Mark Wilson/AFP
Notas de dólar: apesar do bom humor, os investidores vão continuar atentos ao Banco Central
Flavia Bohone, da REUTERS
São Paulo - O dólar
caiu mais de 1,5 por cento nesta terça-feira, voltando a se aproximar
de 3,45 reais, com investidores de olho no cenário político com a
proximidade da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, que pode culminar em seu afastamento temporário.
Apesar do bom humor, os investidores vão continuar atentos ao Banco
Central, que ficou de fora do mercado de câmbio nesta sessão, mas pode
voltar a qualquer momento. Para muitos, o BC não gosta do dólar abaixo
de 3,50 reais porque atrapalha as exportações e, assim, as contas
externas do país.
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O dólar recuou 1,65 por cento, a 3,4666 reais na venda, perto da mínima
do dia, a 3,4633 reais. O dólar futuro caía cerca de 1,4 por cento no
fim da tarde.
"Nesses níveis (do dólar), já chama o BC para o swap (reverso)... Então
existe essa possibilidade (de acontecer nos próximos dias)", disse o
economista da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti.
O cenário político continuou ditando o ritmo do mercado de câmbio, com
os investidores mais otimistas com a provável saída da presidente Dilma,
a quem culpam pela atual situação econômica do país.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já confirmou que
colocará em votação na quarta-feira o pedido de abertura do processo de
impeachment que, se aceito, levará o vice Michel Temer a assumir o
posto.
Temer já disse que Henrique Meirelles, ex-presidente do BC, será seu ministro da Fazenda, o que tem agradado os mercados.
Na sessão anterior, o dólar chegou a subir quase 5 por cento na máxima
do dia após o presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Waldir
Maranhão (PP-MA), suspender a votação do impeachment na Casa. A alta
perdeu força, no entanto, conforme o processo foi mantido no Senado.
À noite, o próprio deputado revogou sua decisão de anular a sessão de votação que aprovou o impedimento.
O mercado seguiu atento ainda ao BC, que não realizou leilão de swap
cambial reverso, equivalente a compra futura de dólares pela quinta
sessão seguida. E, com a moeda norte-americana abaixo de 3,50 reais,
acreditam que a autoridade monetária pode fazer um movimento a qualquer
momento.
A cena externa também ajudou na queda do dólar desta sessão, recuando a
outras divisas de países emergentes, como o peso mexicano. A alta do
petróleo também ajudou.
"O bom humor político foi ajudado pelo cenário internacional", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.
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