segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Com "menino prodígio" no comando, Ambev México se destaca




Kirt Edblom / Flickr Commons
 
Cerveja Corona
No comando da Ambev mexicana: o menino prodígio do Rio - agora com 39 anos - preside a subsidiária mexicana da AB InBev, a maior fabricante de cervejas do mundo
São Paulo - "Esse garoto é um fenômeno", anunciava Silvio Santos, em seu programa de auditório, num domingo de 1984. "É extraordinário. Nunca vi uma coisa igual."

A plateia recebeu o menino de dez anos com aplausos e silenciou para ver do que ele era capaz. Com a cabeça baixa, apertando os olhos para se concentrar, Ricardo Tadeu Soares ouviu o apresentador: "387 mais 429 mais 926..." Antes de Silvio Santos concluir a pergunta, o menino veio com a resposta certeira: "1.742". Estava comprovado: ele conseguia ser mais rápido que uma calculadora.

Nos anos seguintes, provaria também ser mais precoce que qualquer outra criança de sua idade. Aos 12, quando ainda cursava a oitava série no Colégio Santo Agostinho, no Rio, passou no vestibular e começou a estudar Direito, com aval da Justiça.
Frequentava a escola pela manhã e, à noite, a Faculdade Cândido Mendes. Formado aos 16 anos, entrou para o Guinness Book, como o advogado mais jovem do mundo.

Os feitos de Ricardo Tadeu foram noticiados por todos os grandes jornais do país na época. Sua história chegou a ser contada em horário nobre na TV.

Hoje, ele não dá entrevistas com tanta facilidade. Aprendeu com os chefes Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, os fundadores da Ambev, a ser mais reservado. Teve tempo para isso, afinal já faz duas décadas que ele segue a cartilha do trio de bilionários.

Seu desempenho na companhia, conhecida por ter uma forte cultura de premiar quem dá resultados, levou Ricardo Tadeu a seu primeiro cargo de comando dois anos atrás.

Desde junho de 2013, o menino prodígio do Rio - agora com 39 anos e quatro filhos - preside a subsidiária mexicana da AB InBev, a maior fabricante de cervejas do mundo.

No primeiro semestre deste ano, os números o colocaram mais novamente em destaque. Pela primeira vez, o Grupo Modelo, dono da marca Corona, superou a brasileira Ambev em rentabilidade.

A margem Ebtida, indicador que mostra o quanto a operação da empresa é eficiente, foi de 50,6% na subsidiária do México e de 49,8% na do Brasil.

"A diferença é de menos de um ponto porcentual e pode mudar ao longo do ano, já que os meses de verão, os mais fortes para a Ambev, ainda estão por vir", ameniza Soares, para não se indispor com sua antiga casa.

Mas é um resultado inédito (uma vez que a operação brasileira é historicamente a mais rentável do grupo no mundo) e simbólico (porque pode ser visto como reflexo do trabalho que Soares vem realizando nos últimos dois anos por lá).

Os dois mercados são muito parecidos, embora o brasileiro seja o dobro do mexicano em vendas. No último semestre, ambos viram a receita cair 16% - uma tendência que marcou também a operação global da AB InBev nos seis primeiros meses deste ano. O faturamento da companhia caiu 5,7% para US$ 21,5 bilhões, por causa das baixas temperaturas e da economia mais fraca em alguns mercados.
 

Desafios


A chegada de Soares ao México, em 2013, coincidiu com uma estagnação na venda de cervejas no país, que já começou a se recuperar. Líder entre os fabricantes de cervejas mexicanas, com 51% de participação, o Grupo Modelo registrou uma discreta perda de espaço para a rival Heineken no ano passado - uma diferença que não chegou a um ponto porcentual.

"A demanda foi maior que a esperada e tivemos um problema com falta de garrafas no verão", justificou o presidente. Para frente, embora as perspectivas sejam de aumento no consumo de cerveja pelos mexicanos, o futuro não deve ser menos desafiador.

"Por decisão dos órgãos regulatórios, as duas empresas tiveram de restringir em 20% seus contratos de exclusividade com clientes", diz Mark Strobel, analista de pesquisa da Euromonitor. Essa situação, segundo ele, tem impulsionado o avanço das bebidas artesanais e premium.

Em meio a esse cenário que estava longe de ser confortável, o carioca tinha uma equação truncada para resolver, cujos números carregavam muito mais zeros do que os que Silvio Santos lhe ditava no programa de auditório. Soares tem até 2017 para cumprir a meta de cortar US$ 1 bilhão em custos na operação do Grupo Modelo. Até agora, já eliminou US$ 770 milhões.

Logo nas primeiras semanas de trabalho, deu jeito de se desfazer do clube Santos Laguno, um time mexicano que pertencia à fabricante de cervejas. "Ainda que eu seja fanático por futebol, não podia ter a responsabilidade de decidir quem seria o novo centro avante", disse Soares, torcedor do Fluminense e ex-diretor jurídico do time do Rio.

