Miguel Medina/AFP
Fitch: a Fitch cortou a nota do Brasil de "BBB" para "BBB-"
Da REUTERS
São Paulo - A agência de classificação de risco Fitch
cortou nesta quinta-feira a nota de crédito do Brasil, ainda mantendo o
selo internacional de bom pagador, mas alertando que o país pode em
breve perder essa chancela conforme as finanças do governo se deterioram
em meio à prolongada recessão.
A Fitch rebaixou o país de "BBB" para "BBB-", último degrau que garante o
chamado grau de investimento. A agência manteve a perspectiva negativa
no novo rating, sugerindo que outro corte é possível ao longo do próximo
ano, como era esperado pelos agentes econômicos.
Em nota, a agência explicou que a decisão reflete o crescente peso da
dívida do governo, elevados desafios à consolidação fiscal e piora do
cenário de crescimento econômico. "O difícil ambiente político está
afetando o progresso da agenda legislativa do governo e criando reações
negativas para a economia mais ampla", informou ainda a Fitch em nota
assinada pela analista Shelly Shetty.
Já a perspectiva negativa, ainda segundo a Fitch, reflete a visão de que
o mau desempenho econômico e fiscal deve persistir, enquanto a
incerteza política deve continuar pesando sobre a confiança, atrasar a
recuperação do investimento e do crescimento e aumentar os riscos para a
consolidação fiscal a médio prazo necessária para a estabilização da
dívida.
O rebaixamento do país pela Fitch vem após a agência Standard &
Poor's retirar o selo de bom pagador do Brasil em setembro ao cortar o
rating do país para "BB+", ante "BBB-", 10 dias após o governo prever
inédito déficit primário na proposta orçamentária de 2016.
Em agosto, a Moody's rebaixou o rating do Brasil para "Baa3", última
nota dentro da faixa considerada como grau de investimento, e ajustou a
perspectiva da nota para "estável" ante "negativa".
O país vive cenário de recessão econômica com inflação elevada, em meio à
intensa crise política entre o Executivo e o Legislativo, que inclui
pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e adiamentos
de votações no Congresso Nacional de medidas fiscais preparadas pelo
governo.
"A Fitch está nos dando algum tempo para que avancemos na direção dos
ajustes necessários para o próximo ano... Se esse avanço não vier,
podemos perder o grau de investimento no primeiro trimestre (de 2016)",
afirmou o economista-chefe do banco Safra, Carlos Kawall, que já foi
secretário do Tesouro Nacional.
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