quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Problemas de caixa da Petrobras começam a contaminar parceiros


 
Leila Coimbra e Jeb Blount
  • Arquivo Folha Imagem
RIO DE JANEIRO, 31 Jan (Reuters) - A Petrobras tem atrasado pagamentos a fornecedores e provocado dificuldades financeiras na cadeia de prestadores de serviços, após ter adotado uma política de redução de custos em meio a prejuízos na sua divisão de Abastecimento, aumentos de custos e produção estagnada.

Há também o atraso de pagamento para fundos de recebíveis criados para financiar esses prestadores de bens e serviços, segundo afirmaram fontes à agência de notícias Reuters, observando que a estatal alterou sua política de pagamentos recentemente e vem olhando com mais rigor os contratos.

Com isso, tem demorado mais tempo para liberar os recursos. Em uma espécie de efeito dominó, os prestadores de serviços também atrasam seus compromissos financeiros.

"Não vou dizer que a Petrobras é inadimplente, mas que está em atraso. Enquanto algumas companhias estão sofrendo, estou confiante que os pagamentos serão feitos", disse à Reuters Fernando Werneck, gestor de um portfólio de fundos creditórios na BI Invest, exclusivos de fornecedores da Petrobras.

Alguns dos fundos de investimento dedicados exclusivamente aos fornecedores da Petrobras registraram aumento da inadimplência. 

Os pagamentos em atraso em cinco Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) saltaram 58,6%, para R$ 18,4 milhões, em 31 de dezembro, ante R$ 11,6 milhões em setembro, segundo uma pesquisa da Reuters junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). 

O FIDC existe para ajudar a Petrobras a terceirizar o negócio de financiamento aos fornecedores. Fundos de investimento fazem empréstimos às empresas que possuem contratos com a estatal utilizando como garantia os recebíveis junto à Petrobras.

Ao longo dos últimos dois anos a Petrobras aportou cerca de R$ 7 bilhões para ajudar os fornecedores.

Pedidos de falências

Problemas financeiros já empurraram algumas empresas fornecedoras da estatal menores, como a GDK, a um processo de recuperação judicial. Grandes empresas, tais como a Lupatech, tiveram que vender ativos e levantar capital novo para evitar o pior.

Preocupações sobre como fazer negócios no Brasil, onde a Petrobras é responsável por mais de 90% da produção de petróleo, levaram a uma queda de 34% nas ações da italiana Saipem na quarta-feira.

A empresa prestadora de serviços e equipamentos offshore disse que os problemas do Brasil poderiam ajudar a cortar o seu lucro em 80% em 2013. As concorrentes Subsea 7 e Technip França, ambas também fornecedoras da Petrobras, chegaram a cair mais de 6% na quarta-feira (30).

O programa de redução de despesas, que visa cortar custos de R$ 32 bilhões no período de 2013 a 2016, foi anunciado no final do ano passado, após a Petrobras ter acumulado nos nove primeiros meses de 2012 mais de R$ 17 bilhões em prejuízo na área de Abastecimento (combustíveis), ao mesmo tempo que tem um plano de cinco anos de investir mais de US$ 200 bilhões.

Nessa conjuntura que favorece o crescimento do passivo, a agência de classificação de risco Moody's alterou em dezembro para negativo o rating da dívida da companhia.

Dificuldade para receber

Segundo fontes de empresas que prestam bens e serviços à estatal, a Petrobras tem demorado mais tempo para liberar os aditivos aos contratos.

Nas licitações, as empresas ganhavam oferecendo um orçamento abaixo do valor de mercado e depois recorriam aos aditivos, uma prática comum, já que depois esses aditivos eram liberados com mais facilidade.

"Agora há um rigoroso processo de avaliação por parte da estatal e sempre há a necessidade de mais e mais documentos. Enquanto isso, o dinheiro não sai", disse uma fonte de uma empreiteira de médio porte que presta serviço à Petrobras.

Com a demora na liberação dos pagamentos, as empresas precisam tomar empréstimo de curto prazo, disse a fonte, a custos altos, gerando um desequilíbrio nas contas. 

"Em geral tem demorado uns meses a mais. Como dois terços do nosso faturamento depende de contratos com a Petrobras, há um desajuste", disse à Reuters o executivo, na condição de não ter seu nome divulgado.

Algumas empresas têm quase a totalidade das receitas atreladas aos contratos com a Petrobras e podem acabar falindo com o atraso dos pagamentos. 

É o caso da Tenace Engenharia, que com 90% de faturamento oriundo da estatal pediu falência no fim do ano passado. 

A empresa tinha um grande contrato de construção de uma unidade de gasolina e diesel no Polo de Guamaré, no Rio Grande do Norte. Também prestava serviços para a estatal em Urucu, no Amazonas.

Segundo uma fonte da empresa, a Petrobras não concordou em renegociar aditivos aos contratos. A Tenace enviou um comunicado aos seus credores responsabilizando a estatal pelo seu fechamento, segundo a fonte, que preferiu não ser identificada.

A construtora GDK, também grande fornecedora da estatal, teve o seu pedido de recuperação judicial aprovado no dia 10 de janeiro pela Justiça da Bahia, segundo nota enviada pela empresa à Reuters.

E a construtora Egesa, responsável por parte das obras de uma unidade de fertilizantes da Petrobras, também anunciou recentemente aos seus funcionários e credores que "está passando por uma reestruturação financeira em função do cenário econômico atual".

Segundo a Petrobras, os pagamentos de seus compromissos "reconhecidos" são realizados de acordo com os prazos estabelecidos contratualmente.

Procurada pela Reuters, a estatal disse em nota que os eventuais pleitos de pagamentos adicionais aos contratados por parte dos fornecedores são submetidos a uma avaliação técnica por uma comissão constituída para este fim, bem como a uma avaliação jurídica.

"Após a conclusão deste processo, que está de acordo com contrato e com a legislação vigente, a negociação é submetida à aprovação das instâncias corporativas competentes. Dessa forma, eventuais pleitos não representam a existência de dívida por parte da Companhia", disse a estatal.

Parlamento Debate a Reforma Migratória

A Câmara analisa proposta que poderá reformular o chamado Estatuto do Estrangeiro e ampliar os direitos dos imigrantes. As medidas estão previstas no Projeto de Lei 5655/09, de autoria do Poder Executivo.

O Estatuto é uma lei de 1980 (Lei 6.815/80) que estabelece os princípios para visita, estada e permanência de um estrangeiro no Brasil. Ao longo do tempo, no entanto, a lei foi bastante alterada e os números sugerem que ela precisa ser revista.

Nos primeiros nove meses de 2012, mais do que triplicaram as autorizações concedidas a estrangeiros com pouca escolaridade para trabalhar legalmente no Brasil. O número de trabalhadores com baixa qualificação aumentou 246% em relação aos nove meses do ano anterior.

O número cresceu muito mais do que no caso das permissões para trabalhadores com doutorado, mestrado e pós-graduado, os chamados superqualificados, que são o objetivo do governo e a maioria dos autorizados a trabalhar no País. Em 2010 eram 961 mil estrangeiros vivendo regularmente no Brasil, número que aumentou para quase 1,46 milhão no ano passado.

A ajuda humanitária do Brasil no Haiti, desde o terremoto ocorrido no país em 2012, contribui para esse aumento. Já entraram no País cerca de 4 mil haitianos.

A relatora da proposta na Comissão de Relações Exteriores, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), acha que a reforma do Estatuto do Estrangeiro precisa avançar. O projeto, de autoria do Executivo, tramita há três anos, mas o turismo foi o assunto mais discutido até agora, já que a Comissão de Turismo e Desporto  aprovou o texto em novembro do ano passado.

Para Perpétua Almeida, na Comissão, o debate precisa ser aprofundado. “Vou ouvir as instituições que lidam com esse assunto, inclusive do governo federal. Acho importante trazer algumas personalidades importantes em áreas importantes para o Brasil para que a gente possa fazer a discussão”, detalha.

Segundo a parlamentar, sem dúvida é possível fazer o debate com tranquilidade e abertura. “Se nós provarmos e comprovarmos de que há uma necessidade hoje em áreas estratégicas do Brasil, há um interesse nacional sobre o assunto, temos que estar abertos a essa discussão e inclusive a adotar essas medidas”, argumenta.

Perpétua Almeida pretende promover audiências públicas para discutir o assunto ainda no primeiro semestre deste ano.

O presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) considera a questão polêmica, pois os estrangeiros tiram os bons empregos dos brasileiros. Ele cobra maior fiscalização por parte do Ministério do Trabalho. “Acho que o Ministério do Trabalho tem que aumentar a fiscalização na questão do trabalhador imigrante que vem ao Brasil. Pra montar uma estrutura, pra montar uma empresa tudo bem. O que ele não pode é ficar permanente aqui e tirar os empregos dos brasileiros, e, principalmente, repetindo, os melhores empregos, e tem acontecido exatamente isso”, critica.