Nos meses seguintes, 4 mil pessoas foram demitidas. A imprensa local diz que os contratos com fornecedores foram renegociados e os valores reduzidos em até 30%. Os caminhões que saíam para fazer entregas com 50% de ocupação, hoje saem com 80%.

E o consumo de água para a produção de um litro de cerveja caiu de 3,7 para 3,2 litros. "Sempre vendi o sonho do que podemos ser a melhor operação possível dentro da InBev", diz o executivo.

No início, muita gente não acreditou. Um estrangeiro, de trinta e poucos anos, que vestia camisa polo e calça jeans no escritório devia estar de brincadeira com uma meta dessas.

"Mais difícil do que fazer os ajustes, foi conquistar a confiança das pessoas", diz. Para os funcionários, a mudança foi mesmo radical. Soares assumiu o comando de uma empresa familiar fundada em 1925.

A InBev herdou 50% da companhia mexicana ao comprar a gigante americana Anheuser-Busch e comprou o restante em 2012, por US$ 20 bilhões.

Na ocasião, a empresa era presidida por um sobrinho-neto do fundador Don Pablo Díez Fernández, que sempre andou impecável pelos corredores e se relacionava pouco com a equipe.

"É compreensível que os mexicanos se assustem com ele. Nós, brasileiros também nos assustamos", diz um ex-executivo da Ambev que trabalhou diretamente com Soares na época em que ele era diretor de vendas da cervejaria.

"Além da pouca idade, ele tem uma inteligência fora do normal, raciocina muito rápido e, por isso, não tem muita paciência para esperar as coisas saírem do papel." Foi assim desde cedo, diz o advogado José Paulo de Soares, pai do menino superdotado.

"Ricardo aprendeu a ler com a irmã mais velha aos três anos de idade e escreveu um romance policial quando tinha apenas 9 anos", lembra cheio de orgulho.

Quando Jorge Paulo Lemann conheceu Ricardo Tadeu ele já era o advogado mais jovem do mundo. Foi o fundador do banco Garantia e da Ambev que lhe concedeu uma bolsa de estudos para fazer mestrado em Harvard.

Na volta dos EUA, Soares foi contratado pela fabricante de cervejas com a condição de não trabalhar na área jurídica, mas na comercial, para que pudesse transitar pelas diversas áreas da companhia. 

Vinte anos depois, Lemann conta com a ajuda de um "geninho" para engrossar seus bilhões.

KitKat trocará fornecedores para erradicar trabalho infantil




Reprodução
Kit Kat
Kit Kat: o setor de chocolate foi criticado durante anos porque os produtores compram cacau de fazendas que utilizam trabalho infantil
 
Corinne Gretler, da Bloomberg


A Nestlé SA disse que o KitKat será a primeira marca internacional de chocolate a fabricar todos os seus produtos com cacau de origem sustentável, em um momento em que o setor enfrenta acusações de trabalho infantil na oferta de matérias-primas.

Todas as barras de KitKat serão fabricadas com cacau autorizado por terceiros independentes até o primeiro trimestre de 2016, disse a companhia com sede em Vevey, na Suíça, em um comunicado nesta segunda-feira.

Isso inclui os chocolates fabricados nos EUA, que são produzidos pela Hershey Co., titular da licença.
O setor de chocolate foi criticado durante anos porque os produtores compram cacau de fazendas que utilizam trabalho infantil.

Visitas aleatórias a 200 fazendas na Costa do Marfim que fornecem para a Nestlé encontraram quatro crianças com menos de 15 anos trabalhando nas plantações de cacau, de acordo com um relatório da Fair Labor Association publicado no ano passado.

Desde 2012, a maior empresa de alimentos do mundo aceitou ser monitorada pela organização sem fins lucrativos para erradicar a prática.
 

Plano para erradicar o trabalho infantil


Em 2001, a Nestlé e outras grandes fabricantes de chocolate aderiram a um plano para acabar com o trabalho infantil nas fazendas da África Ocidental depois que Tom Harkin e Eliot Engel, parlamentares dos EUA, deram destaque à questão.

A medida para o Kitkat é parte da meta da Nestlé de suprir anualmente 150.000 toneladas de cacau produzido de forma sustentável até 2017.

A Nestlé começou a adotar o cacau da Fairtrade para produzir o KitKat no Reino Unido em 2010 e vem ampliando o uso de grãos certificados para o Canadá, a Austrália, a África do Sul e a Europa.

A Nestlé foi processada na semana passada por quatro consumidores devido a alegações de que seu alimento para gatos Fancy Feast contém peixe de um fornecedor tailandês que utiliza trabalho escravo.

A Nestlé disse que o trabalho forçado “não tem lugar na nossa cadeia de abastecimento”.

