A Toto, fabricante japonesa de louças e metais de luxo, investe no Brasil de olho em hotéis e nas arenas que sediarão o mundial de futebol de 2014
Por Luciele VELLUTO
Quando se fala em negócios ligados à Copa do Mundo de 2014, o
que vem à cabeça são as grandes obras de engenharia, como os estádios e
os equipamentos de mobilidade urbana, além de hotéis, naturalmente.
Contratos milionários para o fornecimento de material esportivo e outros
itens que serão vistos nas ruas e nos estádios também compõem essa
lista. Mas tão importante quanto a parte mais visível dessa festa é seu
lado, digamos, oculto. É exatamente nesta última vertente que se
concentram as apostas da japonesa Toto, fabricante de louças e metais
sanitários. A empresa bateu concorrentes locais e se tornou a
fornecedora dos equipamentos instalados nos banheiros da Arena
Corinthians, que está sendo construída na zona leste da cidade de São
Paulo.
Trata-se de uma vitrine mesmo para a Toto cujas vendas globais
atingiram US$ 4,8 bilhões no ano fiscal encerrado em março de 2013. Isso
porque o estádio será palco da primeira partida da Copa do Mundo de
2014. “Nossa meta é fazer do Brasil um de nossos principais mercados
fora do Japão”, afirma David Krakoff, presidente da subsidiária da Toto
no País. O contrato, cujo valor não é revelado, é estratégico também,
porque inclui a instalação dos produtos nas áreas vips da arena.
Trata-se de um público que está no foco da Toto, pois é capaz de gastar
até R$ 4 mil em um equipamento sanitário. Mas antes mesmo de rolar a
bola no Itaquerão, o novo templo mundial do esporte bretão, a Toto já
está marcando gols no mercado local de produtos com pegada high tech.
Sua estrela nessa disputa é o washlet, bidê eletrônico com assento
aquecido, ducha higiênica e sistema de secagem, que custa R$ 3,6 mil.
“Na primeira apresentação, já vendemos dez peças”, diz Krakoff. Para se
instalar no Brasil, a Toto fez um investimento de US$ 6 milhões em 2011,
para estruturar a operação. No ano seguinte, inaugurou uma fábrica no
município de Jundiaí, a cerca de 150 quilômetros da capital paulista. O
montante desembolsado na unidade não foi revelado. Ali, estão sendo
fabricadas bacias sanitárias, cubas e caixas de descarga dos modelos da
Toto mais vendidos no País. Segundo o executivo, a ideia é aumentar a
produção em um ritmo lento, mas consistente, o que permitiria a redução
dos preços de venda ao consumidor final.
“Os custos de importação são altos, por isso queremos nacionalizar
as linhas que são mais procuradas”, afirma Krakoff. De acordo com ele, a
fábrica brasileira é semelhante à instalada nos Estados Unidos, onde a
Toto já detém 9% do segmento de bacias sanitárias. Nascido na Rússia,
Krakoff foi escolhido para o cargo pelo seu conhecimento do mercado
brasileiro. Na década de 1990, ele fazia parte do time da Electrolux
quando a fabricante sueca de produtos de linha branca comprou a
paranaense Refripar, dona da marca Prosdócimo. “O Brasil mudou muito
desde então”, diz. “Vejo como um país promissor e que está no foco de
muitas empresas.” A Toto, porém, não foi a única empresa do setor de
louças sanitárias a enxergar isso.
David Krakoff presidente da Toto:
"Queremos fazer do brasil um de nossos principais mercados, fora do japão"
Nos últimos dois anos, já desembarcaram aqui a suíça Laufen e a
alemã Hansgrohe. “Esse movimento ajuda a puxar o mercado para cima”, diz
o superintendente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica
para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), Antonio
Carlos Kieling. Segundo ele, o nicho de alto luxo tem crescido no País e
suas perspectivas são positivas. Um dos fatores é a construção de um
maior número de hotéis, de todos os portes e níveis de sofisticação, no
rastro da euforia em torno da Copa do Mundo de 2014.
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