O texto do projeto que reformula o Estatuto do Estrangeiro, já aprovado pela Comissão de Turismo e Desporto, cria o visto eletrônico, feito por meio da internet, e modifica o projeto original do Executivo para estabelecer o prazo de validade de dez anos para o visto de turista, com a possibilidade de o ministro das Relações Exteriores alterar esse prazo, considerando o interesse nacional.

A proposta altera, ainda, o prazo de permanência do turista no país, que passa de 90 para 180 dias a cada 12 meses, prorrogável por 30 dias em caso de viagens de negócios.

Após análise na Comissão de Relações Exteriores, a proposta segue para a Comissão de Constituição e Justiça.

(Cenário MT – 30/01/2013)

Por que a Petrobras vale menos do que a Ecopetrol, mesmo produzindo mais?


 

Companhia brasileira foi ultrapassada novamente pela colombiana na última sexta-feira, refletindo falta de confiança com a política nacional, aponta Financial Times.

A Ecopetrol, companhia colombiana de petróleo, mais uma vez superou a Petrobras como a maior empresa de energia de capital aberto por valor de mercado na última sexta-feira (25), segundo informações do Financial Times divulgadas nesta segunda (28). Entretanto, a colombiana produz cerca de três vezes menos do que a petrolífera brasileira. O que explica essa diferença?

Isso se deve à postura política "mais amigável" da Ecopetrol em relação aos negócios, atraindo assim os investimentos da indústria internacional de petróleo. Vale ressaltar que o governo colombiano possui 80% do capital da gigante do petróleo, respondendo também por cerca de 80% da produção do país - o que afasta qualquer comentário leviano de que a Petrobras é mal vista pelo mercado pelo fato de ser controlada pelo governo brasileiro.
No fechamento da última sexta-feira (25), o valor da Ecopetrol atingiu os US$ 129,5 bilhões, em comparação aos US$ 126,8 bilhões da brasileira. Entretanto, segundo a publicação, a valorização dos papéis da petrolífera colombiana não se justificam pelos fundamentos de seu negócio, mas sim uma maior confiança dos investidores não só na Ecopetrol como também na Colômbia.

Até o próprio diretor executivo da Ecopetrol, Javier Gutiérrez, ao ser questionado pelo Financial Times, ressaltou que não é possível compará-las, porque a Petrobras é uma gigante em diversos aspectos. Contudo, a percepção mais favorável dos investidores à empresa e ao país em relação ao Brasil ajuda nessa performance.

Falta de confiança é o principal motivo
 

Em contraponto, está a situação complicada da Petrobras que, apesar  da animação  com  as  recentes descobertas de petróleo no pré-sal, perderam 45% do valor de mercado  nos  últimos três anos.   Este movimento decorre do desapontamento dos investidores com os resultados   financeiros,   além   das preocupações com o grande volume de investimento necessário para exploração   das   descobertas e com as políticas de regulação do preço dos combustíveis, que vêm trazendo prejuízos  à  Petrobras.

O Financial Times destaca ainda que,  por   pertencer ao governo, a Ecopetrol é bastante sensível às decisões políticas,  além  de  contar com  um  mercado  de ações local menor, o que contribui para a tamanha demanda para as suas ações.

Analistas avaliam ainda que o fluxo de investimentos é o que está por trás  do  bom  desempenho  da Ecopetrol, uma vez que as restrições dos fundos de pensão colombianos a investimentos estrangeiros aumentariam os investimentos para a petrolífera. Com os fundos recebendo maiores aplicações,   eles estariam investindo mais na companhia.

Sucesso da Ecopetrol se explica pelo fracasso da Petro
 

Já o blog do Financial Times, Beyond Brics, destaca ainda que, como a forte queda dos papéis da Petrobras é um dos principais motivos para a Ecopetrol a ultrapassar em valor de mercado, um fator deve ser considerado, uma vez que as duas companhias são estatais.
"A percepção é de que os investidores veem as decisões políticas do Brasil como menos amigáveis do que na Colômbia", avalia o blog 

(InfoMoney, 29/1/13)

Petrobrás perde 40% de valor em 3 anos e cai em ranking de petrolíferas

31/01/2013 - 06:42:36 


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Empresa passou da segunda para a quarta colocação na lista de maiores empresas de gás e petróleo dos Estados Unidos e América Latina, segundo estudo da Economatica.
 
A Petrobrás perdeu 40% do seu valor de mercado em três anos e passou da  segunda  para a  quarta  posição   no  ranking  das maiores  empresas  de  gás e petróleo dos Estados Unidos e da América    Latina,    segundo    levantamento    da   consultoria Economatica para o Estado.
 
A estatal valia US$ 199,3 bilhões no dia 1º de janeiro de 2010, valor que despencou para US$ 119,9 bilhões nesta quarta-feira - uma diferença de quase US$ 80 bilhões. Em 2012, a  Petrobrás foi ultrapassada pela primeira vez pela Ecopetrol e a diferença agora se amplia. A empresa colombiana está avaliada hoje em US$ 130,1 bilhões e ocupa o terceiro lugar no ranking.
 
Com trajetória oposta à da concorrente brasileira, a Ecopetrol viu o seu valor de mercado disparar 165% no mesmo período, roubando o posto da Petrobrás de maior empresa latino-americana. As norte-americanas ExxonMobil e Chevron, que atualmente lideram o ranking do setor, também se valorizaram entre 2010 e 2013, com altas de 27,7% e 47,5%, respectivamente.
 
Para o professor de finanças do Insper Ricardo Almeida, o principal fator que explica o descolamento da Petrobrás é a decepção dos acionistas minoritários com a bilionária  capitalização   da  companhia, realizada em setembro de 2010. "O governo fez a cessão onerosa de uma forma que as regras ficaram muito   questionáveis.     Houve   um   desequilibro entre as condições do governo e a dos outros investidores", explica Almeida.
 
A chamada cessão onerosa foi uma troca feita entre a União e a Petrobrás. O governo "cedeu" barris de petróleo do pré-sal para a estatal e, em troca, recebeu ações da empresa. Nessa operação, na visão do  mercado  , o   governo    aumentou   a   sua   participação   na companhia com base em um valor superestimado do barril.
 
"Temos ainda um componente de incerteza que é a revisão dessa cessão onerosa,  quando teremos as mesmas dúvidas que ocorreram em 2010 em relação ao preço do barril",   destaca Almeida. Para ele, enquanto a revisão estiver pendente,  o papel  da empresa seguirá pressionado.     A nova leitura está marcada para setembro de 2014.
 
Interferência
 
Para o analista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi, prevalece a sensação  de  que o  governo  está interferindo  fortemente  na  Petrobrás,  destruindo  seu  valor. "Lá na frente,  a  empresa pode  ficar sufocada por prejuízos e não conseguir nem mesmo tocar o pré-sal."
 
Na  visão  de Galdi, a  redução  do  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados   (IPI)  impulsionou a produção de carros no País, sem que o refino de combustíveis tenha crescido na mesma proporção. "Por esse motivo, a companhia precisa importar e paga um preço maior lá fora do que vende aqui dentro."
 
O reajuste   de  6,6%  para a gasolina e de  5,4% para o diesel, anunciado pela estatal na última terça-feira, não foi suficiente para mudar o ânimo dos investidores. Apenas no pregão desta quarta-feira, as ações ON da Petrobrás recuaram 5,12%, enquanto as PN caíram 4,76%.    Grande parte dos analistas esperava   um  reajuste maior, entre 7% e 10%. Segundo Galdi,  mesmo com a alta nos preços, ainda resta uma defasagem de 6% no valor da gasolina.
 
Ânimo minado
 
A perda de valor de mercado da Petrobrás nos últimos três anos também é reflexo da frustração  dos investidores com a empresa, afirma o analista da corretora Coinvalores Bruno Piagentini.  "O ânimo com o pré-sal foi minado ao longo do tempo com números de produção abaixo da meta e atrasos em projetos, que elevaram os custos." Segundo ele, o  mercado agora  está apenas   precificando a  forte ingerência do governo na empresa.
 
Piagentini destaca, contudo, que a troca de comando na companhia - agora presidida por Graça Foster - trouxe mais transparência, além de um planejamento mais realista. "Não acredito que   s papéis vão despencar muito mais. Agora os investidores estão de olho nos números de produção.      " Os dados financeiros e de produção serão publicados na próxima segunda-feira, dia 4

 (O Estado de S.Paulo, 31/1/13)

Atraso em repasse da Petrobras afeta fundo

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Noticiário cotidiano - Indústria naval e Offshore
A mudança na política de pagamentos dos fornecedores pela Petrobras no fim do ano passado começou a afetar os fundos de recebíveis criados para financiar a cadeia de prestadores de serviço da estatal. Desde novembro, houve um aumento dos créditos com pagamentos em atraso em pelo menos três dos cinco Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) criados com essa finalidade e registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em um desses portfólios, gerido pela BI Invest, os créditos em atraso já chegam a 18% da carteira que somava R$ 24,574 milhões em dezembro, sendo que desse total R$ 3,469 milhões se referem a pagamentos com atraso superior a 90 dias.