Força do vento vai mudar a energia no país


Divulgação
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Parque eólico em Trairi, no Ceará: até 2020, os ventos podem se tornar a segunda principal fonte da matriz brasileira
 
  
Até 2023, o consumo de energia elétrica no Brasil deve crescer 4,3% ao ano, mostra estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), baseada na tendência de consumo dos últimos anos. Entre 2001 e 2011, período que coincidiu com uma expansão no poder aquisitivo dos brasileiros, o consumo de energia cresceu, em média, 4,4% ao ano.

O aumento da demanda favorecerá investimentos em energia limpa. Segundo o estudo Energy Outlook, divulgado no primeiro semestre pela Bloomberg, o Brasil deve receber 300 bilhões de dólares em recursos na geração de energia elétrica até 2040. Quase um terço desse total deve financiar projetos de energia eólica.

No início de agosto, o governo federal lançou um plano que prevê investimentos da ordem de 186 bilhões de reais para geração e transmissão de energia elétrica. A primeira parte do plano, cujos recursos serão contratados por meio de leilões, prevê 80 bilhões de reais em aportes até 2018. Uma das prioridades é criar condições para o desenvolvimento de energias limpas.

Estima-se que 88% da produção energética do país venham de fontes renováveis. A maior parte desse potencial é ocupada pelas hidrelétricas, que respondem por mais de 60% da produção. “Fontes complementares de geração, como a eólica, devem ganhar importância na medida em que o Brasil precisará diversificar sua matriz energética para se proteger em períodos de seca”, diz Tomaz Nunes Cavalcante Neto, especialista em eficiência energética e professor da Universidade Federal do Ceará.

Atualmente, a força dos ventos é capaz de produzir 7 gigawatts de energia no Brasil. É mais que o dobro da capacidade instalada em 2012. Hoje há cerca de 280 parques eólicos espalhados por 11 estados do país, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

No primeiro semestre de 2015, a produção das eólicas mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Os estados líderes em produção são Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará.

De acordo com a ABEEólica, os investimentos anunciados pelo governo em agosto podem fazer a capacidade chegar a 14,4 gigawatts em 2018. Nas estimativas da entidade, o setor gera 100 000 empregos e proporciona abastecimento suficiente para 8,7 milhões de residências por mês. 

A energia eólica responde atualmente por 4,5% da matriz brasileira – o que faz do vento a quinta fonte mais utilizada no país. “Até 2020, ela pode se tornar a segunda mais significativa da nossa matriz energética”, diz Élbia Silva Gannoum, presidente da ABEEólica. 

Segundo Élbia, o avanço recente foi provocado por uma mudança no destino dos investimentos estrangeiros. “Assustados com a crise econômica que atingiu os Estados Unidos e a Europa a partir de 2008, muitos investidores do setor começaram a se interessar por países como Brasil, China e Índia”, diz Élbia.

Uma estimativa recente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aponta que os recursos para financiamento de projetos de geração de energia eólica devem crescer 15% em 2015. Na prática, o volume de investimento chegaria a 7,6 bilhões de reais – ante 6,6 bilhões de reais alocados em 2014.

As oportunidades para o futuro da energia eólica no Brasil serão tema de um evento que acontece entre 1º e 3 de setembro, no Rio de Janeiro. Trata-se da Brazil Windpower, maior feira do setor na América Latina. Com mais de 100 expositores e pelo menos 2 000 participantes de 800 empresas, o encontro é uma demonstração de como o mercado de energia eólica está aquecido.

Seria "irracional" desistir da GM, diz Fiat Chrysler


Bloomberg
Fiat Chrysler Automobilies
Fiat Chrysler automobilies: o Conselho da GM rejeitou uma proposta de fusão da montadora ítalo-americana mais cedo neste ano
 
Da REUTERS


Milão - Seria "irracional" a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) não perseguir a fusão com a rival General Motors e criar uma companhia que pode gerar 30 bilhões de dólares por ano em caixa, disse em entrevista a um jornal o presidente-executivo da FCA, Sergio Marchionne.

O Conselho da GM rejeitou uma proposta de fusão da montadora ítalo-americana mais cedo neste ano. A rejeição não impediu Marchionne de trabalhar no plano e fazer lobby junto aos investidores da GM em um esforço para levar o Conselho da GM à mesa de negociações, disseram fontes à Reuters em junho.

Em uma entrevista publicada no domingo no site Automotive News, Marchionne disse ter estudado cada detalhe do acordo que pode resultar em "mudanças cataclísmicas no desempenho", mas que não foi capaz de começar a discussão com a GM.
"Seria irracional não forçar uma parceria", disse.

A questão encarada pelo Conselho da FCA no momento é que "um ataque à GM, adequadamente estruturado, adequadamente financiado, não pode ser recusado. Você pode jogar duro até um certo ponto", disse Marchionne.

Perguntado se isso significava que a FCA estava considerando uma oferta hostil, Marchionne respondeu: "Não hostil... Há graus variados de abraço (por exemplo). Eu posso te abraçar agradavelmente, eu posso te dar um abraço apertado, posso te dar um abraço de urso, eu posso realmente te abraçar. Tudo começa com o contato físico. Ai ele pode degradar, mas ele começa com um contato físico."

