sábado, 9 de novembro de 2013

Na Unilever, eles fazem mais com menos


Sob a liderança da sul-africana Gail Klintworth, o plano de sustentabilidade da Unilever gerou economia de 300 milhões em quatro anos e dobrou as vendas de produtos com viés ambiental

Flávia Furlan, de
Raul Junior/EXAME.com
Gail Klintworth, diretora global de sustentabilidade da Unilever

Gail Klintworth, diretora global de sustentabilidade da Unilever: a meta é criar um novo modelo de consumo

São Paulo - A cada dia, 170 milhões de produtos da Unilever são vendidos em 190 países. A cada hora, 83 milhões de pessoas usam algo das marcas que estão no portfólio da multinacional em todo o mundo. Mas para a empresa isso não é o bastante. A Unilever quer vender cada vez mais e, ao mesmo tempo, diminuir o impacto ambiental de seus produtos.

Por isso, em 2010, quando as empresas ainda entendiam a crise de dois anos antes, lançou um plano para dobrar de tamanho até 2020 e reduzir pela metade do impacto dos produtos. No ano passado, quem assumiu a liderança deste plano foi a sul-africana Gail Klintworth.

Em sua história de 25 anos na multinacional, ela passou pelas áreas de recursos humanos, vendas e marketing e chegou a ocupar a presidência executiva da operação da África do Sul entre 2007 e 2010. No ano passado, passou a líder de sustentabilidade. “Não queremos ser conhecidos por vender sabonete. Grande coisa!”, diz a executiva. “Quero criar um novo modelo de consumo.”

Desde que o plano foi lançado, a Unilever viu suas vendas crescerem 16%, para 51,3 bilhões de euros em todo o mundo. Economizou 300 milhões de euros com as medidas de sustentabilidade. E não espantou os investidores por pensar no longo prazo – deixando de lado até a divulgação de expectativas de resultados. Suas ações valorizaram mais de 20% em dois anos nas três bolsas: Londres, Nova York e Amsterdã.

EXAME - Qual foi o contexto para a Unilever lançar o plano de sustentabilidade? 

Gail Klintworth - Temos 7 bilhões de pessoas no mundo e que usam os recursos para abastecer um planeta e meio. Em 2050, seremos 9 bilhões de pessoas. Muitas delas vão estar na classe média, como no Brasil, vão consumir muito mais e começarão a usar os recursos de três planetas. Então, para as empresas e as pessoas, tornar-se sustentável é agora imperativo.

Na Unilever, temos uma longa história de pensar sobre sustentabilidade. Formalizamos isso em 2010, com um plano com metas para serem alcançadas até 2020. Se olharmos agora, cerca de 60% do nosso faturamento global já vem dos mercados emergentes, como China, Índia e, claro, Brasil.

Só que o ambiente em que as pessoas nesses países vivem está mais exposto a questões como falta de água e de energia e, para continuar a crescer, temos de resolver isso.

EXAME - Qual o objetivo do plano de sustentabilidade da Unilever? 

Gail Klintworth - Queremos dobrar o negócio e, ao mesmo tempo, reduzir à metade o impacto ambiental dos nossos produtos até 2020 - não apenas mudando o que fazemos dentro das fábricas, mas mudando o que os consumidores fazem em suas casas.

Se olharmos para os últimos 30 anos e todo o crescimento econômico no mundo, veremos que é fantástico que muitas pessoas saíram da pobreza e que mais pessoas estão vivendo melhor.  No entanto, houve um forte impacto em emissão de gás e em poluição de água. Como resultado, as empresas têm de proteger suas matérias-primas e ajudar as pessoas a se tornarem mais sustentáveis. 

EXAME - Quais os resultados que já foram alcançados?

Gail Klintworth - Temos a meta de reduzir emissões de carbono, consumo de água e desperdício nas fábricas. Isso tem ido além das expectativas. Tome como exemplo o Brasil: quatro das nove fábricas já zeraram o envio de resíduos para aterros sanitários, ao valorizar métodos mais adequados como reciclagem e compostagem.

Globalmente, metade das 252 manufaturas está na mesma situação. Em 2015, queremos todas elas sem envio de resíduo sólido para aterros. Além disso, no ano passado, reduzimos a emissão de gases do efeito estufa nas fábricas em um terço no mundo. Fizemos ainda um compromisso de usar 100% de matérias-primas sustentáveis até 2020.

Em 2012, foram 36%. Para este ano, espero o mínimo de 40%. Em relação ao compromisso de fazer com que 1 bilhão de pessoas melhorem sua saúde e bem-estar, o que inclui, por exemplo, ensiná-las a lavar as mãos para evitar doenças e prover o acesso à água limpa, atingimos 224 milhões de pessoas no mundo. 

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