O Cade entendeu que a operação não causa concentração maior do que 20% no mercado nacional nem maior do que 50% nos regionais
São Paulo e Brasília – O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem a compra da Brasil Kirin pela Heineken, anunciada em fevereiro.
A operação criou a segunda maior cervejaria no Brasil. Além da marca
principal, a Heineken já comercializava no Brasil os rótulos Kaiser,
Bavária, Amstel, Sol, Desperados e Xingu.
Já a Brasil Kirin é dona das cervejas Devassa, Schin, Baden Baden,
Cintra e Glacial. Atua no setor de refrigerantes e água mineral.
A Superintendência do Cade entendeu que a operação não causa
concentração maior do que 20% no mercado nacional nem maior do que 50%
nos regionais. Por isso, não gera preocupações concorrenciais.
Ao anunciar o negócio, a Heineken avaliou que a aquisição aumentaria o
alcance da empresa pelo País. A empresa tinha menos unidades que a
Brasil Kirin: apenas cinco cervejarias.
A Heineken pagou R$ 2,2 bilhões pela rede de 12 fábricas da
concorrente, menos da metade dos cerca de R$ 6 bilhões investidos pela
companhia japonesa, em 2011, para adquirir a Schincariol.
Com a Kirin, a Heineken passa a deter 19% do mercado nacional,
segundo dados informados pela empresa holandesa com base em números da
companhia de pesquisa Canadean.
Com isso, ela passará a ser a segunda maior cervejaria do Brasil,
deixando para trás o Grupo Petrópolis, com cerca de 15%, de acordo com
dados da Nielsen. Na liderança absoluta, a Ambev segue com seus mais de
65% de participação.
Além dos concorrentes Ambev e Grupo Petrópolis, a Federação
Brasileira das Associações dos Distribuidores Brasil Kirin, (Febradisk)
também entrou como interessada no processo.
Os distribuidores diziam temer que a transação colocasse sua atividade em risco.
A Febradisk afirma que os contratos com a Brasil Kirin obrigavam a
exclusividade e citaram análises avaliando que o novo controlador
poderia dispensar a rede de distribuição.
Mercado
Dados da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia)
apontam que o faturamento do setor de bebidas no Brasil teve um
crescimento nominal de 7,2% em 2016, na comparação com 2015, abaixo da
inflação do período.
A receita da Brasil Kirin cresceu 0,2% no ano, chegando a R$ 3,706 bilhões, segundo reportou a companhia.
No mercado global, a Heineken teve lucro líquido de ¤ 293 milhões no
primeiro trimestre de 2017, 11% maior que o ganho de igual período de
2016.
Na mesma comparação, as vendas orgânicas de cerveja subiram 0,6%,
impulsionadas pelos resultados na Europa e na região da Ásia e do
Pacífico.
O dado de vendas surpreendeu, uma vez que analistas previam queda de
0,5% no último trimestre. A companhia obtém cerca de dois terços de seu
lucro em mercados emergentes, como o Brasil.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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