Marchionne disse ainda que a FCA recebeu aproximações de outras parcerias em potencial, porém declarou que a GM permanece como opção preferida da empresa.

"Há pessoas que estão interessadas em fazer acordos. Mas eu não estou interessado em fazer acordo com elas.... porque há um acordo melhor", concluiu.

É preciso fechar Dilma, Temer e FHC numa sala, diz Abilio




Flavio Santana/Biofoto/EXAME.com
Abilio Diniz, sócio da BRF e do Carrefour, durante EXAME Fórum
Abilio Diniz, sócio da BRF e do Carrefour, durante EXAME Fórum
 
 
 
São Paulo – Para os chineses, crise significa perigo e oportunidade. E é assim que eu gosto de ver a crise.

Foi com essa frase que o empresário Abilio Diniz, sócio da BRF e Carrefour, começou sua palestra sobre como sair da crise no evento EXAME Fórum, que acontece nesta segunda-feira no Hotel Unique, em São Paulo.

O vice-presidente Michel Temer, o juiz Sérgio Moro e o ministro da Fazenda Joaquim Levy também participam.
“O Brasil é mais forte que suas crises e seus governos”, disse o empresário. “Já vivi tanta coisa e sei que esta não é nem de longe a pior crise do país”.

Para Abilio, a crise no Brasil é política e não econômica.

“Está na hora dos políticos se entenderem. Tem que jogar em uma sala todos os maiores políticos desse país, Dilma Rousseff, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, trancá-la e não deixar eles saiam de lá sem um acordo”, afirmou o empresário.

Além disso, o Brasil tem alguns nós estruturais, como o da aposentaria, que precisam ser resolvidos, acredita ele.

“Precisamos reformar a política e a imensa teia de aranha que é o sistema tributário brasileiro”, afirmou. “É preciso reorganizar o país, mas isso só vai acontecer se os políticos se entenderem”.

Questionado pela plateia sobre qual seria sua reação se um líder chegasse com déficit em uma de suas empresas, o empresário foi enfático:

“Minha vontade seria mandá-lo embora. Mas, como presidente do conselho, também é minha obrigação questioná-lo, estimulá-lo, ajudá-lo a corrigir”, afirmou. “De novo: não há nada mais para sugerir ao país do que uma reforma política”. 
 

Olhar o espelho


O empresário acredita ainda que não adianta colocar a culpa da situação das empresas na presidente ou ministros.

“Todos estão em um fogo cruzado, sem conseguir colocar na prática o que pretendem e precisam fazer”, disse ele. “Mas, em vez de olhar a janela, é preciso olhar o espalho e ver no que posso melhorar meu negócio”.

Se as empresas não se tornarem competitivas, elas só darão espaço para os concorrentes que estão de fora, acredita o empresário.

“E garanto, quando o país voltar a crescer, crescerá muito”, disse.

Para ele, é preciso que as corporações e pessoas, assim como o governo, entendam que é preciso produzir mais – sem deixar de acreditar no país.

Investimento, liderança e capacitação seriam as armas para que o país seja viável, em todos os aspectos, assim como nas corporações.

Outras três diretrizes que o empresário diz ter aprendido com os desafios são: corte, concentre e simplifique.

Dar atenção ao caixa e compartilhar informações, com outras empresas, e até com outros setores, também é fundamental.

“Não tomar decisões antes do tempo e nem no escuro, com uma negociação clara e informações bem analisadas, é outra regra”, disse ele. 

O empresário terminou a palestra agradecendo a todos pelo carinho e aplausos. "Isso me empurra para frente", disse ele. 

S&P revisa para negativa a perspectiva dos ratings do Brasil





País poderá perder o Investment Grade

Da Redação

redacao@amanha.com.br
S&P revisa para negativa a perspectiva dos ratings do Brasil


A agência de análise de risco Standard & Poor’s anunciou nesta a terça-feira que revisou a perspectiva para os ratings da dívida em moeda estrangeira do Brasil de “estável” para “negativa”. A agência também reafirmou o rating da dívida de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil em “BBB-“, o rating “A-3” da dívida de curto prazo em moeda estrangeira, a nota “BBB+” da dívida de longo prazo em moeda local e o rating “A-2” da dívida de curto prazo e moeda local. Na mesma nota, a S&P confirmou o rating escala nacional “brAAA” e a perspectiva sobre esta nota permanece “estável”.

A agência destacou que o Brasil enfrenta desafios políticos e circunstâncias econômicas apesar da significativa correção política durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. “O número de investigações de corrupção entre certos políticos e companhias está pesando cada vez mais sobre a perspectiva fiscal e política do Brasil, colocando em risco a implementação eficaz da política, particularmente no Congresso”, ressalta o documento.

