Por AFP
MONTREAL, 8 outubro 2013 (AFP) - O primeiro-ministro do
Canadá, Stephen Harper, tentou nesta terça-feira acalmar a revolta
brasileira com as suspeitas de espionagem contra Ottawa, rompendo o
silêncio do governo canadense a respeito do assunto.
A informação sobre as atividades do Centro da Segurança das
Telecomunicações do Canadá (CSTC) "me preocupa muito", declarou Harper
durante a cúpula Ásia-Pacífico, realizada na ilha indonésia de Bali.
Na segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff condenou as práticas
de espionagem de Estados Unidos e Canadá, depois de revelações da Rede
Globo sobre casos de espionagem das comunicações do Ministério das Minas
e Energia.
"A denúncia de que o Ministério da Energia foi alvo de espionagem
confirma as razões econômicas e estratégicas por trás desses fatos",
afirmou a presidente na segunda-feira, considerando que é "urgente que
os Estados Unidos e seus aliados encerrem suas ações de espionagem de
uma vez por todas".
De Bali, o chefe do governo canadense se manifestou um dia depois
de o Ministério da Defesa - do qual o CSTC depende - ter respondido à
imprensa com um lacônico "não comentamos as atividades de coleta de
dados no exterior".
Harper afirmou que não estava em condições de "fazer comentários
sobre as operações das agências de segurança nacional" e que se referia à
existência de "um comissário responsável por vigiar essas atividades e
por garantir que respeitassem as leis do Parlamento canadense".
O maior investidor estrangeiro na mineração brasileira
O Canadá tem grandes interesses no Brasil, em especial no setor de
mineração, declarou nesta semana o ministro de Minas e Energia, Edison
Lobão, para quem o conflito bilateral é grave.
O Canadá é o primeiro investidor estrangeiro no setor minerador
brasileiro, no qual atuam 40 empresas do país norte-americano, como as
produtoras de ouro Kinross e Yamana Gold.
Em 2012, os investimentos das empresas canadenses nesta área
superaram 2 bilhões de dólares, 19% do total de investimentos em
mineração no país. No sentido inverso, a mineradora Vale tem atuação no
Canadá, onde adquiriu em 2006 a empresa Inco, segunda maior produtora de
níquel do mundo, graças as suas minas no norte de Ontário.
Os dois países também compartilham interesses no setor petroleiro e
aeronáutico, onde operam a canadense Bombardier e a brasileira Embraer.
O Brasil investiu cerca de 15,4 bilhões de dólares no Canadá no ano
passado, enquanto Ottawa investiu 9,5 bilhões de dólares no Brasil no
mesmo período.
Segundo a Rede Globo, o programa de espionagem canadense, chamado
de Olympia, permitia vigiar as comunicações do ministério brasileiro
para verificar os contatos do país com "outros órgãos, dentro e fora do
Brasil, além da Petrobras".
As suspeitas de espionagem estão baseadas em documentos dos
serviços de inteligência canadenses revelados pelo ex-analista da
inteligência americana Edward Snowden, que trabalhava para a Agência de
Segurança Nacional de seu país e que se encontra atualmente refugiado na
Rússia.
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