- Para bancar investimentos fortes nos próximos anos e não deixar o país refém de importações de gasolina e diesel, a Petrobras precisa de parceiros privados
Adriano pires
Com a chegada do PT ao governo em 2003, foi iniciado um desordenado
processo de intervenção nos preços da gasolina e do diesel, que deixaram
a Petrobras na pior situação econômica e financeira da sua história.
Agora, para solucionar o problema de caixa da empresa, que terá de
realizar investimentos gigantescos nos próximos anos, volta-se ao
passado, trazendo novamente a utilização de uma fórmula para alinhamento
dos preços domésticos dos combustíveis aos preços internacionais.
Segundo o fato relevante divulgado pela Petrobras, a introdução de uma
fórmula de precificação do diesel e da gasolina tem o objetivo de dar
maior previsibilidade à geração de caixa e reduzir os índices de
alavancagem da empresa.
Uma fórmula paramétrica já havia sido
adotada em 1998, regulamentando o artigo 69 da lei nº 9.478/1997, que
abriu o mercado de petróleo. O artigo nº 69 dizia que, durante um
período de transição, os preços do petróleo, gás natural e seus
derivados seriam fixados por uma portaria interministerial do Ministério
da Fazenda e de Minas e Energia.
A fórmula definida para regulamentar
este artigo determinava que, em todo início do mês, se olhava para os
três meses anteriores e se calculava a média móvel da variação dos
preços no mercado internacional, seguidamente convertidos em reais pela
taxa de câmbio. Dessa forma, os derivados, como a gasolina, eram
reajustados todos os meses para baixo ou para cima. Em 31 de dezembro de
2001, com a criação da Cide, o artigo 69 foi revogado e os preços dos
derivados nas refinarias passaram a ser totalmente livres, com o
objetivo de atrair investidores privados para o refino.
Segundo a
Petrobras, a nova metodologia contemplará um “reajuste automático do
preço do diesel e da gasolina em periodicidade a ser definida, com base
em variáveis como o preço de referência dos derivados no mercado
internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do
derivado vendido”. Sob a ótica do governo faz sentido diferenciar
derivado produzido x importado. Estão limitando o buraco das importações
e dando algum chão para a produção local.
O fato de ponderar pela
origem do derivado mostra que a empresa tem o objetivo de estancar as
perdas efetivas com a importação de combustível. As perdas por vender
combustível produzido nacionalmente abaixo do mercado internacional
poderão ser absorvidas pela empresa. A conferir. Ou seja, aparentemente a
Petrobras vai adotar uma média móvel.
O número de períodos dessa média
móvel também representa uma difícil escolha. Quanto maior o número de
períodos, menor a volatilidade nos preços domésticos, mas também é maior
o descolamento dos preços internacionais. A um ano das eleições existe
uma tendência de adotar um período maior, talvez de 12 meses. Essas
novidades deixam o ambiente melhor do que estava, mas longe do ideal.
Para
bancar investimentos fortes nos próximos anos e não deixar o país refém
de importações de gasolina e diesel, a Petrobras precisa de parceiros
privados para novas refinarias. A adoção de uma fórmula não resolve a
questão de atração de investimentos privados para o setor de refino.
Somente um mercado livre e com a correta sinalização de preços
contribuirá para investimentos privados, tirando da Petrobras o peso de
carregar o refino no Brasil. A racionalidade das empresas privadas não
se encaixa nesse modelo de fórmula. O correto seria respeitar a lei
mantendo os preços livres nas refinarias e utilizar a política fiscal e
monetária para controlar a inflação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário