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Dani Rodrik, é turco, tem 57 anos e dá aula de economia política na Universidade de Harvard
São Paulo - Dani Rodrik, professor de economia política na Universidade de Harvard e um dos economistas mais influentes do mundo, acredita que o Brasil está sendo subestimado pelos investidores.
A opinião apareceu em conversa no Mercatus Center com Tyler Cowen,
professor da Universidade George Mason e autor do popular blog Marginal
Revolution, publicada no site Medium.
Ambos estão entre as contas mais influentes de economia no Twitter. Em pergunta de Cowen sobre qual país estava sendo subestimado pelos investidores, Rodrik citou o Brasil:
"Quando você olha para o que está acontecendo, por um lado é chocante que haja uma corrupção
tão generalizada na Petrobras e que parece ter chegado até lá em cima.
Por outro lado, quando você olha como eles lidaram com a situação, é
incrivelmente impressionante. É algo que mesmo em um país avançado você
não imaginaria acontecer: todos esses promotores e juízes de fato
seguindo o Estado de Direito".
Estudioso do fenômeno da desindustrialização,
Rodrik diz que a política industrial brasileira "não é ótima mas pelo
menos eles estão tentando fazer algo em relação a isso", e que de
qualquer forma isso deve ser visto separadamente.
O que importa é o senso real de responsabilização que está sendo
formado: "Eles estão demonstrando uma maturidade política de operação do
sistema décadas à frente mesmo de países industriais mais avançados
(...) Eu apostaria no longo prazo no Brasil".
Um membro da audiência se apresentou como brasileiro e agradeceu pelas
"palavras de esperança", mas perguntou qual era a perspectiva para um
país onde o "capitalismo de compadrio e as regulações draconianas são
mais regra do que exceção".
Rodrik diz que sua visão do Brasil se formou em comparação a outros
emergentes como a Turquia, seu país, onde o presidente Tayyip Erdogan e
sua família estão diretamente implicados em corrupção e tentam controlar
politicamente a Justiça de forma explícita.
"O tipo de coisa da qual Dilma pode ser culpada empalidece na comparação
(...) Pelo menos no Brasil vocês estão lidando com essas coisas. Estão
tentando superá-las. Talvez não seja 5 anos... talvez vocês descubrem
outras coisas acontecendo. Mas minha recomendação é que vocês se
orgulhem de ter um sistema que está de fato tentando limpar as coisas.
Isso é realmente raro. Não está acontecendo na Turquia.
Não está
acontecendo na Tailândia. Não está acontecendo na maior parte dos países
em desenvolvimento que eu conheço. Neste sentido, o Brasil é exemplar".
Globalização
Para Rodrik, o país mais superestimado atualmente é a Índia, que está
apostando em uma industrialização de grande escala difícil de sustentar
no contexto atual.Nada de "nova China", portanto.
O economista, aliás, recomenda humildade na hora de julgar a atuação do
governo chinês diante das últimas dificuldades: "estamos falando do país
que engendrou o programa de redução da pobreza mais milagroso da
história".
Rodrik é famoso pelo livro "A Globalização foi Longe Demais?" e pela
formulação do dilema pelo qual democracia, soberania nacional e
integração econômica global são mutualmente incompatíveis e um país
precisa escolher ter no máximo dois destes três.
Em entrevista para a revista EXAME em 2013, Rodrik
disse que "a má sorte do Brasil é que começou a desindustrialização
mais cedo do que a Coreia do Sul. E isso explica boa parte da diferença
entre os níveis de renda dos dois países. Infelizmente, é muito difícil
reverter a perda agora."
Veja o vídeo da entrevista completa. O primeiro trecho sobre o Brasil
aparece no ponto de 1 hora, 02 minutos e 43 segundos e a pergunta da
plateia é no ponto de 1 hora e 15 minutos:
https://www.youtube.com/watch?list=PLS8aEHTqDvpInY9kslUOOK8Qj_-B91o_W&v=M17H2dZixEI
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