Consumidores lotam as lojas da Rua 25 de Março, em São Paulo, para as compras de Natal
(Sebastião Moreira/EFE)
A menos de um mês e meio do Natal, o que se vê, por enquanto, é um
comportamento atípico de comerciantes e consumidores. Redes varejistas
não alongaram os prazos de pagamento dos financiamentos para que a
prestação "se encaixe" no orçamento do brasileiro. Enfatizam, porém, o
desconto no pagamento à vista. Esticar prazo e jogar a primeira
prestação para o ano seguinte foram práticas comuns recentemente,
sobretudo em momentos de juros em alta, como o atual.
O consumidor, por sua vez, aproveitou os feirões de renegociação de
dívidas, que ocorreram durante o ano todo. Mas o inadimplente que limpou
o nome não tem intenção de cair novamente na farra do consumo.
Pesquisas mostram que cresceu significativamente, em relação a anos
anteriores, a fatia daqueles que pretendem usar a primeira parcela do
13.º salário para poupar. A intenção de gastar essa renda extra para ir
às compras ou quitar dívidas também é menor em relação a 2012.
Economistas atribuem a mudança de comportamento de varejistas e
consumidores às incertezas que rondam a economia no ano que vem.
Para o economista-chefe da Acrefi, associação que reúne as
financeiras, Nicola Tingas, a cautela de consumidores e empresas existe
porque há muitas incertezas. Para o consumidor, há, segundo ele, um
claro esgotamento do ciclo de crédito. "O poder aquisitivo do brasileiro
está restrito", observa.
Essa restrição do consumidor, segundo Tingas, é resultado da
combinação de vários fatores negativos. "Não existem acréscimos de renda
significativos." Nas contas do diretor de pesquisa econômica da GO
Associados, Fabio Silveira, a massa real de rendimentos, que cresceu
6,6% ao ano entre 2010 e 2012, deve aumentar 2,5% este ano e 1,4% em
2014. Esse é um dos motivos apontados por Silveira para que o comércio
não tenha um impulso significativo.
(Com Estadão Conteúdo)
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