A defesa alega que não dispõe de tempo suficiente para analisar o conteúdo de uma "supermídia" com 5,42 gigabytes com documentos
São Paulo – A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
pediu por meio de habeas corpus a imediata (concessão de liminar)
suspensão do processo criminal em que ele é réu por corrupção e lavagem
de dinheiro no caso tríplex – imóvel situado no Guarujá, litoral de São
Paulo, que a Lava Jato diz pertencer a Lula, o que sempre foi negado por ele.
A defesa alega que não dispõe de tempo suficiente para analisar o
conteúdo de uma “supermídia” com 5,42 gigabytes com documentos que a
Petrobras anexou aos autos – estima-se que o arquivo tenha 100 mil
páginas.
O ex-presidente vai ser interrogado nesta quarta-feira, 10, pelo juiz
federal Sérgio Moro. Na ação, ele é acusado de ter recebido R$ 3,7
milhões em propinas da OAS que, em troca, teria fechado três contratos
com a Petrobras, supostamente por ingerência de Lula.
O habeas que pede a imediata suspensão do processo criminal foi
protocolado, segundo a defesa, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF4), que tem jurisdição e competência para confirmar ou barrar
medidas de Moro.
Se a Corte federal acolher a liminar, o interrogatório de Lula terá de ser adiado.
A defesa quer que “seja concedido prazo razoável para a análise dos
documentos, além da apresentação da íntegra da relação antes requerida e
deferida pelo Juízo, com a eventual renovação dos atos processuais
subsequentes que tenham sido prejudicados pela decisão ilegal”
Segundo os advogados de Lula – os criminalistas Cristiano Zanin
Martins e Roberto Teixeira -, os documentos da Petrobras foram
solicitados desde 10 de outubro de 2016, mas “foram levados – em parte –
ao processo somente nos dias 28 de abril e 2 de maio de 2017, por meio
digital”.
“A mídia apresentada perfaz 5,42 gigabytes e foi levada aos autos sem
índice e de forma desorganizada. Há cerca de 5 mil documentos
(técnicos, negociais e jurídicos) e são estimadas cerca de 100 mil
páginas. É materialmente impossível a defesa analisar toda essa
documentação até o próximo dia 10, quando haverá o interrogatório do
ex-presidente e será aberto o prazo para requerimento de novas provas
(Código de Processo Penal, artigo 402)”, escreveram.
Segundo os advogados de Lula, “sequer a impressão foi concluída a despeito da contratação de uma gráfica para essa finalidade”.
“Mas o juízo da 13.ª Vara Federal de Curitiba negou prazo adicional
por nós requerido e também negou a entrega do restante da documentação
não apresentada, contrariando sua própria decisão anterior e o
compromisso assumido pela Petrobras em audiência de disponibilizar tudo o
que havia sido solicitado”, argumenta a defesa do petista.
“A negativa do juiz causa inequívoco prejuízo à defesa de Lula, pois a
acusação faz referência a três contratos firmados entre a Petrobrás e a
OAS e ao processo de contratação que o antecedeu, mas somente algumas
peças foram anexadas à denúncia após terem sido selecionadas pelo
Ministério Público Federal.”
Os advogados de Lula sustentam que “a decisão fere a garantia da
paridade de armas, pois, além de os documentos negados serem do
conhecimento da acusação, que fez diversas requisições diretamente à
Petrobrás e foi atendida, a petrolífera pediu e obteve no processo a
função de assistente de acusação”
“É manifestamente incompatível com essa garantia de paridade de armas
que somente a acusação e sua assistente tenham acesso a documentos
relativos a contratos tratados na ação penal. Em razão disso,
protocolamos hoje um habeas corpus em favor de Lula perante o Tribunal
Regional Federal da 4.ª Região, pedindo liminarmente a suspensão do
processo e, ao final, a concessão da ordem para que seja concedido prazo
razoável para a análise dos documentos, além da apresentação da íntegra
da relação antes requerida e deferida pelo Juízo, com a eventual
renovação dos atos processuais subsequentes que tenham sido prejudicados
pela decisão ilegal.”
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