Quem vai a Salvador hoje vê cenas de "distopia", segundo The New York Times. Para jornal, cidade da "beleza eterna", como dizia Jorge Amado, está dominada pela violência
São Paulo - Uma reportagem publicada na edição desta segunda-feira do jornal norte-americano The New York Times mostra a cidade de Salvador
em seu lado mais abandonado e degradado. Com o título "Cidade
brasileira de 'beleza eterna' e em crescimento acelerado enfrenta seu
lado sombrio", em tradução livre, a reportagem fala de como, apesar do
crescimento econômico invejável, a capital baiana vive dias de violência alarmante.
"O boom está produzindo um outro resultado: ao invés de celebrar a cidade
como seus moradores têm feito há muito tempo - o escritor Jorge Amado a
chamou uma vez de lugar descontraído de "beleza eterna" -, muitas
pessoas estão cada vez mais revoltadas com sua cidade", escreve o
corresponde do jornal no Brasil, Simon Romero.
A matéria afirma que os novos shoppings centers, as mega-igrejas e os
super seguros condomínios fechados coexistem com uma onda de crimes
violentos que transformou a cidade na "capital brasileira dos
assassinatos".
Para provar seu ponto de vista, o New York Times conta a história de ao menos sete casos de homicídios e estupros ocorridos em Salvador.
Também é destacado o trânsito
da cidade, chamado de caótico e violento, além do ressentimento de
moradores de ver outrora elegantes bairros a beira-mar se transformarem
em distritos de alta criminalidade, com prédios abandonados "melhor
descritos como ruínas", diz o texto.
Até o turismo foi afetado pela decadência da cidade, na visão do
jornal. A publicação fala da região do Pelourinho, onde "é comum ver
adolescentes em roupas esfarrapadas fumando crack em plena luz do dia",
embora haja uma unidade especial da polícia no local para prevenir os
turistas de assaltos e agressões.
Apesar deste lado mais escuro, a matéria cita que a oferta cultural de
Salvador continua "sublime", o que, segundo o NYT, "é apropriado para
uma cidade que levou alguns dos maiores cantores e compositores do
Brasil, como Caetano Veloso, e cineastas para a fama".
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