A queda de 10% no preço das ações da Petrobras na segunda-feira foi
resultado direto do que já era intuído nas últimas semanas. A empresa
permanece refém de uma política econômica inepta e eleitoreira, que
acumula número cada vez maior de reveses.
Havia, entre investidores, a esperança de que o governo anunciasse uma
nova política de preços para combustíveis capaz de dar algum respiro à
Petrobras, há anos sufocada pelo populismo tarifário.
O aumento de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel, destinado a
reforçar o caixa da estatal, provocou decepção generalizada. Não só por
ser uma correção insuficiente para eliminar a defasagem em relação aos
preços internacionais, mas também por parecer feita na medida para a
inflação neste ano ficar abaixo dos 5,84% registrados em 2012.
Foi mal recebida, ainda, a decisão do governo de manter secreta a
fórmula de reajuste de preços --o que até permite especular sobre sua
existência--, cuja função seria justamente dar mais previsibilidade ao
fluxo de caixa da Petrobras.
São sinais eloquentes de que a estatal continuará uma marionete nas mãos
do governo, queimando preciosos recursos que deveriam ser direcionados
ao investimento.
Em si ruim, a novela dos combustíveis é apenas mais uma evidência de que
o governo está preso em seu labirinto, acuado e incapaz de formular uma
estratégia adequada para a gestão da economia.
A inflação permanece alta, os juros sobem, o dólar ameaça aumentar com
mais intensidade, os resultados das contas públicas pioram e é cada vez
mais claro que a economia crescerá pouco em 2014.
A retração de 0,5% no PIB do terceiro trimestre, em relação aos três
meses anteriores, quase descarta uma expansão de 2,5% no ano
--desempenho que já seria pífio. Para 2014, analistas começam a projetar
resultado abaixo de 2%.
É particularmente preocupante que o PIB tenha encolhido sobretudo por
causa dos investimentos, que caíram 2,2% no trimestre. Com isso, o
acumulado do ano, positivo, apenas recuperará o tombo de 4% observado em
2012. Na prática, a taxa de investimento do Brasil permanece em parcos
18,6% do PIB, muito abaixo dos 25% da média dos emergentes e compatíveis
com um crescimento de 4% ao ano.
Há, sem dúvida, um dado positivo: o desemprego de 5,2% é o menor da
história. Este é o único --e fundamental-- indicador que destoa no
quadro geral de dificuldades. Não se sabe até quando, pois renda,
crédito e consumo crescem menos que no passado.
Talvez por aí se explique, com a ajuda das eleições, a resistência do
governo a adotar grandes medidas saneadoras da economia. À luz da
rapidez com que os problemas se acumulam, a teimosia pode custar muito
caro ao país.
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