“Revisamos nossa perspectiva sobre os ratings em moeda estrangeira para refletir o que acreditamos que seja uma probabilidade maior que um em três de que a correção da política venha a enfrentar desvios adicionais considerando a dinâmica política e que o retorno a uma trajetória de crescimento mais firme vai levar mais tempo do esperávamos”, revela a S&P.

A agência ainda afirma que, desde 23 de março, quando reafirmou os ratings do Brasil, a avaliação era que os riscos negativos para o País tinham aumentado. “Revisamos a perspectiva para negativa porque apesar das amplas mudanças políticas agora em curso, que continuamos a acreditar que têm o apoio da presidente, os riscos para execução cresceram. Em nossa avaliação, esses riscos têm origem tanto nas frentes políticas quanto econômicas”, diz a agência.

Com a revisão da perspectiva do rating soberano para negativa, significa que a nota poderá ser reduzida no curto prazo e o país poderá perder o grau de investimento (“Investment Grade”).


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S&P altera perspectiva do Brasil: o que esperar agora?



Agência esperava que Levy conseguiria entregar um ajuste fiscal mais robusto

Por Infomoney
S&P altera perspectiva do Brasil: o que esperar agora?


O temor do governo se concretizou: o Brasil teve a sua perspectiva de rating reduzida de neutra para negativa pela Standard & Poor's, mantendo a nota do País em "BBB-", no limite do grau de investimento. E, com a decisão, a agência de classificação de risco sinaliza que o Brasil poderá a ter grau especulativo em breve. "O Brasil deve perder o grau de investimento entre o final deste ano e o primeiro semestre de 2016", avalia Daniel Weeks, o economista-chefe da Garde Asset. Conforme o analista, o corte na perspectiva pela agência já era esperado e, agora, fica a expectativa pelo rebaixamento do rating pela Moody's a um degrau do grau especulativo e equiparando-se à S&P.

Existem alguns fatores que devem ser olhados para saber as causas pelas quais a agência revisou a sua classificação de risco. Segundo Weeks, a equipe da S&P percebeu que a capacidade do Brasil crescer ficou bem comprometida e que a recessão deve ser ainda mais longa. Além disso, se esperava que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy (foto), conseguiria entregar um ajuste fiscal de maior qualidade e mais robusto.
Com as revisões das metas de superávit primário na semana passada, passando de 1,13% do PIB para 0,15% do PIB, tanto por conta do cenário político deteriorado quanto pelos gastos engessados (somado a uma carga tributária já bastante alta), o cenário se evidenciou ainda mais complicado. "Havia uma certa crença nos superpoderes do Levy", recorda Weeks. Contudo, não é isso que aconteceu, avalia o economista, destacando ainda que o poder do ministro ficou mais enfraquecido depois da semana passada, quando a presidente Dilma Rousseff deu aval para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que defendia a redução da meta e um ajuste mais suave. O economista ainda ressalta que isso representa uma mudança bastante significativa ao comparar com os discursos do início do ano do titular da Fazenda, de "tirar o band-aid de uma vez só", ou seja, de fazer um ajuste mais rápido.


Luz no fim do túnel?
 

"Dado que tudo isso foi por água abaixo, ainda não dá para falar que temos uma luz no fim do túnel", alega o economista, avaliando que o cenário de deterioração da confiança dos agentes econômicos pode piorar ainda mais. As incertezas são grandes, avalia, e os riscos de curto prazo aumentaram. Além disso, há outras questões: qual é o novo modelo de crescimento brasileiro? Sem as reformas necessárias, profundas, o cenário que se aponta é de piora.

Desta forma, o economista da Garde e o economista da Quest Investimentos, André Muller, ressaltam que um dos maiores riscos apontados é o político. Por isso, é necessário que sejam feitas rediscussões no Congresso sobre o ajuste fiscal. Um dos pontos ressaltados pela S&P, aponta Muller, é o cenário de aumento do risco político. "[A manutenção do grau de investimento] está bastante atrelada ao cenário político e à sustentabilidade fiscal, com o Congresso tendo de aprovar medidas para a realização do ajuste fiscal". Já para Weeks, é difícil que o Brasil consiga manter o selo de bom pagador.

E, com um cenário ainda mais hostil no âmbito político, como fazer para que o Congresso passe as medidas de ajuste? Cabe lembrar que, em evento realizado pelo LIDE na última segunda-feira (27), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), viu uma possibilidade nula do governo cumprir a meta de superávit e ainda fez críticas contundentes ao Palácio do Planalto sobre a tramitação das medidas de ajuste e a articulação política, o que mostra o grau de animosidade entre os poderes Legislativo e o Executivo para a aprovação das medidas.

Para Weeks, a presidente Dilma fazer uma mea-culpa e tentar se aproximar de outros segmentos políticos não culpando mais fatores externos para a forte queda da economia, pode ser um ponto positivo para a aproximação e conciliação em buscas de reformas mais profundas.


Efeitos de curto prazo
 

No curto prazo, a conclusão que se tira é de que, mais uma vez, sobrará para o Banco Central, através da política monetária, tentando assim equilibrar a política fiscal malsucedida até agora. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,25% ao ano, na reunião de quarta-feira (29).

