A Lei Anticorrupção, que permite ao governo apurar denúncias e punir com
multas de até R$ 60 milhões empresas envolvidas em fraudes de contratos
públicos, entra em vigor nesta quarta-feira (29) sem a regulamentação
de seus artigos.
Com as novas regras, União, Estados e municípios têm autonomia para
abrir processos contra empresas suspeitas de corromper a administração
pública brasileira ou internacional ou de tentar atrapalhar
investigações.
A lei inova ao permitir também que as empresas sejam punidas mesmo que os donos não tenham conhecimento das irregularidades.
Contudo, detalhes como prazos do processo administrativo, critérios para
definir o valor de multas e mecanismos de controle interno a serem
exigidos das empresas ainda dependem de um decreto para regulamentar a
lei.
A regulamentação precisa ser assinada pela presidente Dilma Rousseff,
que está em viagem ao exterior. É com base nesse texto que Estados e
municípios também irão estabelecer sua regras para seguir a nova lei.
O texto com a regulamentação da lei federal, que traz os detalhes das novas regras, tem 40 itens e está praticamente pronto.
Editoria de Arte/Folhapress |
"A regulamentação não é condição para a vigência da lei", afirma o
ministro Jorge Hage (Controladoria-Geral da União), ponderando que o
detalhamento das regras facilita a aplicação da lei. Hage espera que,
até o início da próxima semana, a regulamentação seja divulgada.
Ainda se discute a redação de alguns pontos do decreto. Os técnicos
sugeriram, por exemplo, que um processo de punição deverá durar em média
180 dias e que as empresas serão obrigadas a ter código de ética e a
dar transparência às doações para políticos e partidos.
A nova lei também prevê que o governo firme um acordo de leniência com
as empresas que toparem colaborar com a investigação. Apesar de o
auxílio reduzir em até dois terços o valor da multa, a empresa será
obrigada a ressarcir o dano causado ao patrimônio público.
"Não vai ser fácil, mas o peso das penas me dão esperança de que o acordo de leniência vai funcionar", diz Hage.
Pela lei, a administração pode aplicar multa de até 20% do faturamento
bruto da empresa ou, quando não for possível esse cálculo, de R$ 60
milhões.
Segundo o ministro, as leis atuais preveem "multas ridículas" contra as
empresas que fraudam licitações, desviam recursos ou recebem pagamentos
indevidos.
As punições mais severas, segundo Hage, são sempre contra pessoas que cometem os atos de corrupção.
A nova lei será aplicada de forma conjunta com as outras já em vigor,
permitindo suspender novos contratos com o poder público, declarar uma
empresa inidônea e aplicar multas mais altas, independentemente do valor
do contrato.
Em casos mais graves, a lei permite ainda que o governo vá à Justiça
para pedir a dissolução de empresas corruptas ou suspensão parcial das
atividades das companhias. A medida está sendo chamada pelo mercado de
"pena de morte" empresarial.
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