Ao alterar a política de pagamento dos fornecedores que têm atrasado a entrega dos pedidos, a Petrobras tem demorado mais para repassar recursos. Como a maioria dessas operações são "a performar", a estatal resolveu não liberar os recursos enquanto não receber as entregas. Nesse cenário, algumas empresas têm tido maiores dificuldades financeiras.

E algumas dessas empresas que tiveram problemas estavam nos FIDCs de fornecedores da Petrobras, o que explica o aumento dos créditos com pagamentos em atraso nessas carteiras.

Procurada, a Petrobras informou que "não interfere na relação entre os fornecedores cedentes de crédito e os FIDCs", embora seja responsável pelo repasse dos pagamentos.

No fundo gerido pela Brasil Plural, que tem R$ 286,2 milhões de patrimônio, os créditos com pagamentos em atraso passaram de R$ 2,403 milhões em novembro para R$ 5,399 milhões em dezembro. Já no FIDC gerido pela Silverado Asset Management, que tem R$ 137,773 milhões de patrimônio, a parcela de créditos em atraso saltou de zero em outubro para R$ 3,059 milhões em dezembro. O atraso, na maior parte desses ativos, se concentrava na faixa entre 31 e 60 dias.

O diretor de risco da Silverado, Carlos Santos, confirma que tem ocorrido alguns atrasos na liberação de pagamento por parte da Petrobras em função da performance de alguns fornecedores, mas diz que são casos pontuais.

No FIDC do Brasil Plural, a inadimplência está concentrada em um único fornecedor com participação relevante no portfólio, afirma Leandro Albuquerque, diretor da área de operações estruturadas da Standard & Poor's, responsável pelo rating do fundo.

Para reduzir o risco, a Silverado aumentou desde setembro a diligência das carteiras e tem adotado critérios mais rígidos na avaliação dos fornecedores.

A gestora têm na carteira cerca de 25 fornecedores, com uma média de faturamento mensal entre R$ 3 milhões a R$ 5 milhões.

Em pesquisa interna realizada pela Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) no final de 2012, que reúne 140 associados, foi verificado que 10% das empresas associadas estavam preocupadas com o futuro de seus contratos com a Petrobras. "As pendências estão sendo negociadas diretamente entre a estatal e as empresas, e em breve a questão deverá estar solucionada", diz Antonio Müller, presidente da entidade.

A Petrobras tem demorado até dois meses em alguns casos para aprovar a documentação que permite que os fornecedores possam fazer o desconto das receitas com os fundos de recebíveis ou com as instituições financeiras.

A Petrobras tem sido mais rigorosa na revisão de contratos, não aceitando aditivos de custos, prática comum antes nessas operações em que os prestadores de serviços acabavam oferecendo um orçamento abaixo do valor de mercado para ganhar a licitação.

Como muitos fornecedores dependem da liberação de novos pagamentos para concluir as encomendadas que já deveriam estar financiadas, isso tem trazido dificuldade financeira para algumas companhias, que chegaram a entrar com pedido de recuperação judicial, como a Mana Engenharia e a GDK, que atua na montagem industrial e instalação de plantas de produção na área de petróleo e gás. Houve até mesmo uma decretação de falência, da Tenace Engenharia e Consultoria, que atuava na montagem e manutenção de refinarias e plataformas de petróleo.

Diante desse cenário, alguns gestores têm enfrentado dificuldade em encontrar fornecedores com boa qualidade de crédito. É o caso do fundo gerido pela Petra Capital, o Red FIDC Fornecedores, que estava com 65% do patrimônio em caixa, que somava R$ 56,822 milhões. Por ser mais conservador nas concessões, o fundo não apresentou aumento da inadimplência. A Petra tem se concentrado em operações de curto prazo voltadas para capital de giro, em média de sete meses, e trabalhado com tíquete médio menor, em torno de R$ 2 milhões. "Temos uma carteira bastante pulverizada, com concentração máxima de 5% do patrimônio por fornecedor", diz Fernando Fontes, diretor da Petra.

O fundo só não foi liquidado antecipadamente, como aconteceu com o FIDC Fornecedores BR 2 da BI Invest, porque o cotista subordinado nesse caso, que está arcando o custo da aplicação em títulos de renda fixa que rendem menos que os recebíveis, não é a Petrobras, mas sim o consultor do portfólio que é a Redfactor Factoring e Fomento Mercantil.

Fontes diz que o mercado ainda deve levar um tempo para se adaptar ao novo modelo de gestão de contratos da estatal. "Vai haver maior demanda de operações com perfil mais adequado." A estatal já lançou nove FIDCs dedicados a fornecedores, que desembolsaram, até novembro, R$ 511 milhões.

Fonte: Valor Econômico/Silvia Rosa | De São Paulo

Riqueza no lixo



31/1/2013 - 11h25

por Luciene de Assis, do MMA

Resíduos sólidos não aproveitados dão prejuízo de R$ 10 bilhões anuais ao país
O Brasil joga no lixo, a cada ano, cerca de R$ 10 bilhões por falta de reciclagem e destinação adequada de resíduos sólidos, e de uma política de logística reversa que gerencie o retorno de embalagens e outros materiais descartados de volta à indústria. É esta realidade que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) pretende transformar com a implantação, em todo o país, da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tema de oficina realizada no início da tarde desta quinta-feira, 30, último dia do II Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

Dentro da PNRS, a meta do governo federal é eliminar os lixões de todos os municípios brasileiros até o final de 2014, explicou o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU) do MMA, Pedro Wilson Guimarães. Os governos estaduais e municipais deverão providenciar a substituição dos lixões por aterros sanitários, pois, a partir de 2014, a liberação de recursos da União estará condicionada à existência de planos estaduais e municipais de gestão de resíduos sólidos e de saneamento básico. De acordo com anúncio feito pela presidenta Dilma Rousseff, na segunda-feira, durante a abertura do encontro, os prefeitos terão, em 2013, R$ 35.5 bilhões para investir em obras de saneamento, pavimentação e mobilidade urbana selecionadas no final de 2012.

Desperdício

"Os lixões são um problema sério que precisa ser enfrentado por todos os gestores”, disse o analista de Infraestrutura da SRHU, Eduardo Rocha Dias Santos. Ele afirmou que os prejuízos são enormes para o meio ambiente, com queda na qualidade de vida, no bem estar e na saúde pública, além de gerar desperdícios econômicos e impactos sociais significativos. A proposta é não gerar resíduos sólidos, mas reduzir, reutilizar e reciclar, tratando e dando destinação adequada.

Santos salientou que apenas a Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, não é suficiente para implantar o que se deseja. “Mas já é um começo”, admitiu. A lei define o compartilhamento de responsabilidades entre as três esferas de governo, o planejamento de ações de gestão e a implantação de infraestrutura adequada, priorizando-se a educação ambiental e a cobrança pela prestação desse serviço público com o objetivo de dar sustentação financeira à PNRS.

* Publicado originalmente no site Ministério do Meio Ambiente.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

ESTRANGEIROS DESCONFIAM DO RITMO DA ECONOMIA BRASILEIRA


Especialistas afirmam que os investidores estrangeiros estão desconfiados com o Brasil. Contudo, eles discordam dos motivos para essa insegurança. Parte deles acredita que essa situação é resultado do ritmo da condução da política econômica brasileira - com medidas intervencionistas -, instabilidade nas perspectivas para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) e baixa taxa de retorno em determinados projetos. Outros apontam que não só o País, como também o mundo precisam mostrar sinais melhores de recuperação.

Na semana passada, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse que se sente insegura a respeito das perspectivas para a economia brasileira.

Na opinião do economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank no Brasil (BES Investimentos), Jankiel Santos, é mais um agente internacional que mostra uma preocupação na situação brasileira. "Meus clientes, que são de vários países como Estados Unidos e da Europa, também demonstram essa mesma insegurança", diz.

O economista comenta que tentar atrair investidores apenas mostrando a demanda que o Brasil possui não está sendo suficiente, além de que há várias dúvidas sobre o desempenho econômico neste ano e nos próximos. "Com todas as medidas feitas para acelerar o PIB, por que o País não apresentou uma taxa de expansão mais alta ao longo de 2012? Outra questão é se mesmo o empenho que o governo está mostrando para atrair investimentos, isso irá resultar em garantias."

Jankiel Santos acredita ainda que o Brasil deixou de ser o "queridinho" dos investidores estrangeiros. "O governo precisa melhorar a burocracia, diminuir os impostos e que o retorno do capital seja maior. A discussão sobre esse retorno tem que ser entre governo e empresa, ou o mercado ditar qual seria o patamar ideal", aconselha o economista. O diretor-presidente da Fractal, Celso Grisi, que recentemente teve contato com representantes de fundos de investimentos na Itália e na Espanha, endossa a argumentação de Jankiel Santos. "Essa questão da insegurança não é uma opinião minha. Se conversar com qualquer investidor estrangeiro, ele fará esse discurso, de que as promessas de crescimento econômico e metas fiscais no Brasil frustraram e o número de intervenções do governo mostra uma política econômica mais voltada para o social, do que para o capitalismo", diz.

