interrupção de nenhum nível das relações
tradicionais entre o Brasil e os Estados Unidos. Agora, não é possível
que entre países amigos, com relações estratégicas, não se leve em
consideração o fato de que não é possível espionar a presidente, assim
como a primeira-ministra. Não é adequado - reforçou.
A
presidente também defendeu a atuação da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) no episódio das escutas telefônicas de diplomatas de
Rússia, Iraque e Irã, em 2003 e 2004. Segundo Dilma, “não dá para
comparar (com as denúncias de violação de privacidade praticada pela
agência de segurança dos Estados Unidos) porque foi uma ação de
contraespionagem”.
Dilma disse que havia indícios de interferência
diplomática em relações comerciais do país e que a ação da Abin “foi
preventiva”.
- Não foi violada a privacidade de ninguém, o que
houve foi um acompanhamento de determinadas atividades autorizada pela
legislação. Ninguém cometeu ilegalidade alguma, até porque se cometesse
seríamos obrigados a afastar as pessoas envolvidas. No outro caso (da
agência americana), é um aparato tanto de violação de privacidade quanto
da soberania dos países - conclui.
A presidente também falou
sobre infraestrutura. Ela disse que o país começou a recuperar o atraso
nos investimentos públicos apenas em 2007, com a criação do Plano de
Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ela, durante 30 anos o país
experimentou uma hipertrofia da fiscalização e uma redução da execução.
“Quando
cheguei ao Ministério das Minas e Energia tinha três engenheiros e 25
motoristas. Outros ministérios não tinham estrutura de engenharia, até
porque eles haviam sumido do mercado. Eram aproveitados nas tesourarias
dos bancos, porque não tinha obra no país. Então, havia dificuldade para
contratar projetos de obras físicas, e até ambientais, porque faltavam
projetos. Houve esse processo”, disse na entrevista, gravada pela manhã
na biblioteca do Palácio da Alvorada.
Dilma disse que o governo
“está correndo atrás da máquina” e afirmou que há pressa para
concretizar investimentos em infraestrutura porque o país “tem carências
grandes”. Segundo ela, algumas áreas são mais fáceis de administrar os
investimentos porque há marcos legais e regras estáveis. A presidente
citou os setores de energia elétrica e petróleo, como segmentos que são
bem administrados pelo governo.
“Petróleo e gás tem regras. E
regras internacionais. O modelo de partilha, nós não inventamos. É um
modelo usado no mundo todo em áreas onde há muito petróleo e baixo
risco. O sistema de concessão a mesma coisa: usa-se onde há pouco
petróleo e muito risco”, disse.
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