quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Compra da Galderma pela Nestlé ressalta desafio na saúde


Companhia pagou US$ 3,6 bilhões para assumir o controle completo da empresa de dermatologia que revitaliza a pele

Matthew Boyle, da
Getty Images
Nestle

Nestlé: fabricante de tratamentos para a acne e para a psoríase, a Galderma passará a ser parte de uma nova divisão conhecida como Nestlé Skin Health

Londres - A Nestlé pagou ontem US$ 3,6 bilhões para assumir o controle completo da Galderma, a empresa de dermatologia que revitaliza a pele. O CEO da Nestlé, Paul Bulcke, terá que fazer o mesmo na unidade para impulsionar o crescimento.

Fabricante de tratamentos para a acne e para a psoríase, a Galderma passará a ser parte de uma nova divisão conhecida como Nestlé Skin Health, com um estoque de marcas que vai de drogas de venda sob receita a sabonetes e protetores solares para a pele, o cabelo e as unhas de venda livre. Trata-se da mais recente tentativa da Nestlé de entrar no ramo da saúde, setor que promete um crescimento mais rápido e maiores margens de lucros do que o principal negócio da empresa suíça, a comida.

“Do ponto de vista da Nestlé, há benefícios na diversificação, e o cuidado da pele possui margens altas e um forte potencial de crescimento”, disse Oru Mohiuddin, analista da Euromonitor International, em Londres. “Mas 2013 não foi um ano fácil para a Galderma e eles estão se preparando para os desafios à frente”.

A Nestlé está contando com o controle completo para ajudar a unidade a reviver seu desempenho. O crescimento das vendas da Galderma desacelerou no ano passado para 3,9 por cento, abaixo do ritmo superior a 10 por cento de anos anteriores, pois a maior concorrência de produtos genéricos nos EUA reduziu as margens. A Galderma contratou quatro gerentes novos, reorganizou suas unidades empresariais e agora dependerá mais da pesquisa global, da distribuição e do poder de marketing da Nestlé.

Uma Galderma autônoma “nos dá uma maior liberdade porque de vez em quando, era bastante restritivo” ser donos conjuntos, disse ontem o presidente da Nestlé, Peter Brabeck-Letmathe.


Imitando os rivais


A expansão para além da comida imita a estratégia perseguida por companhias de produtos para consumidores como a Procter Gamble e a Unilever: ambas abandonaram ativos de comida na última década para se focarem em marcas de cuidado pessoal como a Dove e a Gillette. 

O espaço de comida empacotada está “infestado” por “tendências de crescimento anêmico” há mais de dois anos, segundo um relatório da BB&T Capital Markets, de 30 de janeiro, pois as famílias comem mais alimentos naturais. A Nestlé programou a apresentação do seu relatório de lucros para o ano completo para amanhã.

Criada em 1981, a Galderma teve vendas de US$ 2,2 bilhões no ano passado e controla 6,9 por cento do mercado global de dermatologia, segundo dados da IMS Health citados no relatório anual mais recente da empresa de cuidado da pele.

Cerca de metade das suas vendas vêm de drogas de venda sob receita como Epiduo, um tratamento tópico para a acne. O restante é obtido com tratamentos de venda livre como Loceryl, para infecções de fungos nas unhas, e com o que a companhia chama de produtos “estéticos”, incluindo Restylane, que é injetado na pele como o Botox da Allergan Inc.
Ensaios clínicos


Galderma está tentando reduzir sua dependência das drogas de venda sob receita nos EUA, que devem passar por rodadas de ensaios clínicos e aprovações regulatórias e são suscetíveis à concorrência de imitações genéricas mais baratas.

A avançada da Nestlé para a saúde apresentou intermitências. Uma joint venture com a Baxter International Inc. para vender alimentos médicos foi debandada em 1996. A aquisição dos centros de dieta Jenny Craig em 2006 não deu certo, e a maior parte da empresa foi vendida em novembro. Em 2011, a companhia criou a Nestlé Health Science para combinar as marcas existentes de nutrição médica, como os batidos Boost, com investimentos menores.

“A Nestlé ainda está em modo experimental e investigativo, portanto o ramo da saúde da pele faz sentido nesse contexto”, disse James Amoroso, consultor independente da indústria de bens para consumo em Walchwil, Suíça. “Qual o potencial? Nem a Nestlé sabe”.

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