Artigo do jornal britânico conclui que "trajetória deprimente" do país nos últimos anos pode levar a uma visão mais realista do país no exterior
Percussão de samba: jornal vê oportunidade de Brasil fugir dos clichês
São Paulo - O Brasil voltou a ser assunto no Financial Times. Em artigo de opinião
assinado por John Paul Rathbone e publicado no final da tarde de ontem,
o jornal britânico cria um paralelo entre a ascensão e queda dos
negócios de Eike Batista e a euforia da era Lula seguida de crescimento baixo.
Chamando o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva de "o mais
bem-sucedido político do seu tempo por quase qualquer critério", o texto
nota que o Brasil conquistou maior protagonismo internacional e avanços
sociais, mas que "grande parte da 'nova classe média' permanece, na
realidade, apenas a um contracheque de distância da pobreza."
O FT diz que impulsionados por anos de liquidez internacional e boom
das commodities, Eike e Lula eram dois lados de uma mesma moeda. O país,
segundo ele, vive agora um momento de "perda de rumo", mas que pode ter
consequências positivas.
"O desapontamento pode pelo menos libertar o Brasil da prisão de seus
muitos clichês (samba, praias, dinheiro, diversão!) com os quais Lula e o
Sr. Batista frequentemente brincaram e que o mundo tão ansiosamente
comprou", conclui.
Como evidências de uma nova visão mais realista do Brasil, John Paul
destaca o impacto limitado da falência de Eike, o tamanho e potencial da
economia brasileira e a estabilidade do país mesmo com "uma vizinhança
difícil", citando a Venezuela, Argentina e Bolívia.
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