Lagarde, do FMI, espera sete anos fortes para a economia mundial, o que pode melhorar a balança comercial e as exportações das empresas brasileiras (Por Denize Bacoccina)
por Denize Bacoccina
Christine Lagarde, a chefona do Fundo
Monetário Internacional (FMI), protagonizou um episódio raro na semana
passada. Mais habituada, desde que assumiu o cargo, há quase três anos, a
cobrar austeridade dos países ricos e a lamentar o crescimento mais
fraco dos emergentes, na quarta 15, ela se credenciou para uma daquelas
seções de “boa notícia” dos jornais. “A crise ainda persiste.No entanto,
o otimismo está no ar e o horizonte é mais brilhante”, afirmou em
Washington, numa palestra no National Press Club. “A minha grande
esperança é que 2014 seja o ano em que os sete anos fracos, em termos
econômicos, se convertam em sete anos fortes”, afirmou.
A zona do euro, disse ela, está “dobrando a esquina da recessão
para a recuperação”. No mesmo dia, o Banco Mundial divulgou suas
projeções para a economia global, com uma tendência que aponta para cima
neste e nos próximos anos. O crescimento deve passar dos 2,4% obtidos
no ano passado (ainda uma estimativa) para uma expansão de 3,2% neste
ano, 3,4% em 2015 e 3,5% em 2016. Lagarde, apesar de otimista, fez
ponderações: alertou sobre os riscos de uma deflação nos países
desenvolvidos, lembrou que o desemprego ainda está muito elevado na
Europa e que os Estados Unidos precisam retirar com cuidado os estímulos
da economia para não afetar outros países.
Ainda assim, as perspectivas para este ano, no cenário externo, são
as melhores em muito tempo. Para o Brasil, que vive um momento de
crescimento fraco e inflação elevada, agora combatida com aumento dos
juros, a recuperação do mercado internacional é uma excelente notícia.
No ano passado, a balança comercial teve o seu pior saldo em 13 anos, e o
superávit de US$ 2,5 bilhões só foi obtido graças ao registro, como
exportação, de duas plataformas da Petrobras que não saíram do País. Boa
parte da piora na balança deve-se ao aumento de importações de
petróleo, que não vai se repetir neste ano, com a produção maior nos
campos da Petrobras.
Mas o País também teve dificuldade em competir no Exterior e exportou um pouco menos do que no ano anterior. Agora,
com a Europa saindo da recessão e a economia americana crescendo mais –
acima da brasileira, inclusive –, os produtos brasileiros devem
encontrar mais mercado lá fora. Aumentam, também, as
oportunidades para a internacionalização das empresas brasileiras. Mas,
nesse quesito, o País não tem conseguido aproveitar as oportunidades. Um
estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na
quinta-feira 16, mostra diminuição nos estoques de investimentos
brasileiros no mundo. A participação das empresas brasileiras caiu de
1,96% em 1990 para 0,99% em 2012, quando o estoque de investimento
somava US$ 266,2 bilhões.
No mesmo período, a parcela dos países em desenvolvimento passou de
6,92% para 18,9%. Ou seja, o Brasil perdeu espaço não para os países
ricos, mas para outros países em desenvolvimento. Aparentemente, a
concentração de investimentos no Brasil parece positiva, já que,
teoricamente, aumenta o volume de capital disponível no País. Na
prática, porém, a falta de exposição ao mercado internacional faz com
que a empresa também deixe de se expor a inovações que podem aumentar a
produtividade e reduzir os custos. A melhora do mercado internacional,
aliada a um real menos valorizado, pode servir de estímulo às empresas
que querem se aventurar além das fronteiras. O que ainda continua
atrapalhando é a falta de acordos para evitar a bitributa
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