PDG, Tecnisa e Camargo Corrêa lideram ranking; atraso na entrega do imóvel é o principal motivo das ações na Justiça
Obra da PDG: empresa foi a campeã em número de processos em SP, de acordo com levantamento de advogado
São Paulo – A PDG foi a construtora mais processada por clientes em 2013 no estado de São Paulo, com 966 processos, seguida por Tecnisa (464 processos) e Camargo Corrêa
(331 processos). Os dados são de um levantamento realizado pelo
advogado Marcelo Tapai, especializado em direito imobiliário, com dados
do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
De acordo com o levantamento, as ações contra construtoras tiveram
elevação de 2.600% de 2008 para 2013, passando de 140 para 3.779. “Cerca
de 80% dos processos do ano passado foram motivados por atraso na
entrega do imóvel”, diz Tapai.
Segundo ele, o atraso em alguns casos chega a superar quatro anos, mas
há outros problemas que também motivam ações, ainda que em menor
quantidade, como defeitos construtivos, cláusulas abusivas no contrato e
a cobrança de taxas indevidas.
Veja o ranking das dez construtoras mais processadas:
Construtora | Número de processos em 2013 |
---|---|
PDG | 966 |
Tecnisa | 464 |
Camargo Corrêa | 331 |
Trisul | 296 |
Rossi | 262 |
Cyrela | 248 |
MaxCasa | 202 |
Tenda | 194 |
MRV | 184 |
Gafisa | 150 |
Metodologia
Embora utilize dados oficiais, é importante frisar que a lista de Marcelo Tapai não é oficial. Segundo o advogado, ele incluiu apenas as ações abertas a cada ano, uma a uma.
Tapai considerou não apenas as ações movidas contra a construtora em
si, mas também contra as Sociedades de Propósito Específico (SPEs)
formadas pelas construtoras para cada empreendimento.
Segundo o advogado explica, buscas diretas pelo nome das empresas no
site do TJ-SP geram poucos processos para cada uma. Isso porque as SPEs
formadas por elas são empresas com CNPJ próprio, montadas
especificamente para determinada obra e frequentemente com um nome que
não remete à construtora que a originou.
Vale lembrar que o ranking traz apenas o número de processos, sem levar
em conta o número de clientes de cada empresa. Construtoras com mais
clientes podem, naturalmente, ter mais processos que as empresas
menores.
Desfecho dos processos
Segundo Marcelo Tapai, a indenização pelo comprador ser privado do uso
do imóvel depois que passa a data de entrega tem sido estipulada em 0,8%
do valor do imóvel por mês de atraso. É como se fosse um aluguel que a
construtora paga simplesmente por ainda ter o imóvel em seu poder quando
já deveria tê-lo entregue ao comprador.
Também cabem indenizações por danos morais por situações que causem
constrangimento e problemas pessoais às vítimas. “Há quem marque a data
com casamento com vistas à data de entrega do imóvel e não consiga se
mudar depois de casar, por exemplo”, diz Tapai.
Direitos do comprador
O atraso na entrega do imóvel causa muita dor de cabeça aos compradores, que podem inclusive cair em armadilhas quando se aproxima a data de pagamento da chamada parcela das chaves.
As construtoras costumam incluir no contrato uma cláusula de 180 dias de tolerância, já considerada ilegal pelo TJ-SP. No Rio de Janeiro já existe até uma lei que obriga a construtora a pagar multa pelo atraso. Até desistir da compra nesse caso o comprador pode.
Outro lado
Líder no ranking, a PDG disse, em nota, que não comenta informações ou
pesquisas de fontes não oficiais e acrescentou que trabalha sempre com o
objetivo de aprimorar os processos para melhor atender aos seus
clientes.
“A incorporadora, há pouco mais de um ano, passou por uma
reestruturação interna, o que tem minimizado a cada dia o impacto de
antigos projetos dentro da companhia e garantido entregas no prazo e com
qualidade”, diz a nota, que reforça ainda o compromisso da PDG com os
clientes e com a qualidade dos empreendimentos.
A Tecnisa, a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), a Trisul, a Rossi e a Cyrela
optaram por não comentar, uma vez que a fonte do levantamento não é um
órgão oficial, segundo as notas que enviaram a EXAME.com.
A MaxCasa alegou, em nota, que não divulga publicamente este tipo de
informação, e assegurou que os números divulgados sobre os processos
recentes estão significativamente superiores ao número real de processos
em curso movidos por compradores de imóveis da empresa.
A MRV
Engenharia disse, em nota, que, percentualmente, os índices de
reclamação contra a empresa são pequenos se comparados ao número de
unidades construídas.
“Em todo o Brasil, a grande população de clientes da MRV tem se
mostrado cada vez mais satisfeita com o imóvel adquirido. Mesmo
considerando o baixo volume de reclamações, a construtora tem sempre se
empenhado para solucionar as demandas que surgem”, diz a nota da
construtora.
Finalmente, a Gafisa
disse, em nota, não reconhecer os números apresentados pelo advogado,
sejam eles relacionados a atraso de obras ou de qualquer outra natureza.
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