Ele aponta que as soluções para aumentar a credibilidade do País também envolvem marcos regulatórios mais liberais, que mostrem segurança jurídica, garantias ao capital, "como o empresário vai ficar com a posse de uma propriedade e que o governo não vai libera-la para movimentos como dos sem-terra". "Há um desencantamento dos estrangeiros com o Brasil, e o ingresso de investimentos estrangeiros diretos [IED] deve ficar por volta de US$ 60 bilhões", avalia Grisi.

Por outro lado, Marcio Cardoso, sócio-diretor da Título Corretora, avalia que a desconfiança do investidor estrangeiro não acontece somente por causa da situação brasileira. "Como os níveis de crescimento estão baixos, a tendência sempre é de mais cautela. Existem vários investidores com dinheiro em caixa e esses serão os que mais vão pedir garantias", diz. "O Brasil ainda tem muita liquidez e possui um mercado forte. Mas precisamos, com urgência, melhorar a infraestrutura para atrair ainda mais capital."

E segundo Cardoso essa desconfiança não é só dos estrangeiros. O boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC) mostrou que os analistas revisaram de 3,19% a previsão de expansão do PIB para 2013 conforme registrado na semana passada, para 3,10%.

Investimento menor

De acordo com último balanço do setor externo divulgado pelo BC, em 2012, os ingressos líquidos de IED alcançaram US$ 65,3 bilhões, queda de 2,10% ante o resultado de 2011. Os países que mais investiram no acumulado do ano passado foram Estados Unidos (US$ 12,310 bilhões), Países Baixos (US$ 12,213 bilhões), Luxemburgo (US$ 5,965 bilhões), Suíça (US$ 4,333 bilhões) e Espanha (US$ 2,523 bilhões).

Na comparação com igual período de 2011, dois países reduziram seus envios de recursos ao Brasil. No caso dos investimentos dos Países Baixos, que em 2011, foi o que apresentou o maior direcionamento, a queda foi de 30,32%. A Espanha também reduziu 70,64%. Já com relação aos EUA, Luxemburgo e Suíça, os envios subiram 38,17%, 219,5% e 263%, respectivamente, de 2011 para o ano passado.

Fonte: Diário do Comércio e Indústria

Autorizações de Trabalho Permanentes em Alta

O número de autorizações de trabalho concedidas a estrangeiros somou 73,022 mil em 2012, uma alta de 3,5% em relação ao ano anterior. O aumento foi ainda mais significativo na categoria empregos permanentes. Neste caso, foram concedidos 5.835 vistos, um volume 26% acima do contabilizado em 2011.

Na categoria de empregos permanentes, com autorização de dois anos ou mais, o setor de petróleo liderou a lista de atividades mais buscadas, seguido por serviços de engenharia, consultoria empresarial, fabricação de automóveis e construção civil.
Entre as nacionalidades dos estrangeiros que migraram para o Brasil no ano passado, Portugal foi o país que mais enviou trabalhadores (848 vistos de trabalho). Depois dos portugueses, destacaram-se os chineses, os americanos e os espanhóis.

— O número final de mais de 70 mil vistos é um dado bruto, que envolve situações bem distintas: desde a vinda de um técnico para consertar uma máquina até o profissional que vem para o Brasil trabalhar em uma empresa brasileira, traz a família e se enraíza mais no país — explica Paulo Sérgio de Almeida, presidente do Conselho Nacional de Imigração.

De acordo com Almeida, São Paulo foi o estado que mais atraiu trabalhadores, com 2.891 vistos, seguido pelo Rio de Janeiro, com 1.446 autorizações. Minas Gerais veio em terceiro lugar, com 361 imigrantes.

As principais ocupações são em níveis gerenciais, nas áreas de produção e operações, de pesquisa e desenvolvimento, analistas de negócios e analistas de sistemas. Técnicos em mineração e engenheiros também se destacaram. Já o número de diretores de empresas cresceu 22%.

— No caso dos diretores, isso significa que novas empresas de capital estrangeiro que se estabeleceram no Brasil estão trazendo seus executivos para trabalhar aqui — explica Almeida.
Outro dado relevante, destaca ele, diz respeito às pessoas físicas que trazem para o Brasil suas economias para investir no país, em geral abrindo uma firma ou se associando a alguma empresa. 

Neste caso, houve 1.176 autorizações, volume que corresponde a um aumento de 15%. Os investimentos desses estrangeiros somaram, no ano passado, R$ 286,4 milhões.
De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Imigração, o governo tem buscado formas de simplificar o ingresso de trabalhadores estrangeiros. Uma das saída é a redução do volume de documentos exigidos e a realização de todo o procedimento pela internet.

— Estamos trabalhando em uma nova política, para trazermos trabalhadores qualificados para o Brasil — enfatiza Almeida.
Eliane Oliveira
(O Globo – 29/01/2013)

Brasil precisa de 10 a 50 vezes mais Imigrantes


A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República elabora uma pesquisa com mais de mil empresas brasileiras e 500 estrangeiras para conhecer as dificuldades encontradas na contratação de trabalhadores estrangeiros no Brasil. O levantamento deve ficar pronto em pouco mais de um mês, segundo o ministro Moreira Franco, e deve orientar parlamentares e funcionários do governo em relação ao projeto de Lei 5.655/2009, conhecido como Estatuto do Estrangeiro, que tramita na Câmara.

“Vamos apresentar algumas sugestões ao projeto para tornar a lei ainda mais adequada e contemporânea, de forma a padronizar e agilizar processos e reduzir prazos, custos e incertezas”, destacou. “No mundo do Twitter, é preciso simplificar processos com o uso da tecnologia.”

O anúncio foi feito ontem (29/01/2013) durante um seminário sobre política migratória, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), centro da capital fluminense. O estudo é feito em conjunto com os ministérios da Justiça, do Trabalho e Emprego e das Relações Exteriores.

A pesquisa identificou também a necessidade de desenvolvimento da capacidade de avaliação permanente da demanda e oferta de mão de obra qualificada. “O responsável pela política migratória precisa ter um acompanhamento permanente sobre o mercado de trabalho, para saber o movimento da oferta e da demanda no geral e no específico. Sem isso não existe política migratória”, disse Moreira Franco, que negou que a entrada de estrangeiros possa gerar desemprego no futuro de trabalhadores brasileiros.

Com o aquecimento da economia, impulsionada sobretudo pelo setor de petróleo e gás, muitas empresas queixam-se da falta de mão de obra qualificada. Ao mesmo tempo, estrangeiros que trabalham no Brasil reclamam da burocracia e desinformação para conseguir trabalhar no país.

Hoje, a concessão de vistos de trabalho para estrangeiros exige a comprovação de escolaridade e experiência na área de atuação. Apenas os sul-americanos estão livres da obrigação. Se quiserem ocupar cargos que não exijam nível superior, os migrantes devem ter escolaridade mínima de nove anos e experiência de dois. Quando a vaga for de nível superior, o candidato precisa ter cumprido um ano de experiência na área depois do fim da graduação.

O ministro insistiu sobre a necessidade de facilitar a vinda de estrangeiros gabaritados para o país, no afã de compensar a escassez de profissionais qualificados, especialmente nas áreas técnicas.
“Esse é um problema grave. Precisamos de uma sociedade aberta, amigável, para criar um ambiente de negócios favorável à meritocracia, ao empreendedorismo e à inovação visando ganhos de produtividade e inovação”, disse Moreira Franco ao ponderar que falta uma política migratória mais atraente para o estrangeiro qualificado.
“Mas também precisamos ter uma sociedade mentalmente aberta e o debate sobre política migratória deve passar pelo plano político”, destacou ele.

O ministro lembrou que, nos últimos 100 anos, o Brasil retrocedeu e parou no tempo ao dificultar a entrada de mão de obra estrangeira. Segundo ele, apenas 0,3% da população brasileira é composta por imigrantes e um terço desse total tem mais de 65 anos.
Em 1900 o País chegou a ter 7,3% da população composta por imigrantes. “No passado, muito da nossa inovação tecnológica e da agricultura deveu-se a esse fluxo migratório.”

Ainda segundo o ministro, o Brasil precisaria ter cinco vezes mais imigrantes para alcançar a média latino-americana, dez vezes mais para alcançar a média mundial e 50 vezes mais, para chegar aos números da América do Norte e Oceania.

Além de mecanismos para diminuir a burocracia, Franco propôs também a modernização do processo de concessão de vistos e criação de tratamento diferenciado para os imigrantes interessados em trabalhar em alguns setores mais carentes de profissionais qualificados.

“Sem ampliar a mão de obra qualificada, teremos grandes dificuldades de conseguir aumentar a produção e estimular a inovação”, defendeu, ao lembrar que o País não está formando profissionais na mesma velocidade em que cresce a demanda por mão de obra em determinados setores.

O cônsul-geral de Portugal no Rio, Nuno Bello, salientou a necessidade de se acabar com a burocracia nas universidades e entidades de classe, responsáveis pelos processos de validação de diplomas e registros profissionais. “Tenho conversado com empresário aqui e lá em Portugal e tenho visto uma falta de diálogo dessas instituições com as estrangeiras.”

