Andrey Rudakov/Bloomberg
Mercado de luxo: segundo as estimativa, o ganho seria o mais fraco desde o colapso da Lehman Brother
Andrew Roberts, da Bloomberg
O mercado global de bens pessoais de luxo
está caminhando para o ano mais fraco desde 2009, pois a turbulência
das bolsas, o dólar forte e a crise dos preços das commodities estão
limitando a demanda.
As vendas de itens como vestidos e sapatos de grife aumentarão apenas
1%, para 253 bilhões de euros (US$ 280 bilhões) em 2015, segundo a Bain
Co., que tinha projetado em maio um crescimento de 2% a 4%.
A estimativa, baseada em um cálculo que exclui as oscilações cambiais,
seria o ganho mais fraco desde que as vendas caíram 11% no ano seguinte
ao colapso da Lehman Brothers.
Marcas de luxo, como Louis Vuitton e Burberry, estão encontrando mais
dificuldades na China, pois a desaceleração da economia está exacerbando
o efeito da campanha do governo contra gastos ostensivos, o que
prejudica a demanda por bolsas e casacos. Ao mesmo tempo, o crescimento
dos EUA tem abrandado porque a volatilidade do mercado acionário e o
dólar forte estão limitando as aquisições feitas por locais e turistas.
As vendas de produtos de luxo cairão pelo segundo ano consecutivo na
China e não crescerão nos EUA, disse a Bain.
“Está ficando mais difícil concorrer”, disse Claudia D’Arpizio, sócia da
Bain e principal autora do estudo, em entrevista por telefone. No
melhor dos casos, o mercado se expandirá 2%, pressupondo uma demanda
forte na temporada do fim do ano, disse ela.
Euro
Pelo menos a desvalorização do euro está ajudando. As movimentações
cambiais darão um impulso de 26 bilhões de euros ao valor das vendas de
produtos de luxo neste ano, estima a Bain.
E os consumidores chineses continuam comprando onde moedas fracas lhes
dão poder de influir sobre os preços//uma vantagem cambial em relação
aos preços, especialmente na Europa e no Japão.
A empresa de pesquisa
projeta que os compradores chineses responderão por quase um terço dos
gastos mundiais em produtos de luxo, frente a 28% em 2014.
Os russos, por sua vez, se fazem notar pela ausência. Eles reduziram as
compras isentas de impostos na Europa em mais de um terço entre janeiro e
agosto, disse a empresa de consultoria.
A Bain antecipa que as joias sejam a categoria de melhor rendimento em
2015, com uma alta de 6%, em contraste com a queda nas vendas de
relógios causada pela fraqueza na Ásia. Itens como colares de diamantes
são cada vez mais vistos como um investimento seguro em um ambiente
econômico e financeiro incerto, segundo a empresa de consultoria.
D’Arpizio disse que projeta que o crescimento se fortalecerá a partir do
segundo trimestre de 2016. O “novo padrão” para o mercado de produtos
de luxo é um crescimento de 3% a 4%, disse ela. Essa estimativa exclui a
leva de consumidores chineses de classe média que poderiam impulsionar o
consumo.
O total de gastos em produtos de luxo será de mais de 1 trilhão de euros
em 2015, encabeçado pela aceleração das vendas de carros de luxo,
hotéis e obras de arte, disse a Bain no estudo, que é publicado duas
vezes por ano pela empresa junto à Altagamma, uma fundação do setor
italiano de luxo.
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