segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Indicador da Direito SP retrata a confiança de brasileiros no Poder Judiciário

 

 

Este é o resultado inédito de uma nova apuração do Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), produzido pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (Direito SP), e que será divulgado na 9ª Edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ainda nesta semana.
Os brasileiros não-brancos – pardos, negros e indígenas – têm menor confiança no Poder Judiciário, entendem que os custos para entrar na Justiça são caros e declaram ter menor grau de satisfação com o trabalho da polícia. Este é o resultado inédito de uma nova apuração do Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), produzido pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (Direito SP), e que será divulgado na 9ª Edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ainda nesta semana.

“Os dados parecem indicar que a situação dos negros influencia negativamente a confiança desse grupo nas instituições do sistema de Justiça e na satisfação com a polícia”, conta Luciana Gross Cunha, coordenadora do Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada e professora da Direito SP, uma das responsáveis pelo indicador.

O ICJBrasil é apurado a partir da aplicação de um questionário, a cada trimestre, em oito diferentes unidades da federação, nas regiões metropolitanas e no interior, com cidadãos maiores de 18 anos que compõem uma amostra construída com base em variáveis como sexo, rendimento mensal domiciliar, escolaridade, faixa etária e condição socioeconômica. Durante o ano de 2014, foram entrevistadas 6.623 pessoas nos estados do Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.

Entre os que se declaram brancos, foi constatado que 34% dos entrevistados acreditam que o Judiciário brasileiro é “confiável ou muito confiável”. Já entre os pardos, negros e indígenas, 28% têm confiança no poder. Por outro lado, nesse mesmo grupo, 68% entende que o Judiciário é “pouco ou nada confiável”, taxa que cai para 62% entre os brancos.

Ao analisar os custos para acessar a Justiça, os dois grupos apresentam uma percepção bastante similar: 75% dos brancos entendem que o Judiciário Brasileiro é “muito” ou “um pouco” caro, enquanto os não-brancos com essa avaliação somam 77%. Por outro lado, 11% das duas categorias de respondentes acreditam que o acesso ao Judiciário é “barato” ou “muito barato”.

As diferentes impressões a respeito da confiança no Judiciário também aparecem quando é analisado o grau de satisfação com a polícia. Entre brancos, 67% se dizem “satisfeitos” ou “muito insatisfeitos” com as polícias, índice que cai para 62% entre o grupo que reúne pardos, negros e indígenas. Em paralelo, 38% deste grupo está “um pouco insatisfeito” ou “muito insatisfeito” com a polícia, enquanto a insatisfação entre brancos é de 33%.

“A situação mostra um quadro muito negativo. Sem a confiança na polícia e no Judiciário, o grupo de negros, pardos e indígenas não goza de sua condição de cidadania. É para dar transparência a esse quadro, e por entendermos que só com informação poderemos fortalecer essas instituições, que incluímos esses dados do ICJBrasil no Anuário Brasileiro de Segurança Pública”, afirma o pesquisador do Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada da Direito SP, Renato Sérgio de Lima.

Segundo os pesquisadores da Direito SP que participam da elaboração do ICJBrasil, há várias hipóteses que podem explicar os diferenciais de confiança e satisfação com as instituições. “A primeira tem a ver com a existência de discriminação racial na atuação dessas instituições em solucionar os problemas de cada grupo étnico. Outra hipótese seria a de haver diferenças de conhecimento e familiaridade com essas instituições, devido à alta correlação entre as dimensões de raça e o acesso à educação e a ocupação no mercado de trabalho”, avaliam os pesquisadores.

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