O grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley
Batista, está negociando a compra da gigante de celulose Fibria. Os
Batista são donos da Eldorado Celulouse. A Fibria é controlada pela
família Ermírio de Moraes e pelo BNDES.
As negociações entre os Batista e os Ermírio de Moraes têm esbarrado
num problema. Para não ser obrigado a fazer uma oferta pública a todos
os acionistas da Fibria — empresa cujo valor de mercado, hoje, beira os
30 bilhões de reais –, Joesley Batista tenta viabilizar uma oferta por
apenas 24,99% das ações.
Como Votorantim e BNDES têm, juntos, cerca de 60% das ações, essa
limitação cria algumas dúvidas. Os Ermírio de Moraes aceitarão uma
oferta por apenas parte de suas ações? Nesse caso, teriam de se tornar
sócios dos Batista e compor com eles um novo acordo de acionistas. Se
aceitarem essa condição, a que preço venderiam? Como é natural em
operações desse tipo, os vendedores esperam receber um prêmio por suas
ações. Os Batista julgam que, após uma valorização de 60% no ano, os
papéis da Fibria estão caros demais — e pedem um desconto para fechar
negócio. Segundo executivos que participam das negociações, nenhuma
oferta foi formalizada até agora, e é possível que as conversas
naufraguem.
O BNDES é visto como a parte mais interessada em aproveitar o
excelente momento vivido pelo setor de papel e celulose para vender um
pedaço de suas ações.
O grupo J&F é assessorado nas negociações pelo banco Credit
Suisse. A família Ermírio de Moraes é representada por executivos da
Votorantim. A Suzano, da família Feffer, e a chilena CMPC já foram
alertadas das negociações entre os Batista e os Ermírio de Moraes e
podem preparar suas próprias ofertas pela Fibria.
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