Para o presidente em exercício da Firjan, Carlos Mariani Bittencourt, o novo fenômeno da imigração de mão de obra apresenta desafios cruciais que o País precisa ultrapassar. “Nos últimos dois anos, houve 64% de aumento de profissionais expatriados no Brasil, sobretudo no setor de petróleo e gás devido à descoberta do pré-sal. A entrada de estrangeiros para suprir necessidades eventuais é bem-vinda”, declarou Bittencourt, que disse ainda que o estado do Rio está sofrendo muito com a burocracia para a concessão de vistos de trabalho para estrangeiros.

(Agências – 30/01/2012)

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Holandeses procuram investir no Brasil


29/01/2013
Holandeses procuram investir no Brasil

Brasília (29 de janeiro) – Em visita hoje ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o presidente do Comitê Consultivo de Investimentos da Organização das Indústrias Holandesas, Winand Leo Emile Quaedvlieg, disse que o Brasil apresenta atualmente interessantes oportunidades de investimentos para os europeus e holandeses. Acompanhado pelo embaixador da Holanda no Brasil, Kees Rade, o representante foi recebido pela secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Lacerda Prazeres. 

A Holanda, em 2012, investiu no Brasil US$ 9 bilhões, totalizando um estoque de investimentos de US$ 53 bilhões. Esses aportes foram mais significativos no setor químico e no comércio varejista, destacando-se ainda recursos na área de serviços financeiros.

Recentemente, o governo holandês abriu uma unidade da Agência Neerlandesa de Investimentos Estrangeiros (NIAE), em São Paulo-SP, definindo como áreas prioritárias para a alocação de recursos a agroindústria, a indústria alimentícia, o setor de transportes e logísticas, o setor energético e petroquímico, e ainda projetos ambientais, educacionais e culturais.

Durante o encontro, a delegação holandesa também comentou sobre a retomada das negociações para o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, anunciada neste fim-de-semana, em reunião dos dirigentes dos dois blocos econômicos, em Santiago, no Chile, e compartilhou a expectativa positiva para o avanço das tratativas.

Intercâmbio Comercial

O Brasil exportou para a Holanda, em 2012, US$ 15 bilhões, verificando crescimento de 10,3% em relação ao valor do mesmo período no ano anterior (US$ 13,6 bilhões). As importações brasileiras somaram, no ano passado, US$ 3,1 bilhões, com aumento de 37% sobre as compras registradas em 2011 (US$ 2,2 bilhões). Com esses resultados, houve superávit para o lado brasileiro de US$ 11,9 bilhões, em 2012.

Os principais produtos brasileiros vendidos ao mercado holandês, no ano passado, foram farelo de soja (US$ 1,9 bilhão, representando 13,1% do total exportado); óleos combustíveis (US$ 1,7 bilhão, 11,4%); minérios de ferro (US$ 1,3 bilhão, 9%); celulose (US$ 982 milhões, 6,5%); e óleos brutos de petróleo (US$ 796 milhões, 5,3%).
As mercadorias holandesas que foram mais adquiridas pelo Brasil, no ano que se encerrou, foram gasolina (US$ 1,5 bilhão, significando 49,3% das importações totais), hormônios naturais (US$ 63 milhões, 2,1%), sulfato de amônio (US$ 54 milhões, 1,8%); medicamentos (US$ 52 milhões, 1,7%); e bombas e compressores (US$ 50 milhões, 1,6%).


Assessoria de Comunicação Social do MDIC

Moreira Franco: Brasil precisa de mão de obra estrangeira qualificada

Rio de Janeiro - O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Moreira Franco, afirmou hoje (30) que, para compensar a escassez de profissionais qualificados, especialmente nas áreas técnicas, é necessário facilitar a vinda de estrangeiros gabaritados para o país.

“Esse é um problema grave. Precisamos de uma sociedade aberta, amigável, para criar um ambiente de negócios favorável à meritocracia, ao empreendedorismo e à inovação visando ganhos de produtividade e inovação”, disse Moreira Franco ao ponderar que falta uma política migratória mais atraente para o estrangeiro qualificado. “Mas também precisamos ter uma sociedade mentalmente aberta e o debate sobre política migratória deve passar pelo plano político”, destacou o ministro durante o seminário "Política Migratória Produção e Desenvolvimento", promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Ele destacou que, nos últimos 100 anos, o Brasil retrocedeu e parou no tempo ao dificultar a entrada de mão de obra estrangeira. Segundo ele, apenas 0,3% da população brasileira é composta por imigrantes e um terço desse total tem mais de 65 anos. Em 1900 o país chegou a ter 7,3% da população composta por imigrantes. “No passado, muito da nossa inovação tecnológica e da agricultura deveu-se a esse fluxo migratório.”

Ainda segundo o ministro, o Brasil precisaria ter cinco vezes mais imigrantes para alcançar a média latino-americana, dez vezes mais para alcançar a média mundial e 50 vezes mais, para chegar aos números da América do Norte e Oceania.

Além de mecanismos para diminuir a burocracia, Franco propôs também a modernização do processo de concessão de vistos e criação de tratamento diferenciado para os imigrantes interessados em trabalhar em alguns setores mais carentes de profissionais qualificados.

“Sem ampliar a mão de obra qualificada, teremos grandes dificuldades de conseguir aumentar a produção e estimular a inovação”, defendeu, ao lembrar que o país não está formando profissionais na mesma velocidade em que cresce a demanda por mão de obra em determinados setores.

O cônsul-geral de Portugal no Rio, Nuno Bello, salientou a necessidade de se acabar com a burocracia nas universidades e entidades de classe, responsáveis pelos processos de validação de diplomas e registros profissionais. “Tenho conversado com empresário aqui e lá em Portugal e tenho visto uma falta de diálogo dessas instituições com as estrangeiras.”

Para o presidente em exercício da Firjan, Carlos Mariani Bittencourt, o novo fenômeno da imigração de mão de obra apresenta desafios cruciais que o país precisa ultrapassar.

“Nos últimos dois anos, houve 64% de aumento de profissionais expatriados no Brasil, sobretudo no setor de petróleo e gás devido à descoberta do pré-sal. A entrada de estrangeiros para suprir necessidades eventuais é bem-vinda”, declarou Bittencourt, que disse ainda que o estado do Rio está sofrendo muito com a burocracia para a concessão de vistos de trabalho para estrangeiros.

Jornal do Brasil - 29/01/2013

ORGANISMO INTERNACIONAL - É VÁLIDA ARBITRAGEM PARA RESOLVER LITÍGIO, DIZ TST


Como o organismo internacional tem imunidade de jurisdição — o que impede a apreciação do caso pelo Poder Judiciário —,  a existência de cláusula contratual prevendo a sujeição do litígio à arbitragem garante um modo de resolver a controvérsia entre funcionário e órgão. A decisão é da 4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho ao negar um recurso de revista de uma trabalhadora contratada em março de 2000 pela Organização das Nações Unidas/Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (ONU/PNUD).
 
A funcionária foi contratada para exercer cargo técnico junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em junho de 2004, foi demitida sem a anotação na carteira de trabalho e a quitação das verbas rescisórias. Na Justiça do Trabalho, ela pediu o reconhecimento do vínculo empregatício com o organismo e a condenação subsidiária do Ibama, por ter sido beneficiário dos serviços prestados.
 
O juízo de origem considerou válida a cláusula do contrato que convencionara a submissão da demanda a um juízo arbitral e pôs fim ao processo. Ao examinar o recurso da empregada, o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF/TO) seguiu na mesma linha. Para o TRT, as cláusulas fixaram as regras da contratação (direitos e obrigações das partes), e, portanto, não seria razoável cogitar que a cláusula compromissória que elege o procedimento arbitral estivesse dissociada do objeto do contrato.
 
De acordo com o TRT-10, a alegação da empregada de que a utilização da arbitragem seria facultativa e que o Judiciário teria o dever constitucional de examinar todos os casos que lhe são submetidos, conforme artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal) também não procedia. Isso porque a cláusula previu, expressamente, a utilização da arbitragem na hipótese da impossibilidade de acordo amigável, e foi aceita espontaneamente pelas partes, o que torna sua observância obrigatória.
 
