Brasil é celeiro de executivos para multinacionais, diz o headhunter Thiago Pimenta, da Flow. Entenda por que os brasileiros se destacam
São Paulo – “Com toda a certeza, o Brasil é um celeiro de executivos para as multinacionais”. Quem diz isso é o headhunter e sócio da FLOW, Thiago Pimenta.
De acordo com ele, os profissionais brasileiros têm características
muito valorizadas pelas grandes empresas nacionais e estrangeiras,
sobretudo as multinacionais.
Prova disso é que nunca o número de brasileiros no comando de
companhias globais foi tão alto quanto agora, diz Pimenta. E, a
tendência é de crescimento, de acordo com ele.
“No caso de expatriações longas, é analisada a performance do
profissional no Brasil e a transferência passa a ser parte do plano de
carreira dele, visando a troca de experiências entre matriz e filial, e
desenvolvimento do profissional”, diz Adriana Freddo, sócia da EMDOC -
Consultoria Especializada em Mobilidade Global.
Mas o que torna os executivos brasileiros tão disputados pelas
multinacionais? Para o especialista, trata-se de uma conjunção de
qualidades ligadas à própria história político-econômica do país.
Confira quais são:
1 Habilidade de gestão com restrição de recursos e instabilidade
Com o histórico de instabilidade econômica e política do Brasil, Thiago
Pimenta afirma que os executivos na faixa dos 45 anos “já viram de
tudo”.
De acordo com ele, quem começou a carreira
há 30 anos enfrentou a hiperinflação e cenário de liquidez restrita,
entre outros muitos desafios próprios das décadas de 1980 e 1990.
“Tendo em vista esta curva de aprendizado, quando há um cenário
estável, esses executivos tiram de letra”, diz. Executivos que viveram
profissionalmente esta época se acostumaram a seguir o lema: “fazer mais
com menos”.
Inovação e criatividade
são qualidades que despontam em quem consegue trazer resultados mesmo
em cenários adversos, segundo Pimenta. E as multinacionais reconhecem
esse talento e a necessidade de profissionais com esta bagagem, diz o
especialista.
2 Capacidade de lidar com gap educacional da equipe
As empresas brasileiras tentam suprir deficiências de seus funcionários
- no que diz respeito à qualificação técnica - com a oferta de
treinamentos e cursos. O gap educacional, diz Pimenta, é um problema que
afeta companhias instaladas no Brasil, há tempos, por isso os
executivos já estão preparados para lidar com isso.
Ao chegar no exterior e trabalhar com equipes altamente especializadas, a evolução é natural, segundo o especialista.
3 Trabalho em cenários multiculturais
A heterogeneidade da população brasileira é fato. Diferenças culturais
são uma constante nas empresas brasileiras e não assustam mais os
chefes. “Operar em uma cultura heterogênea é um desafio e as
multinacionais enxergam no executivo brasileiro este potencial, o que
naturalmente conta pontos a favor”, diz Pimenta.
Ele explica que o aprendizado a que o executivo está exposto no Brasil não se repete em outras localidades.
“Países como Noruega, Suécia são muito homogêneos e não incitam este tipo de oficina. No Brasil o executivo precisa ser um camaleão para extrair informações e desenvolver a equipe”, diz.
“Países como Noruega, Suécia são muito homogêneos e não incitam este tipo de oficina. No Brasil o executivo precisa ser um camaleão para extrair informações e desenvolver a equipe”, diz.
4 Saber operar em áreas territoriais extensas
País de dimensões continentais, o Brasil só perde, em tamanho, para
Rússia, Canadá China e Estados Unidos. Aliada ao enorme território a
carência de infraestrutura dá contornos ainda mais desafiadores às
operações das empresas por aqui.
“Um diretor de uma mineradora de ferro, há alguns anos, tinha dois
portos para escoamento da produção, por exemplo”, diz Pimenta. Para ele,
todos esses obstáculos provocam os profissionais a achar soluções que
“não estão na mesa”. “Os brasileiros são criativos, e não estou falando
do jeitinho brasileiro, me refiro à criatividade responsável, o
executivo está acostumado a trabalhar com pouco”, diz.
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