A desaceleração do setor automobilístico e o fraco desempenho do comércio externo explicam pífio resultado
O fraco desempenho das exportações e o
aumento nas importações em 2013 contribuíram para a redução do emprego
formal no setor industrial nas duas principais cidades do Vale, São José
dos Campos e Taubaté, que perderam, respectivamente, 932 e 328 empregos
industriais.
Duas razões principais explicam o pífio desempenho que teve o emprego industrial: a desaceleração do setor automobilístico e o fraco desempenho do comércio externo. Em 2013, a balança comercial brasileira apresentou saldo positivo de US$ 2,56 bilhões, bem inferior ao resultado de 2012 (US$ 19,4 bilhões), e o pior resultado anual desde 2000. A indústria automotiva fechou 2013 com queda de 0,7% na produção de automóveis, o primeiro resultado negativo depois de 10 anos consecutivos de alta.
Em São José e Taubaté, o comércio externo é mais ativo que média nacional, com presença de maior número de empresas transnacionais exportadoras e importadoras, como as empresas dos setores aéreo, automotivo e eletrônicos. Esses municípios possuem três fábricas de automóveis e vários outras de autopeças. Em São José, o faturamento das exportações, em dólares, reduziu-se em 14,23%, em 2013, em comparação com 2012. No mesmo período, as importações aumentaram em 0,22%. O saldo na balança comercial foi positivo em US$ 1,898 bilhões, em 2013, inferior ao de 2012, de US$ 2,802 bilhões. Em Taubaté, o faturamento das exportações, em dólares, aumentou em 1,05%, em 2013, em comparação com os resultados de 2012. No mesmo período, as importações aumentaram em 28,0%. O saldo na balança comercial foi negativo em US$ 1,617 bilhões, em 2013, saldo pior do que o de 2012, que foi negativo – US$ 999 milhões.
O comércio internacional das cidades da região é quase exclusivamente de produtos industriais, diferente de outras regiões brasileiras exportadoras de produtos de origem agropecuária. Com isso, o fraco desempenho das contas externas industriais contribuiu para a redução do emprego no setor em São José e Taubaté.
Em relação à indústria automobilística, nas duas cidades ocorreram problemas pontuais. Em São José, ao longo de 2013 a GM demitiu 1.053 funcionário, em consequência da desativação do MVA. Em Taubaté, a fábrica da Volkswagen passa por uma reestruturação para o início de produção de um novo carro, o UP, e essa transição pode ter contribuído para uma menor geração de empregos no setor.
No entanto, em Taubaté o maior problema pode estar no aumento das importações de componentes eletrônicos. As fábricas do segmento aumentaram suas importações, e isso pode ser resultado da redução da produção interna. Ou seja, a indústria eletrônica pode ter aumentado o número de componentes importados na produção dos eletrônicos, reduzindo o emprego e a renda na cidade. No entanto, não há números disponíveis sobre esse percentual de nacionalização da produção.
Os dados do emprego ainda não apontam para uma crise nos dois principais municípios da região, mas o sinal de alerta já foi ligado. Dois fatores podem contribuir para a melhora do emprego na indústria: a desvalorização do real frente ao dólar, contribuindo para o aumento das exportações e a redução das importações, e o início da produção de um novo carro na unidade da Volkswagen, em Taubaté.
No entanto, dois problemas são preocupantes: crise na Argentina, importante mercado importador dos produtos industriais brasileiros, e aumento nas taxas de juros, que pode reduzir crescimento do consumo interno. É hora de buscar mais alternativas de emprego, além das do setor industrial.
EDSON TRAJANO
É ECONOMISTA E PROFESSOR DA UNITAU
edson.trajano@ovale.com.br
É ECONOMISTA E PROFESSOR DA UNITAU
edson.trajano@ovale.com.br
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