Na avaliação do ministro Eizo Ono do TST, além do descumprimento pela empregada da cláusula contratual de submissão do conflito ao juízo arbitral, o organismo internacional (ONU/PNUD) tem imunidade de jurisdição disciplinada em acordos e tratados internacionais ratificados pelo Brasil, o que significa que não há jurisdição do Estado brasileiro sobre esses organismos. Como a trabalhadora não apresentou exemplos de decisões conflitantes para caracterizar divergência de jurisprudência, o relator rejeitou o recurso de revista. A decisão foi unânime.
RR-87985-12.2005.5.10.0007
 
Com informações da Assessoria de Imprensa do TST.
Fonte Consultor Jurídico

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Incêndio em Santa Maria expõe falhas nas ambições do Brasil

Em meio a tragédias como a ocorrida no Rio Grande do Sul, o amadurecimento do Brasil parece irreal e duvidoso

REUTERS/Ricardo Moraes
Policiais em frente à entrada da boate Kiss em Santa Maria, Rio Grande do Sul, onde um incêndio matou 231 pessoas 

Policiais em frente à entrada da boate Kiss em Santa Maria, Rio Grande do Sul, onde um incêndio matou 231 pessoas: causa das mortes "não guarda nenhuma complexidade", afirmou especialista
Rio de Janeiro/Brasília - Um incêndio que matou 231 pessoas na madrugada de domingo em uma boate de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, está levando muitos brasileiros a questionar se a cultura de impunidade e falta de fiscalização poderão impedir o país de alcançar suas ambições de primeiro mundo.

Há uma década, o país é visto por economistas e investidores como um dos mais promissores mercados emergentes do mundo, o que contribuiu para que o Brasil elevasse sua presença comercial e diplomática e conseguisse sediar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, dois eventos para os quais a ordem e a segurança são cruciais.

A presidente Dilma Rousseff, que chorou no necrotério improvisado que foi montado perto da boate incendiada, está preocupada em reafirmar a marcha do Brasil rumo ao mundo desenvolvido.
"Nosso país hoje tem não só reconhecimento internacional", disse ela em discurso no ano passado, mas também "a confiança e a crescente autoestima de que nós, brasileiros, podemos transformá-lo em uma nação desenvolvida".

Mas, para muitas pessoas que convivem com um cotidiano de cidades caóticas, estradas arruinadas e um interior sem-lei, esse amadurecimento do país parece irreal.

Enquanto digeriam os detalhes sobre o bloqueio na única saída da boate Kiss e outras irregularidades na segurança, muitos brasileiros começaram a apontar o dedo para parlamentares, órgãos reguladores e para o que críticos dizem ser uma cultura geral de adesão mínima às regras, sejam as leis de trânsito ou os códigos de construção civil.

"A causa dessas mortes não guarda nenhuma complexidade", disse o especialista em situações de risco e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Moacyr Duarte."Foram elementos simples. Falhas de controles administrativos, falhas de fiscalização, falha de inspeção final, falha de planejamento do evento. Este conjunto levou à tragédia." Brasileiros comuns ecoam esse sentimento.

"Existe aqui uma tolerância com o descumprimento das regras", disse a advogada Flavia Rodrigues, de 34 anos, moradora de Brasília. "Essa tragédia poderia ter sido evitada se pelo menos houvesse cuidado suficiente." É claro que acidentes não são um monopólio do Brasil. Há uma década, uma tragédia semelhante matou 100 pessoas numa boate dos Estados Unidos, e ela se repetiu no ano seguinte na Argentina, deixando 194 vítimas fatais.

Mas as mortes do domingo, atingindo principalmente estudantes universitários, contribuem para as sombrias estatísticas que fazem do Brasil um país particularmente perigoso, mesmo quando comparado a outras nações latino-americanas.

Durante a recente década de crescimento econômico, que levou a um "boom" da construção civil, sindicatos e ativistas de direitos humanos criticaram o governo e as construtoras por uma disparada nas mortes e acidentes em canteiros de obras com pouca regulamentação. Quase 40 mil pessoas morreram em construções em 2011, segundo dados do governo. Em 2009, foram 35 mil.

A situação é dramática também nas movimentadas e mal conservadas estradas brasileiras. O país tem uma média superior a 18 mortes anuais em acidentes de trânsito por 100 mil habitantes, contra apenas cerca de 10 em países de alta renda, segundo um relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Na Argentina, na Colômbia e no Chile a média gira em torno de 13 mortes por 100 mil habitantes.

Mais perturbadores ainda são as taxas de homicídio. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil registrou em 21,7 crimes desse tipo a cada 100 mil habitantes em 2009.

Embora isso esteja abaixo do índice verificado em alguns países latino-americanos com graves conflitos sociais, a cifra é várias vezes superior às de Rússia (11,2), Índia (3,4) e China (1,0), outras economias emergentes às quais o Brasil costuma ser comparado.

Após uma recente onda de violência em São Paulo, resultado de uma guerra entre quadrilhas e a polícia na maior cidade brasileira, 91 por cento dos entrevistados em uma recente pesquisa do Ibope dizem se sentir inseguros. 

CULTURA DA IMPUNIDADE 

Para piorar as coisas, os homicídios, como muitos outros crimes num país onde o Judiciário é notoriamente lento, costumam ficar impunes.

Um relatório de 2012 do Ministério Público Federal mostrou que apenas 8 por cento dos homicídios no Brasil são solucionados, enquanto essa cifra chega a 65 por cento nos Estados Unidos e a 90 por cento na Grã-Bretanha.

Esse dado ampara a ampla sensação de que é possível escapar da Justiça mesmo em casos que resultam em mortes.

"Há uma cultura geral de impunidade", disse o sociólogo Julio Jacobo Waiselfiz, autor de um "Mapa da Violência" que compila anualmente estatísticas da criminalidade no país.

"Isso significa que os homicidas se livram, que as estradas não são consertadas, e que as regras e a fiscalização ainda não acompanham a promessa de crescimento econômico." Nesta segunda-feira, esse debate assumiu papel central nas discussões da imprensa brasileira, de governos locais e até de autoridades estrangeiras.

"Em São Paulo, prefeitura não tem estrutura para fiscalizar eventos", dizia um título do jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira, citando o relatório de uma CPI da Câmara Municipal. O governo paulista divulgou nota destacando o treinamento dos bombeiros locais para operações de busca e resgate. 

NA COPA 

Em visita a Brasília nesta segunda-feira, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, rejeitou rumores de que a tragédia de Santa Maria tenha ampliado as preocupações com a segurança nos estádios da Copa. O incêndio, disse ele a jornalistas, "não teve nada a ver com o futebol, nada a ver com os estádios".

Ele acrescentou que as regras de segurança rotineiras para as Copas permitem que "possamos esvaziar os estádios em menos de alguns minutos." A população certamente espera que sim.

Muitos se lembram do desabamento parcial do estádio da Fonte Nova (Salvador), um dos futuros palcos da Copa, ocorrido em 2007 por causa dos saltos dos torcedores. Sete pessoas morreram e várias ficaram feridas. Também está vivo na memória o desabamento de três prédios altos no centro do Rio, no ano passado, que causou cinco mortes.

Em carta ao jornal O Globo, um engenheiro geotécnico recentemente alertou que os temporais de verão podem causar uma repetição das enchentes e deslizamentos que mataram mais de 900 pessoas na serra fluminense em 2011.

Embora os governos estadual e federal tenham investido em tecnologias para avisar os moradores sobre a chegada de chuvas fortes, esse engenheiro observou que poucas providências foram tomadas para evitar que as pessoas continuassem morando em áreas de risco, ou mesmo que construíssem novas casas nesses locais de encostas.

"Não há nada de natural nesses desastres", escreveu o engenheiro Alberto Sayão. "O país não pode mais arcar com a impunidade causada pela leniência, a omissão e a incompetência das autoridades." 

(Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)

Exercício de Advocacia por Portugueses

Exercício da advocacia por portugueses é limitado.

O exercício da advocacia por portugueses no Brasil depende do atendimento aos requisitos estabelecidos no Estatuto da OAB, que pressupõe, dentre outros requisitos, a aprovação no exame de Ordem. Mesmo sendo beneficiários do Estatuto da Igualdade, o advogado português, ressalvada a possibilidade de ser consultor de direito estrangeiro, não se afasta daquelas exigências que incluem a aprovação no exame de Ordem. Sem elas, estar-se-ia exigindo menos de um estrangeiro do que de um brasileiro para ser advogado no país.

O estudo da situação jurídica dos estrangeiros no Brasil, durante muitos anos, foi feito com enfoque na vulnerabilidade que a sua simples presença em território nacional lhe causava. Embora a 
Constituição Federal assegurasse a igualdade entre brasileiros e estrangeiros, muito se discutia sobre a efetiva possibilidade de o estrangeiro gozar de benefícios como a progressão de regime prisional, a transação penal, o sursis da pena privativa de liberdade ou a fruição das liberdades provisórias. As autoridades preocupavam-se com a garantia da aplicação da lei brasileira, uma vez que a falta de vínculo com o Brasil possibilitaria ao estrangeiro furtar-se de responder o processo ou de cumprir as obrigações assumidas nas medidas despenalizadoras.

Esses assuntos não perderam a importância. Ao lado de outros temas corriqueiros como a cooperação jurídica internacional, o cometimento de crimes próprios de estrangeiros[1] ou a submissão a sanções administrativas que são peculiares a sua condição, como a expulsão e a deportação, somaram-se questões relativas ao exercício regular de direitos pelos estrangeiros no país que emergiram pela intensificação de sua presença no país.

