Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Luiz Inácio Lula da Silva: o ex-presidente fez um paralelo com a crise
de 2008, dizendo que ela já consumiu mais de US$ 10 trilhões para salvar
o sistema financeiro
São Bernardo do Campo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou nesta terça-feira, 13, que a presidente Dilma Rousseff fez as
pedaladas fiscais para pagar dois dos maiores programas sociais de sua
gestão, o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida.
Ele argumentou que o governo deveria utilizar esta justificativa para
explicar à população a adoção das pedaladas, mesmo que tenha admitido
não conhecer bem o assunto.
A declaração de Lula foi dada na abertura oficial do 1.º Congresso
Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em São Bernardo
do Campo.
"Estou vendo a Dilma ser atacada por conta de umas pedaladas. Eu não
conheço o processo, mas uma coisa, Patrus (Ananias, ministro do
Desenvolvimento Agrário, que estava no evento), que vocês têm que falar é
que talvez a Dilma, em algum momento, tenha deixado de repassar o
Orçamento para a Caixa, porque tinha que pagar coisas que não tinha
dinheiro. Ela fez as pedaladas para pagar o Bolsa Família, ela fez as
pedaladas para pagar o Minha Casa Minha Vida", disse Lula.
O ex-presidente disse que "todo mundo sabe" que o Minha Casa Minha Vida
subsidia trabalhadores que ganham até três salários mínimos.
"Tem um forte subsídio do governo, o dado concreto é que custa caro ao
governo, é investimento que o governo faz". E continuou: "Se o governo
não subsidiar, não acontece."
E fez um paralelo com a crise de 2008, dizendo que ela já consumiu mais de US$ 10 trilhões para salvar o sistema financeiro.
"Imagina se isso fosse colocado nas fábricas para ajudar os trabalhadores e se fosse colocado para combater a fome no mundo?"
Ao ser chamado para compor o palco, ao lado de dirigentes sindicais,
representantes de movimentos sociais e de políticos, como o prefeito de
São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), e o ex-senador e atual
secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, Eduardo
Suplicy, entre outros, Lula foi recebido em pé sob aplausos e palavras
de ordem dos participantes do congresso.
O I Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
ocorre até o dia 16 e reúne 4 mil camponeses de 20 Estados brasileiros,
no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, com o tema "Plano
camponês, aliança camponesa e operária por soberania alimentar".
Marinho
O prefeito de São Bernardo do Campo disse, em rápida saudação às
lideranças camponesas presentes ao evento, que as elites desejam "com a
tentativa de golpe" derrubar o governo Dilma e atingir Lula, maior
liderança de seu partido.
"Sei o momento político que estamos enfrentando no nosso País e sei das
dificuldades do governo da presidente Dilma Rousseff e das críticas que
recebemos, mas sei que ninguém deseja um golpe contra a presidente. O
que a elite deseja é um golpe contra os trabalhadores e inviabilizar a
liderança de Lula", disse Marinho.
O prefeito citou ainda que nos estúdios da Vera Cruz, local em que foram
gravados os filmes de Mazzaroppi e onde está sendo realizado o
congresso do MPA, ocorreu também o primeiro congresso do PT e a fundação
da CUT.
Em breve discurso, o presidente da Confederação Nacional dos
Metalúrgicos (CNM), Paulo Cayres, o Paulão, conclamou os presentes a
defenderem o legado do ex-presidente Lula, pedindo que todos se
levantassem e cerrassem os punhos, com os mesmos braços que plantam nos
campos, em defesa do petista.
Patrus Ananias voltou a dizer que o Brasil não está à beira do precipício e que a atual crise está sendo inflada.
"Vemos no nosso País os resultados positivos das políticas do governo
(petista, de Lula e de Dilma)", emendou. Mas reconheceu que ainda há
muito a fazer. "Temos de fazer os acertos econômicos, mas não vamos
perder o rumo", exemplificou.
O presidente da Federação Única dos Petroleiros, José Maria, disse no
evento que a luta em defesa da Petrobras não é corporativa.
"Este congresso e o da CUT tem que mandar um recado a quem quer dar um
golpe no País. Vamos lutar para que a democracia no País continue em pé,
só estamos há 13 anos no poder e tem uma longa estrada pela frente."
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