ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O Brasil apresentou, nos últimos oito anos, um avanço pífio em direção
ao que o Banco Mundial classifica como a fronteira de excelência para a
realização de negócios.
Evoluiu apenas 0,5 ponto percentual, para 47,5 (em uma escala de 0 a
100) em direção ao patamar regulatório e institucional considerado o
melhor existente, segundo indicadores que usam dados de 174 nações,
desde 2005.
O país patina entre as 20 nações com menor avanço nessa medida, chamada
de "distância até a fronteira". Ela passou a ser calculada pelo Banco
Mundial como complemento ao ranking do relatório "Doing Business".
Os países que mais têm se destacado são chamados de "top reformers"
(principais reformadores). A Geórgia, que teve o maior progresso de 2005
a 2012, evoluiu 31,5 pontos percentuais; a Colômbia, melhor entre os
latino-americanos, avançou 15,3 pontos.
O desempenho dos "top reformers" é creditado a reformas para tornar o
ambiente de negócios mais rápido, prático e previsível. Pesquisas
recentes têm medido o impacto positivo dessas mudanças.
Segundo o Banco Mundial, um avanço de dez pontos percentuais em direção à
"fronteira" leva ao registro de uma nova empresa para cada 1.000
pessoas em idade ativa por ano. Melhoras em educação e infraestrutura
também são fundamentais.
Editoria de Arte/Folhapress |
O papel das reformas como chaves para destravar as barreiras ao crescimento será tratado pela Folha em uma série de reportagens.
O forte aumento da renda per capita da Coreia é, por exemplo, creditado
em grande parte a um salto educacional. No início da década de 50, o PIB
per capita da Coreia era 12% menor do que o do Brasil. Em 2010, já era
aproximadamente o triplo (as medidas são ponderadas pelo poder de
compra).
A desaceleração da economia do Brasil nos últimos anos é relacionada à
falta de reformas para reduzir a burocracia e melhorar a educação e a
infraestrutura.
O Banco Mundial registrou progressos recentes feitos pelo país, como a
maior sincronização eletrônica entre as autoridades tributárias federais
e estaduais e a criação do cadastro de crédito positivo. Mas outras
nações têm avançado em ritmo mais rápido.
No best-seller "Por que as Nações Fracassam", lançado em 2012, os
economistas Daron Acemoglu e James Robinson mostram o papel crucial, na
prosperidade das nações, de instituições que reforçam direitos de
propriedade e incentivam investimentos em tecnologias e talentos.
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