A establização e o crescimento econômico dos últimos anos trouxeram para o Brasil um grande número de estrangeiros que pretendem trabalhar no país como babás, recepcionaistas, garçons, profissionais liberais ou executivos de empresas. Segundo o IBGE[2], norte-americanos, japoneses, paraguaios, portugueses e bolivianos constituíram os principais grupos que imigraram para o país nos últimos 5 anos. Com esse fluxo de pessoas, emergiram problemas jurídicos novos que não eram comuns.

Sejam haitianos que ingressam no país pelo Acre, sejam japoneses que, em regra, vêm trabalhar em empresas, há um traço comum que liga todas essas pessoas: a necessidade do estrangeiro trabalhar regulamente no país. Neste artigo, pretendo abordar o exercício da advocacia por estrangeiros, em especial por advogados portugueses, haja vista as peculiaridades que o regime constitucional brasileiro dispensa aos cidadãos de Portugal.

O exercício da advocacia pelos portugueses no Brasil

Os portugueses, assim como qualquer estrangeiro, são considerados não nacionais. Essa definição é dada por exclusão, englobando todos os estrangeiros de qualquer nacionalidade ou mesmo os apátridas, que se encontram sob as leis brasileiras e é importante porque representa o primeiro passo para entender a situação dos estrangeiros no país. A partir desse gênero, as leis brasileiras dispensara tratamento jurídico diferenciado a uma série de grupos reunidos por características próprias: há os estrangeiros que estão no Brasil por motivo transitório, como um turista, estudante ou missionário; há os estrangeiros que se encontram no país para fugir de perseguições políticas ou para fugir de situação de risco ou de maciça violação aos direitos humanos, como são os asilados e refugiados; há os estrangeiros que têm a intenção de se fixar no território nacional, que são os imigrantes em geral; e há, por último, os portugueses, que são estrangeiros em condição especial, aos quais é assegurada a igualdade de direitos inerentes ao brasileiro.

Com efeito, são assegurados aos portugueses os direitos inerentes aos brasileiros, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros em Portugal, nos termos do parágrafo 1º do artigo 12 da Constituição da República:

“Art. 12. (in omissis)
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição”.

A regra constitucional, claramente, não é autoaplicável. Para a fruição da igualdade de direitos é necessária a existência de reciprocidade em favor de brasileiros, o que é apurado nos termos do Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta firmado entre Brasil e Portugal, promulgado pelo Decreto 3.927/2001.

De acordo com o artigo 15 do Tratado, o português que se encontrar no Brasil somente pode se beneficiar do Estatuto da Igualdade por decisão do ministro da Justiça, após requerimento fundamentado para o gozo de direitos civis e políticos. Sem a decisão ministerial, o português, em solo pátrio, é um estrangeiro como outro qualquer.

O português que está no Brasil pode ter o mesmo tratamento do cidadão boliviano, americano ou paraguaio. Mas pode também fruir, em igualdade de condições, os mesmos direitos inerentes ao brasileiro, sem precisar se naturalizar, distinguindo-se, assim, dos demais estrangeiros. Há, portanto, uma duplicidade de tratamento.

Ao trabalhador português no gozo do Estatuto da Igualdade são assegurados não só os direitos humanos, que decorrem da sua dignidade como pessoa, mas os mesmos direitos trabalhistas, previdenciários e sociais que são extensíveis aos brasileiros.

Mas a situação dos advogados é peculiar em razão das qualificações da profissão. No Brasil, o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão é livre, desde que atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer, nos termos do artigo 5º, XIII da Constituição Federal. Trata-se de um direito submetido a uma reserva legal qualificada, que tolhe do legislador a discricionariedade para restringir o direito de forma diferente do que dispõe a fórmula “atendida as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.

A liberdade de profissão, portanto, é um direito inerente apenas ao brasileiro que preencha as qualificações legais. Não decorre simplesmente da condição de brasileiro, não sendo extensível, de per si, aos portugueses, que devem obedecer aos mesmos requisitos.
Para ser advogado, o brasileiro deve atender aos requisitos do artigo 8º da Lei 8.906/1993, in verbis:

“Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:

I — capacidade civil;
II — diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada;
III — título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
IV — aprovação em Exame de Ordem;
V — não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI — idoneidade moral;
VII — prestar compromisso perante o conselho”

Para os portugueses, não é diferente. A OAB, a quem compete, com exclusividade, interpretar seu estatuto[3]— editou o Provimento 129/2008 que estabeleceu que os advogados portugueses não estão isentos do cumprimento do artigo 8º da Lei 8.906/1993, que inclui, dentre seus requisitos, a aprovação no exame de ordem, senão vejamos:

“Art. 1º O advogado de nacionalidade portuguesa, em situação regular na Ordem dos Advogados Portugueses, pode inscrever-se no quadro da Ordem dos Advogados do Brasil, observados os requisitos do art. 8º da Lei nº 8.906, de 1994, com a dispensa das exigências previstas no inciso IV e no § 2º, e do art. 20 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB.
Art. 2º O disposto no o art. 1º não exclui a possibilidade do exercício da atividade do advogado português na qualidade de consultor em direito estrangeiro no Brasil, cumpridas as exigências do Provimento nº 91/2000-CFOAB”.

Conforme decidiu o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário 603.583/RS, o exame de ordem, bem como as demais qualificações trazidadas pelo Estatuto da OAB, são a “salvaguarda de que as profissões que representam serão limitadas, serão exercidas somente por aqueles indivíduos conhecedores da técnica”. Segundo esta decisão, as limitações ao direito de liberdade de profissão encontram sua justificativa para tão somente “assegurar que as atividades de risco sejam desempenhadas por pessoas com conhecimentos técnicos suficientes, de modo a evitar danos à coletividade”[4].

Se o brasileiro deve atender a todos esses requisitos para exercer a advocacia no país, com mais razão devem obedecê-los os advogados portugueses. A Constituição não estendeu aos portugueses mais direitos do que estendeu aos brasileiros. Estendeu direitos idênticos, com as ressalvas previstas na própria Constituição. Se o brasileiro precisa fazer exame de ordem, os portugueses, no gozo do Estatuto da Igualdade, também precisarão. É a salvaguarda que a advocacia somente será exercida por indivíduos conhecedores do Direito brasileiro.

Aliás, a exigência do exame de Ordem em Portugal, que foi criado em 2009, foi derrubada, há pouco mais de um ano, pelo Tribunal Constitucional daquele país, realçando os requisitos diferenciados para se tornar um advogado no Brasil e em Portugal. Sem fazer um juízo de valor, a lei brasileiroa, a toda evidência, faz mais exigências para o bacharel se inscrever na Ordem como advogado.
Com efeito, ao contrário do Estatuto da OAB, o Estatuto de Portugal, em seu artigo 187º, determina apenas que podem requerer a sua inscrição como advogados estagiários, os licenciados em Direito por cursos universitários nacionais ou estrangeiros oficialmente reconhecidos ou equiparados.

O estudante licenciado que acessa o estágio, o chamado advogado estagiário, já é considerado advogado pela lei portuguesa. O Estatuto da Ordem Portuguesa elenca no seu artigo 181º, n.º 1, alíneas a) à e), as restrições ao direito de inscrição passíveis de serem aplicadas e regulamentadas pela Ordem, não podendo ser inscritos: os que não possuam idoneidade moral para o exercício da profissão, os que não estejam no pleno gozo dos direitos civis, os declarados incapazes de administrar as suas pessoas e bens por sentença transitada em julgado, os que estejam em situação de incompatibilidade ou inibição do exercício da advocacia, bem como os magistrados e funcionários que, mediante processo disciplinar, hajam sido demitidos, aposentados ou colocados na inactividade por falta de idoneidade moral.
São essas as qualificações profissionais exigidas pela lei portuguesa, que se afastam daquelas enumeradas pelo artigo 8º do EOAB.

No ano de 2009, chegou-se a criar um exame de conhecimentos prévio à inscrição na Ordem dos Advogados Portuguesa, por meio da Deliberação 3.333-A/2009, que aditou o artigo 9º-A do Regulamento Nacional do Estágio da Ordem dos Advogados, criando o exame de ordem português. No entanto, o Tribunal Constitucional de Portugal, ao julgar o processo 561/2010, decidiu que, uma vez “[c]omprovados os demais requisitos e atestada a posse do grau de licenciado em Direito, não prevê o Estatuto da Ordem, em momento prévio e condicionante da inscrição na referida associação pública, qualquer outra prova de conhecimentos científicos, que se presumirão adquiridos”.

Deste modo, a imposição da aprovação no exame a que aludia o artigo 9º-A do Regulamento, que tem natureza de ato administrativo, como condição para que o candidato licenciado em Direito possa requerer a sua inscrição na Ordem dos Advogados trouxe requisito não previsto em lei, inovou indevidamente na ordem jurídica e foi taxado, ao final, como inconstitucional pelo acórdão 3/2011 da Suprema Corte Portuguesa.

O exame de ordem em Portugal, após breve período, deixou de ser requisito para inscrição do formado em Direito como advogado, cujos conhecimentos se presumirão adquiridos. A lei portuguesa permite, inclusive, que podem requerer a inscrição na Ordem os licenciados em Direito por cursos universitários nacionais ou estrangeiro. Basta que sejam oficialmente reconhecidos ou equiparados.