"O Brasil está apenas a um degrau acima do grau de investimento. Perdendo a nota, muitos fundos lá fora não poderão mais investir aqui e venderão participações, o que trará uma pressão negativa para a Bolsa", explica Ricardo Kim, analista da XP Investimentos. No entanto, ele acredita que há muitas incertezas no cenário ainda antes que se possa falar com certeza que o Brasil vá cair para o grau especulativo, mesmo que os Credit Default Swaps [contrato no qual o comprador faz um ou vários pagamentos ao vendedor e, em troca, recebe um pagamento do vendedor se o instrumento de crédito não for honrado] brasileiros já precifiquem isso.


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S&P altera perspectiva do Brasil: o que esperar agora?

Agência esperava que Levy conseguiria entregar um ajuste fiscal mais robusto

Por Infomoney

S&P altera perspectiva do Brasil: o que esperar agora?
O temor do governo se concretizou: o Brasil teve a sua perspectiva de rating reduzida de neutra para negativa pela Standard & Poor's, mantendo a nota do País em "BBB-", no limite do grau de investimento. E, com a decisão, a agência de classificação de risco sinaliza que o Brasil poderá a ter grau especulativo em breve. "O Brasil deve perder o grau de investimento entre o final deste ano e o primeiro semestre de 2016", avalia Daniel Weeks, o economista-chefe da Garde Asset. Conforme o analista, o corte na perspectiva pela agência já era esperado e, agora, fica a expectativa pelo rebaixamento do rating pela Moody's a um degrau do grau especulativo e equiparando-se à S&P.
Existem alguns fatores que devem ser olhados para saber as causas pelas quais a agência revisou a sua classificação de risco. Segundo Weeks, a equipe da S&P percebeu que a capacidade do Brasil crescer ficou bem comprometida e que a recessão deve ser ainda mais longa. Além disso, se esperava que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy (foto), conseguiria entregar um ajuste fiscal de maior qualidade e mais robusto.


Com as revisões das metas de superávit primário na semana passada, passando de 1,13% do PIB para 0,15% do PIB, tanto por conta do cenário político deteriorado quanto pelos gastos engessados (somado a uma carga tributária já bastante alta), o cenário se evidenciou ainda mais complicado. "Havia uma certa crença nos superpoderes do Levy", recorda Weeks. Contudo, não é isso que aconteceu, avalia o economista, destacando ainda que o poder do ministro ficou mais enfraquecido depois da semana passada, quando a presidente Dilma Rousseff deu aval para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que defendia a redução da meta e um ajuste mais suave. O economista ainda ressalta que isso representa uma mudança bastante significativa ao comparar com os discursos do início do ano do titular da Fazenda, de "tirar o band-aid de uma vez só", ou seja, de fazer um ajuste mais rápido.
Luz no fim do túnel?"Dado que tudo isso foi por água abaixo, ainda não dá para falar que temos uma luz no fim do túnel", alega o economista, avaliando que o cenário de deterioração da confiança dos agentes econômicos pode piorar ainda mais. As incertezas são grandes, avalia, e os riscos de curto prazo aumentaram. Além disso, há outras questões: qual é o novo modelo de crescimento brasileiro? Sem as reformas necessárias, profundas, o cenário que se aponta é de piora.
Desta forma, o economista da Garde e o economista da Quest Investimentos, André Muller, ressaltam que um dos maiores riscos apontados é o político. Por isso, é necessário que sejam feitas rediscussões no Congresso sobre o ajuste fiscal. Um dos pontos ressaltados pela S&P, aponta Muller, é o cenário de aumento do risco político. "[A manutenção do grau de investimento] está bastante atrelada ao cenário político e à sustentabilidade fiscal, com o Congresso tendo de aprovar medidas para a realização do ajuste fiscal". Já para Weeks, é difícil que o Brasil consiga manter o selo de bom pagador.
E, com um cenário ainda mais hostil no âmbito político, como fazer para que o Congresso passe as medidas de ajuste? Cabe lembrar que, em evento realizado pelo LIDE na última segunda-feira (27), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), viu uma possibilidade nula do governo cumprir a meta de superávit e ainda fez críticas contundentes ao Palácio do Planalto sobre a tramitação das medidas de ajuste e a articulação política, o que mostra o grau de animosidade entre os poderes Legislativo e o Executivo para a aprovação das medidas.
Para Weeks, a presidente Dilma fazer uma mea-culpa e tentar se aproximar de outros segmentos políticos não culpando mais fatores externos para a forte queda da economia, pode ser um ponto positivo para a aproximação e conciliação em buscas de reformas mais profundas.
Efeitos de curto prazoNo curto prazo, a conclusão que se tira é de que, mais uma vez, sobrará para o Banco Central, através da política monetária, tentando assim equilibrar a política fiscal malsucedida até agora. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,25% ao ano, na reunião de quarta-feira (29).
"O Brasil está apenas a um degrau acima do grau de investimento. Perdendo a nota, muitos fundos lá fora não poderão mais investir aqui e venderão participações, o que trará uma pressão negativa para a Bolsa", explica Ricardo Kim, analista da XP Investimentos. No entanto, ele acredita que há muitas incertezas no cenário ainda antes que se possa falar com certeza que o Brasil vá cair para o grau especulativo, mesmo que os Credit Default Swaps [contrato no qual o comprador faz um ou vários pagamentos ao vendedor e, em troca, recebe um pagamento do vendedor se o instrumento de crédito não for honrado] brasileiros já precifiquem isso.

