06/02/2014,
Coreia
do Sul está se tornando o novo Japão em relação ao consumo de cafés
caros na Ásia, e os brasileiros estão começando a perceber isso.
Brasília/Seul
– Há mais ou menos uma década, a Coreia do Sul é o novo Japão em
relação à exportação de eletrônicos e a uma vibrante cultura doméstica
de consumo. Agora, ela está se tornando o novo Japão em relação ao
consumo de cafés caros na Ásia — e os exportadores brasileiros estão
começando a perceber isso.
O país é o
mercado de café arábica, o grão de sabor suave usado em misturas
premium, que cresce com maior velocidade na Ásia. Desde 2006, o número
de lojas é quase nove vezes maior, cerca de 15.000 em total no ano
passado, incluindo 554 lojas da Starbucks Corp. Hugo Villas Boas, com
fazenda nas exuberantes colinas do sudeste do Brasil, espera que os
esforços para fornecer café de alto padrão a Seul ajudem a aumentar a
demanda pelos grãos após a queda de mais de 40 por cento nos preços
desde abril de 2011.
Os
sul-coreanos, cuja emergência como uma população abastada é satirizada
no videoclipe “Gangnam Style”, que se tornou viral no YouTube, estão
tomando mais cafés premium que nunca, e pagando por eles o mesmo ou até
mais que os nova-iorquinos. O centro de indústrias automobilísticas e
eletrônicas é um exemplo perfeito dos mercados que os exportadores de
arábica do Brasil buscam conquistar, pois se prevê que os fornecimentos
globais superarão a demanda pelo quarto ano consecutivo.
Os
brasileiros miram a “pessoas mais jovens, geralmente mais ricas, que
pensam na experiência de tomar café com amigos como uma mudança na
tradição, como um momento de ócio”, disse Adam Belanich, um dos
fundadores da Joyride Coffee Distributors em Nova York em 2011 e enfoca
misturas premium.
Os
torrefadores coreanos estão pagando mais que seus homólogos nos EUA por
uma saca de arábica brasileiro para assegurar grãos de melhor qualidade,
disse Jânio Zeferino da Silva, diretor do Departamento do Café do
Ministério da Agricultura. Algumas remessas para a Coreia são vendidas
por cerca de R$ 1.000 (US$ 415) por saca de 60 quilos (132 libras). O
mesmo café é vendido aos torrefadores americanos por R$ 315, disse por
telefone de Brasília.
Os
exportadores brasileiros apostam que aumentarão as remessas para a
Coreia em 4,5 por cento anuais nos próximos cinco anos, a taxa mais
rápida entre os principais mercados que eles abastecem, disse Guilherme
Braga, diretor do grupo de exportadores de café CeCafé. O crescimento
esperado para as vendas para o Japão, o maior mercado de café da Ásia, é
de menos de 1 por cento.
Escala de vantagem
Na Coreia,
as exportações brasileiras só estão atrás das vendas do robusta do
Vietnã, que teve cerca de 30 por cento do mercado no primeiro semestre
do ano passado, comparado com aproximadamente 20 por cento para o
Brasil, de acordo com o relatório de Terarosa.
Enquanto uma
queda da média de preços do arábica em Nova York nos últimos dois anos
reduziu os lucros dos cultivadores, o preço mais baixo está ajudando a
abrir mercados para os grãos em países onde o robusta ainda predomina,
disse Rabobank em um relatório de 28 de janeiro.
A Coreia
lidera esta tendência na Ásia e é vista pelos exportadores brasileiros
como uma porta de entrada para a região, onde outros mercados, como a
China, provavelmente seguirão o exemplo nos próximos anos, disse Silva.
Os padrões sanitários da Coreia também são uma referência para futuras
importações de países vizinhos, disse.
Até o
momento, a exportação total de café verde do Brasil para a Coreia
aumentou 19 por cento desde 2009, para 326.000 sacas no ano passado.
Apesar de que a quantidade é pequena em comparação com 2,6 milhões de
sacas vendidas ao Japão, o mercado coreano para o café brasileiro tem o
potencial de alcançar níveis semelhantes em apenas cinco anos, disse
Américo Sato, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café.
“A Coreia
tem o potencial de alcançar o Japão”, disse Sato em uma entrevista em
Brasília. “O Japão é o terceiro maior consumidor de café, mas já não há
muito espaço para o crescimento”.
Fonte: EXAME.com
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