Em São Paulo
- Divulgação
O jurista Ives Gandra Martins, professor emérito da Universidade
Mackenzie, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército e Superior
de Guerra e membro da Academia Brasileira de Filosofia, disse em
entrevista ao Broadcast Político (serviço de notícias em tempo real da
Agência Estado) que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem competência
para anular a eleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e de seu vice
Michel Temer (PMDB), caso comprove que sua campanha foi abastecida com
verbas vinculadas à corrupção.
"O TSE quer saber se o dinheiro da corrupção abasteceu a campanha [de Dilma]", disse.
Num contraponto ao jurista Dalmo Dallari que, em parecer, alegou que o TSE não teria competência para cassar o mandato de Dilma, Gandra diz que, se a corte não tivesse competência para isso, ficaria sem função.
"O TSE tem obrigação [de ver essas questões], se não, a corte não teria
função nenhuma. O TSE pode anular [uma eleição] com a maior
tranquilidade, a Corte tem competência para isso. A função do tribunal é
saber se o cidadão pode ou não assumir e se o processo foi ou não
devido, de maneira que está na sua competência verificar se a campanha
foi ilegal ou não", reiterou, dizendo que respeita muito Dallari e que
os dois são muito amigos. "Gosto muito do Dallari, mas aí não está se
discutindo impeachment."
Para Gandra, o que o Tribunal Superior Eleitoral pediu foi apenas a reabertura de uma investigação para saber se houve ou não contaminação da campanha.
"Se ficar comprovado que o partido (PT) recebeu este dinheiro, e o
Vaccari (ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso na Operação Lava
Jato) já está na prisão, evidente que isso poderia levar a eleição de
Dilma a ser considerada anulável, uma vez que ela teria sido eleita com
dinheiro de delito."
O jurista disse ainda que, se o TSE
comprovar que a eleição foi contaminada e que Dilma não pode ser
presidente e nem Michel Temer vice, os dois ainda podem recorrer ao
Supremo Tribunal Federal.
"Quem dará sempre a última palavra sobre esta
matéria é o Supremo", frisou.
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