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A balança da produção está mudando – de novo



Karen Reddington, CEO da FedEx Ásia Pacífico, avalia mapa global da indústria

Por Karen Reddington*
A balança da produção está mudando – de novo


Poucas décadas atrás, a palavra da moda era off-shoring, ou seja, transferir a produção para locais com bases de custo menores, como China ou América Latina. Depois veio o near-shoring, um movimento quase inverso gerado pela alta geral no custo do combustível e da mão de obra. O fato levou companhias a retornar a produção para perto de seus mercados internos, como os Estados Unidos. Hoje, porém, nas economias globalmente conectadas, o custo é só uma das variáveis. A balança da produção está mudando – de novo.

No next-shoring, a ideia não é transferir a produção de um local para outro, mas “se adaptar e se preparar para a natureza instável de fabricar em toda parte” é a nova fronteira, segundo um recente relatório da McKinsey. A diferença é que a mudança revolucionária atual não é uma questão de geografia e nem uma competição entre países ou continentes. É uma tendência muito maior e bem mais complicada que envolve mudança de mentalidade, acesso a técnicas de fabricação inovadoras, pensar além dos números básicos e dar mais eficiência para as cadeias de suprimentos. 

Em resumo, ela requer que os gestores olhem para o quadro geral a fim de tomar decisões comerciais melhores. Em nosso próprio negócio, temos visto uma disposição crescente do aumento do uso do transporte marítimo em soluções de remessa e não apenas do transporte aéreo expresso pelo qual somos pioneiros e conhecidos. Também temos acompanhado as mudanças nos níveis salariais, no poder de compra e nos custos de energia nos 220 países e territórios onde a FedEx opera. Assim, para muitas empresas, a decisão de onde instalar a base de fabricação não é mais uma questão de cálculos simples e diretos.

Na Ásia, a fabricação está sendo transferida para a parte central e ocidental da China, para o Vietnã, a Malásia e a Indonésia. Ao mesmo tempo, a China deixou de ser um simples chão de fábrica – ela é uma potência de inovação que mudou de origem para centro da cadeia de suprimentos. O comércio intrarregional com a China está florescendo – de fato, ele já representa 37% de todo o comércio da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). O corredor intra-Ásia é hoje, reconhecidamente, a via que mais cresce no mundo.

Segundo previsões, os mercados emergentes, juntos, responderão por 66% da demanda global até 2025. Assim, para algumas indústrias, talvez faça mais sentido manter a produção nos mercados emergentes da Ásia, em vez de transferi-la para os Estados Unidos ou México. Assim, podem ficar mais próximas da China e da Índia, dois imensos mercados consumidores. Contudo, Canadá e México ainda podem ser locais de fabricação atraentes pelo mesmo motivo – sua proximidade com o imenso mercado dos Estados Unidos – e as vantagens geradas pelo Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA).

Algumas companhias querem uma conexão mais próxima em termos de idioma e cultura com o local onde instalam suas fábricas; outras querem um nível de controle sobre o negócio que somente a proximidade pode proporcionar. Mas não existe uma solução que funcione para todos. A China pode oferecer economias de escala e uma grande força de trabalho; por exemplo, é produtora e mercado líder para a indústria automotiva. Mas países como México e Reino Unido também proporcionam a vantagem de ter mão de obra qualificada nesse setor – e as plantas da Nissan em Aguascalientes, no México, e em Sunderland, no Reino Unido, exemplificam bem por que a escolha do local de fabricação nem sempre pode ser feita com base nos mesmos critérios globais. A inovação tecnológica também terá um papel importante no futuro da produção e em onde ela será instalada. Segundo a McKinsey, o avanço da impressão em 3D poderia oferecer às empresas uma forma incrível de substituir fornecedores tradicionais de alguns componentes, que seriam impressos internamente.

Outras empresas estão trabalhando para gerar mais visibilidade à melhor solução para os fabricantes e em como juntar todas as peças do complexo cenário global. Desenvolvida pela Universidade de Lausanne e apoiada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos, a ferramenta de software Cost Differential Frontier ajuda líderes a determinarem o melhor local para produção comparando custos de mão de obra, financiamento do comércio, conformidade regulatória e remessa, além de questões como supervisão e riscos políticos e de segurança.