Considerações finais

Diante desse quadro, é equivocado pensar que os portugueses têm direitos iguais aos brasileiros apenas por serem portugueses. Enquanto não se tornarem beneficiários do Estatuto da Igualdade, por decisão do ministro da Justiça, os portugueses são estrangeiros como quaisquer outros. A isonomia de tratamento não decorre automaticamente da Constituição, que faz a ressalva da reciprocidade de tratamento.

E, mesmo quando beneficiários do Estatuto da Igualdade, os advogados portugueses só poderão trabalhar como tal no Brasil, sendo procuradores ou consultores de legislação brasileira, quando devidamente inscritos na OAB, obedecendo os requisitos que qualquer brasileiro necessita para se tornar advogado.

Na verdade, após as decisões do STF na ADI 3.026/DF e no RE 603.583/RS, que assentaram, respectivamente, que a OAB é um serviço público independente, não se submetendo ao controle de qualquer órgão público, e que o exame de Ordem é constitucional, o exercício da advocacia pelo advogado estrangeiro no Brasil, ressalvada a possibilidade de ser consultor de direito estrangeiro, dependerá do atendimento a todas as qualificações do Estatuto da OAB. Sem isso, pode-se estar diante do exercício irregular da profissão, que é tipificado como contraveção penal, a qual é cominada penas de multa e prisão. Sem isso, pode-se estar exigindo para um estrangeiro advogar no país menos do que se exige de um brasileiro.
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[1] Arts. 338 e 339 do Código Penal e art. 125, XI do Estatuto do Estrangeiro.


[3] No recente julgamento do RE nº 603.583/RS, relatado pelo Min. Marco Autério, em 16.10.2011, o Supremo Tribunal Federal deixou claro: “a Ordem dos Advogados do Brasil, precisamente em razão das atividades que desempenha, não poderia ficar submetida à regulamentação presidencial ou a qualquer órgão público, não só quanto ao exame de conhecimentos, mas também no tocante à inteira interpretação da disciplina da Lei nº 8.906/94”.
[4] A questão do risco à coletividade, como critério que norteia a interpretação das restrições do direito fundamental à liberdade de ofício, também se fez presente em todos os outros julgamentos do Supremo sobre o art. 5º, XIII da Constituição: no RE nº 511.961/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 16.06.2009, que tratou da exigência de diploma para exercício da profissão de jornalista, e do RE nº 414.426/SC, Relª. Minº Ellen Gracie, j. 01.08.2011, que cuidou da exigência do registro dos músicos no conselho profissional como condição de exercício da profissão.
Ricardo Marques de Almeida
(Procurador federal)
(Revista Consultor Jurídico – 28/01/2013)

Roadshow na Inglaterra: Governo de SP apresenta 8 projetos de PPPs para atrair investimentos internacionais


Oportunidades de negócios envolvem parcerias público-privadas, orçadas em R$ 40 bilhões, nas áreas de transporte coletivo sobre trilhos e construção de escolas e presídios, entre outros
LONDRES (Inglaterra) - Uma missão do Governo do Estado, liderada pelo vice-governador Guilherme Afif Domingos, apresentou nesta segunda-feira, dia 28, na City of London, o coração financeiro da Europa, um portfólio de investimentos do Governo de São Paulo, orçado em R$ 40 bilhões, para cerca de 40 representantes de empresas de infraestrutura, bancos, consultorias e fundos britânicos ou com representação na capital londrina. O objetivo deste roadshow, organizado em conjunto com o governo britânico e com apoio do Banco Mundial, é atrair potenciais investidores estrangeiros para oito Parcerias Público-Privadas (PPPs).

Integram a missão paulista o secretário Jurandir Fernandes (Transporte Metropolitanos), Peter Walker (presidente do Metrô), Luciano Almeida (Presidente da Investe São Paulo) e Rodrigo Tavares (Assessor Especial do Governo para Assuntos Internacionais).

Os projetos apresentados foram: Metrô Linha 6-Laranja; Metrô Linha 18- Bronze (Monotrilho); Metrô Linha 20-Rosa; rede de Trens Intercidades (Regionais); construção, operação e manutenção de três complexos prisionais; construção, manutenção e operação dos serviços de apoio não médicos (administrativos) de quatro novos hospitais; aula interativa (instalação e manutenção de lousas digitais e computadores) e pátio veicular integral (implantação e operação da logística para remoção, guarda e reciclagem de veículos). Veja detalhes das PPPs abaixo.

Após a realização da mesa redonda com os investidores estrangeiros, Afif falou sobre o encontro. "Foi muito importante essa conversa de hoje, pois começou a desatar os nós do relacionamento. O relacionamento externo do Brasil no campo dos negócios é complexo. Somos um país de excessiva burocracia e excessiva carga tributária. Mas, à medida que apresentamos projetos estruturados e damos respostas a muitas indagações, facilitamos a consequência da ação", afirmou.

O ministro britânico de Comércio e Investimentos do Reino Unido, Lord Green of Hurstpierpoint, que recebeu em audiência o vice-governador e a comitiva paulista, destacou o portfólio de obras do governo de Estado. "Como São Paulo vem se preparando para sediar a Copa do Mundo de 2014, existem muitos projetos de infraestrutura em andamento no Brasil. O setor de construção do Reino Unido é um dos maiores e melhores do mundo, e as empresas inglesas estão na posição ideal para aproveitar essas excelentes oportunidades o Brasil".

O roadshow termina nesta terça-feira, dia 29, quando a missão paulista terá encontros individuais, na embaixada brasileira, em Londres, com empresários e investidores interessados em mais informações sobre os projetos apresentados.

Conheça os 8 projetos de PPPs apresentados no roadshow:

1) Metrô Linha 6 -Laranja

Construção, operação e manutenção de linha de metrô com extensão de 15,3 km, ligando as estações de Brasilândia a São Joaquim, com atendimento de 630 mil passageiros/dia. Investimento: R$ 7,8 bilhões, sendo 50% de aporte público e 50% do setor privado.

2) Metrô Linha 18 - Bronze (monotrilho)

Implantação, operação e manutenção de 14,4 km de monotrilho, ligando a estação Tamanduateí , na capital paulista, ao Paço Municipal de São Bernardo do Campo. Investimento: R$ 3,01 bilhões, sendo 55% de aporte público e 45% do setor privado.

3) Metrô Linha 20 - Rosa

Construção e operação de 12,3 km dos 25 km de extensão de linha de metrô que ligará a Lapa a Moema, com atendimento de 468 mil passageiros/dia. Investimento: R$ 7,5 bilhões, sendo 50% de aporte público e 50% do setor privado.

4) Rede de Trens Intercidades (Regionais)

Construção de infraestrutura, implantação de equipamentos e sistemas e compra de material rodante para a operação de uma rede integrada de linhas de trens de 416 km, abrangendo as cidades de Santos, Mauá, São Caetano, Santo André, Jundiaí, Campinas, Americana, São José dos Campos, Taubaté e Sorocaba e que se conectará a uma estação no centro da cidade de São Paulo.

A rede será complementária ao Trem de Alta Velocidade (TAV) e acessível por metrô, trens e ônibus. Investimento:18,5 bilhões, sendo 30% de aporte público e 70% do setor privado.

5) Presídios

Construção, operação e manutenção de três complexos prisionais masculinos, totalizando 10,5 mil vagas, sendo 7,2 mil em regime fechado e 3,3 mil em regime semiaberto. Investimento: R$ 750 milhões.

6) Hospitais

Construção, manutenção e operação dos serviços de apoio não médicos (administrativos) de quatro novos hospitais no Estado: Hospital Estadual de São José dos Campos (150 leitos), Hospital Estadual de Sorocaba (250 leitos), Hospital de Especialidades da Mulher -Perola Byngon (200 leitos) e Hospital CERTOO -Hospital das Clínicas (100 leitos). Investimento: R$ 600 milhões.

7) Aula Interativa

Implantação de conteúdo digital inerativo em todas as escolas do Estado de São Paulo, nas séries do Ensino Fundamental II e nas 3 séries do Ensino Médio (3,3 milhões de alunos e 163 mil professores). Inclui desenvolvimento de conteúdo digital interativo com base na matriz curricular pedagógica da Secretaria de Educação; instalação de lousas digitais, computadores, servidores, datacenter etc e manutenção preventiva e assistência técnica às escolas. Investimento: R$ 1,5 bilhão.

8) Pátio Veicular Integral

Implantação e operação da logística de remoção, depósito, guarda e destinação de veículos, bem como modernização das atividades decorrentes da fiscalização de trânsito dos órgãos estaduais. Investimento: R$ 1,1 bilhão.

PROGRAMAÇÃO EM LONDRES

Agenda do vice-governador e missão de São Paulo
Data: Terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Horário: 9h00-12h30 (horário local) - Reuniões individuais com investidores e empresários
Local: Embaixada do Brasil, 14-16 Cockspur Street, Londres SW1Y 5BL