Recuo de 2,2% do investimento sinaliza preocupação sobre futuro, dizem.
Terceiro trimestre é a 'entressafra' da economia, avalia economista.
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O recuo da economia brasileira
no terceiro trimestre em relação ao anterior já era esperado por
economistas e consultorias, mas a queda de 0,5% veio um pouco acima de
algumas previsões. A forte baixa do investimento também é vista com
bastante preocupação por especialistas ouvidos pelo G1, já que aponta para um futuro pouco promissor.
A formação bruta de capital fixo (o investimento) registrou recuo de 2,2% no terceiro trimestre na comparação com o segundo.
"Esse número é o mais triste, mostra que a capacidade futura de
expansão de oferta está comprometida, só sinaliza que o país está em
baixo crescimento, que o Banco Central continuará elevando os juros. O
investimento é uma variável importantíssima inclusive para a trajetória
de expansão futura", analisa o professor Márcio Salvato, coordenador do
curso de economia do Ibmec em Minas Gerais.
"A queda de formação bruta de capital fixo [investimento] é um dos
destaques negativos. Embora venha depois de fortes altas, sinaliza uma
preocupação quanto ao futuro", avalia a economista-chefe da Rosenberg e
Associados, Thais Marzola Zara. Essas "fortes altas" são as de 3,6% e
4,2% do segundo e primeiro trimestres deste ano, respectivamente.
Nos últimos anos, a economia vem mostrando dificuldade de manter um
ritmo mais forte de avanço de um trimestre para outro, segundo a
economista.
“O crescimento tem sido forte em um trimestre e fraco no seguinte. Nós
estamos perto do pleno emprego – o espaço para crescer é pequeno –,
precisamos de mais produtividade, o custo brasil ainda é alto, assim
como a carga tributária. Tem ainda a questão da logística. São entraves
que dificultam a manutenção da recuperação.”
'Entressafra da economia'
Para especialistas, contudo, os meses de julho a setembro tendem a
mostrar resultados mais baixos em relação aos outros trimestres do ano, o
que também ajudaria a explicar o desempenho mais fraco deste período,
em 2013.
“Normalmente, o terceiro trimestre é ruim em relação aos demais, pois
acaba o efeito da safra agrícola e ainda está começando o crescimento da
indústria para atender o final do ano. É a entressafra da economia”,
disse o professor da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite.
Entre os fatores que vêm gerando estagnação também estão o crescimento
da renda num ritmo menor, a inflação alta, que corrói o poder de compra,
e o endividamento das famílias, que vem chegando ao seu limite, para o
especialista.
No cenário de desaceleração da economia, principalmente neste terceiro trimestre, está o desaquecimento do setor de serviços, apontado pelo professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) Davi Simão Silber como um dos entraves para que o país mostrasse desempenho mais significativo.
No cenário de desaceleração da economia, principalmente neste terceiro trimestre, está o desaquecimento do setor de serviços, apontado pelo professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) Davi Simão Silber como um dos entraves para que o país mostrasse desempenho mais significativo.
Em nota, Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo (CNC), avalia que o resultado ruim terceitro
trimestre para os serviços e para economia como um todo já era
esperado. “Decepção maior foi a estabilidade do comércio - apesar do
ritmo mais forte das vendas em relação à primeira metade do ano, o nível
de atividade comercial ficou estagnado entre julho e setembro”, afirma,
na nota.
Crescimento no ano
Mesmo com o recuo no terceiro trimeste, Thais Zara afirma que mantém a
previsão de alta de 2,5% para o ano, mesmo porque o PIB do segundo
trimestre teve o crescimento revisado para 1,8% sobre o primeiro, ante
crescimento inicialmente reportado de 0,6%.
"As coisas meio que se compensam e com isso se espera um PIB de 2,5% no ano", disse.
A economista disse que o resultado negativo no terceiro trimestre veio
um pouco acima da queda de 0,2% prevista pela consultoria inicialmente.
Contudo, analistas ouvidos anteriormente pelo G1 esperavam recuo entre 0,11% e 0,5%.
Salvato, do Ibmec, disse ter ficado surpreendido, negativamente, pelo resultado. "Estou surpreendido, esperava que o desempenho da indústria estivesse melhor, números do segundo trimestre mostravam também recuperação do investimento... Os dados reforçam que este ano deve ter crescimento pífio."
Para Salvato, o crescimento de 2,2% neste terceiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado aponta como deve ser o crescimento acumulado do ano. "O terceiro trimestre é o melhor indicador de como vai ficar o ano e não mostra grandes expectativas para crescimento no Natal, já que a indústria não cresceu tanto assim, o setor de serviços não está tão aquecido", disse.
Salvato, do Ibmec, disse ter ficado surpreendido, negativamente, pelo resultado. "Estou surpreendido, esperava que o desempenho da indústria estivesse melhor, números do segundo trimestre mostravam também recuperação do investimento... Os dados reforçam que este ano deve ter crescimento pífio."
Para Salvato, o crescimento de 2,2% neste terceiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado aponta como deve ser o crescimento acumulado do ano. "O terceiro trimestre é o melhor indicador de como vai ficar o ano e não mostra grandes expectativas para crescimento no Natal, já que a indústria não cresceu tanto assim, o setor de serviços não está tão aquecido", disse.
Para 2013, a previsão do mercado e do Ministério da Fazenda
é que o PIB registre um aumento perto de 2,5%. Para 2014, a estimativa
dos analistas para o crescimento da economia avançou de 2,10% para 2,11%
na última semana.
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