Afonso Ferreira
Do UOL, em São Paulo (SP)
Do UOL, em São Paulo (SP)
Em meio às faíscas e ao barulho da linha de produção, lábios com batom e
rostos maquiados. Na fábrica de equipamentos industriais Dimensão
Máquinas, em Trindade (GO), são as mulheres que fazem o trabalho pesado.
Desde que passou a contratar força de trabalho feminina para atuar na
linha de produção, em 2009, o empresário Francisco Luciano Alves de
Jesus, 37, diz que a produtividade aumentou e os negócios começaram a
prosperar.
Jesus diz que, enquanto três homens demoravam 45 dias para produzir um
equipamento, o mesmo número de mulheres fazia o serviço em metade do
tempo. No ano, eles produziam a média de oito peças e elas, 16.
"Com os homens, tinha dificuldade para dividir tarefas porque eles eram
mais orgulhosos. Já as mulheres trabalham melhor em equipe, o que
possibilitou o aumento no quadro de funcionários e, consequentemente, a
produtividade."
Em quatro anos, o número de funcionárias
aumentou e o faturamento da fábrica triplicou, segundo o empreendedor.
Enquanto em 2009, a receita anual do negócio era de R$ 200 mil, a
arrecadação de 2013 já superou os R$ 600 mil.
A mudança começou
quando o empresário precisou de apoio na produção para dar conta dos
pedidos. "Na época, só tinha eu e três homens na produção. Pedi para a
secretária dar uma força e ela gostou do trabalho. Conforme a empresa
foi crescendo, comecei a contratar apenas mulheres", diz.
A
secretária, que hoje não trabalha mais na fábrica, gostou da atividade e
pediu para permanecer na linha de produção, segundo Jesus. Depois dela,
outras secretárias foram contratadas, mas também pediram para mudar de
setor.
De acordo com o empresário, a inclusão de operárias na
produção começou a incomodar os homens. "Eles não aceitaram ter mulheres
na mesma função e com o mesmo salário. Em um ano, os três pediram
demissão", declara.
Hoje, a empresa tem 11 funcionárias e quatro
estagiárias e fabrica oito peças por mês. As funções são de soldadora,
eletricista, montadora, torneira mecânica e pintora. Nenhum homem, além
do proprietário, trabalha na empresa.
Funcionárias são vaidosas e ganham 'vale-salão'
Para premiar a equipe quando uma meta é atingida, o empreendedor criou o "vale-salão". Elas ganham de R$ 50 ou R$ 100 por mês como motivação quando batem a meta.
"O salão de beleza é apenas uma sugestão para uso do dinheiro, mas elas podem gastar o benefício como quiserem", afirma.
Segundo Jesus, apesar de as funcionárias terem liberdade para usar o
dinheiro para comprar o que quiserem, na maioria das vezes elas utilizam
o bônus no salão de beleza.
Além do "vale-salão", o empresário
disponibiliza estojos com batom, rímel e cremes para as operárias
retocarem a maquiagem durante o expediente.
"Ainda que tenhamos
de usar uniforme e o trabalho seja um pouco desgastante, não deixamos de
lado nossa vaidade", declara a gerente de produção Joice Ioleni da
Silva, 26.
Ambiente misto favorece troca de ideias na empresa
Para a consultora do Sebrae-GO (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Goiás) Paula Cristina Borges Gomide, as mulheres têm algumas virtudes inatas, como maior capacidade de concentração e de executar várias tarefas ao mesmo tempo.
No entanto, segundo Gomide, não
dá para dizer que os homens estavam impedindo o crescimento da empresa.
"As mulheres souberam preencher falhas que os antigos profissionais
deixaram, provavelmente porque estavam desmotivados", diz.
A
gerente nacional de recrutamento e seleção do grupo Manpower, Lisângela
Melo, afirma que a contratação de profissionais não deve levar em
consideração características como sexo, idade, altura, peso, etnia ou
religião. A competência deve ser o quesito principal.
"Um
ambiente misto, com homens e mulheres, jovens e profissionais
experientes, é sempre o mais indicado, pois favorece a troca de ideias e
faz com que um problema seja analisado com olhares diferentes",
declara.
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