Qualquer que seja a solução, o importante é aproveitar o acesso a conexões globais em muitas e diferentes partes do mundo. Os dias de simplesmente avaliar os custos de mão de obra ficaram para trás há muito tempo. Para muitas empresas, o next-shoring não representará apenas um ponto a ser considerado, mas muitos.

*Presidente da FedEx Ásia Pacífico.

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A balança da produção está mudando – de novo

Karen Reddington, CEO da FedEx Ásia Pacífico, avalia mapa global da indústria

Por Karen Reddington*

A balança da produção está mudando – de novo
Poucas décadas atrás, a palavra da moda era off-shoring, ou seja, transferir a produção para locais com bases de custo menores, como China ou América Latina. Depois veio o near-shoring, um movimento quase inverso gerado pela alta geral no custo do combustível e da mão de obra. O fato levou companhias a retornar a produção para perto de seus mercados internos, como os Estados Unidos. Hoje, porém, nas economias globalmente conectadas, o custo é só uma das variáveis. A balança da produção está mudando – de novo.
No next-shoring, a ideia não é transferir a produção de um local para outro, mas “se adaptar e se preparar para a natureza instável de fabricar em toda parte” é a nova fronteira, segundo um recente relatório da McKinsey. A diferença é que a mudança revolucionária atual não é uma questão de geografia e nem uma competição entre países ou continentes. É uma tendência muito maior e bem mais complicada que envolve mudança de mentalidade, acesso a técnicas de fabricação inovadoras, pensar além dos números básicos e dar mais eficiência para as cadeias de suprimentos.
Em resumo, ela requer que os gestores olhem para o quadro geral a fim de tomar decisões comerciais melhores. Em nosso próprio negócio, temos visto uma disposição crescente do aumento do uso do transporte marítimo em soluções de remessa e não apenas do transporte aéreo expresso pelo qual somos pioneiros e conhecidos. Também temos acompanhado as mudanças nos níveis salariais, no poder de compra e nos custos de energia nos 220 países e territórios onde a FedEx opera. Assim, para muitas empresas, a decisão de onde instalar a base de fabricação não é mais uma questão de cálculos simples e diretos.
Na Ásia, a fabricação está sendo transferida para a parte central e ocidental da China, para o Vietnã, a Malásia e a Indonésia. Ao mesmo tempo, a China deixou de ser um simples chão de fábrica – ela é uma potência de inovação que mudou de origem para centro da cadeia de suprimentos. O comércio intrarregional com a China está florescendo – de fato, ele já representa 37% de todo o comércio da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). O corredor intra-Ásia é hoje, reconhecidamente, a via que mais cresce no mundo.
Segundo previsões, os mercados emergentes, juntos, responderão por 66% da demanda global até 2025. Assim, para algumas indústrias, talvez faça mais sentido manter a produção nos mercados emergentes da Ásia, em vez de transferi-la para os Estados Unidos ou México. Assim, podem ficar mais próximas da China e da Índia, dois imensos mercados consumidores. Contudo, Canadá e México ainda podem ser locais de fabricação atraentes pelo mesmo motivo – sua proximidade com o imenso mercado dos Estados Unidos – e as vantagens geradas pelo Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA).
Algumas companhias querem uma conexão mais próxima em termos de idioma e cultura com o local onde instalam suas fábricas; outras querem um nível de controle sobre o negócio que somente a proximidade pode proporcionar. Mas não existe uma solução que funcione para todos. A China pode oferecer economias de escala e uma grande força de trabalho; por exemplo, é produtora e mercado líder para a indústria automotiva. Mas países como México e Reino Unido também proporcionam a vantagem de ter mão de obra qualificada nesse setor – e as plantas da Nissan em Aguascalientes, no México, e em Sunderland, no Reino Unido, exemplificam bem por que a escolha do local de fabricação nem sempre pode ser feita com base nos mesmos critérios globais. A inovação tecnológica também terá um papel importante no futuro da produção e em onde ela será instalada. Segundo a McKinsey, o avanço da impressão em 3D poderia oferecer às empresas uma forma incrível de substituir fornecedores tradicionais de alguns componentes, que seriam impressos internamente.
Outras empresas estão trabalhando para gerar mais visibilidade à melhor solução para os fabricantes e em como juntar todas as peças do complexo cenário global. Desenvolvida pela Universidade de Lausanne e apoiada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos, a ferramenta de software Cost Differential Frontier ajuda líderes a determinarem o melhor local para produção comparando custos de mão de obra, financiamento do comércio, conformidade regulatória e remessa, além de questões como supervisão e riscos políticos e de segurança.
Qualquer que seja a solução, o importante é aproveitar o acesso a conexões globais em muitas e diferentes partes do mundo. Os dias de simplesmente avaliar os custos de mão de obra ficaram para trás há muito tempo. Para muitas empresas, o next-shoring não representará apenas um ponto a ser considerado, mas muitos.
*Presidente da FedEx Ásia Pacífico.

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