George Campos / USP Imagens
Josué Leonel, da Bloomberg
O BC
da Colômbia foi hoje o segundo a citar a política econômica brasileira,
marcada nos últimos anos por uma reação hesitante contra a alta
inflação, como exemplo a evitar. Antes havia sido o BC da Índia a fazer
observação semelhante.
“Eu creio que o Brasil é um excelente exemplo do que não se deve fazer”,
disse Carlos Gustavo Cano, co-diretor do BC colombiano, ao jornal
Vanguardia Liberal, quando indagado se a alta dos juros no país não
poderia levar a um cenário como no Brasil. ”Reagir tarde (contra a alta
da inflação) é contraproducente e pode prejudicar a economia.”
A taxa de juros colombiana, que subiu em setembro para 4,75%, é cerca de
1/3 dos 14,25% do Brasil. A inflação colombiana também é muito menor:
4,74% em 12 meses até agosto, menos da metade dos 9,5% do Brasil.
O comentário do dirigente colombiano foi precedido em quase um mês por
Raghuram Rajan, presidente do BC da Índia. Rajan, que comanda a política
monetária de um país que poderá crescer mais que a China este ano,
disse que o Brasil mostrou o perigo de se tentar crescer rápido usando
juros subsidiados, estímulos e controles de preços.
As críticas dos dois dirigentes, em seu conteúdo, não diferem das feitas
por economistas do mercado e por outros ligados a partidos de oposição
brasileiros.
Essas críticas tem sido comuns desde o início do 1º mandato de Dilma,
sobretudo após o BC, mesmo com a inflação acima da meta, ter decidido
cortar os juros em 2011.
A situação atual é totalmente oposta à vista até a 1ª metade do governo
Dilma. Em 2011, antes de começar a mudar a política econômica herdada de FHC e
Lula, a presidente Dilma chegou a ser considerada pela Forbes a 2ª
mulher mais poderosa do mundo, atrás apenas da alemã Angela Merkel.
Ainda em 2012, mesmo com as críticas internas aumentando, Dilma ainda se
sentiu confiante para, em entrevista ao Le Monde, sugerir que Europa
fosse menos ortodoxa e seguisse o exemplo de países emergentes que
usavam incentivos para superar a crise.
Três anos depois, o Brasil realmente virou um modelo. Mas não exatamente um modelo a se seguir, como pensava Dilma.
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