Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Lá vem o Brasil descendo a ladeira
Desde 2011 a economia brasileira tem apresentado resultados fracos. E não há nenhuma perspectiva de melhora para o próximo ano
Por Laura D'Angelo
Bem que o título desta matéria poderia estar de acordo com o clima de celebração cantado por Moraes Moreira na sua composição “Lá vem o Brasil descendo a ladeira”. Mas, infelizmente, a relação feita aqui está relacionada à trajetória descendente que a economia brasileira vem traçando desde 2011 e que, na visão dos economistas palestrantes do 15º Seminário Econômico, promovido pela Fundação CEEE de Seguridade Social, deve continuar no próximo ano.
“Não vejo nenhuma perspectivas de melhora a curto prazo”, sentencia o economista Eduardo Giannetti, autor de O Valor do Amanhã. O crescimento do Brasil está abaixo da média mundial e dos países, que como ele, estão em desenvolvimento. “A Rússia está patinando, a Índia está com sérios problemas, mas ninguém está pior do que o Brasil”, dispara Reinaldo Gonçalves, professor de economia internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Enquanto as nações emergentes projetam crescimentos em torno de 6% para o próximo ano, o PIB brasileiro não deve ultrapassar o 2,5%.
Na opinião dos especialistas, o país paga hoje – e vai continuar pagando em 2014 - o preço pelas escolhas feitas no passado. Segundo Gonçalves, o governo fez apostas em setores errados e focou investimentos em apenas um segmento da economia. “Nós pegamos a fronteira de possibilidade de produção e jogamos para o setor primário exportador”, explica. Assim, a economia brasileira fica vulnerável a qualquer desvalorização dos insumos nos quais o país, durante estes anos, apostou todas as suas fichas.
Giannetti acrescenta ainda o descompasso na relação entre o que o governo arrecada com tributos e o que retorna à sociedade em investimentos. A carga tributária chega a 36% do PIB, índice considerado muita acima do considerado razoável para os países de renda média, no máximo 25%. “No Brasil, 40% da renda nacional transita pelo setor público e a capacidade de investimento do estado na média, nos últimos quatro anos, foi de 2,4% do PIB”, afirma Giannetti. O excesso de impostos tem causado a perda de competitividade das empresas nacionais no mercado mundial – cenário que deve se agravar no próximo ano. O resultado do pouco investimento é visível também nos problemas de infraestrutura que tem restringido o crescimento da produção. O tema chegou tardiamente na pauta de realizações do governo. Os modelos de concessões que estão sendo realizados, no entanto, são poucos atrativos para o capital privado, na avaliação de Giannetti. De acordo com o economista, as ações intervencionistas demonstradas nos primeiros planos de concessões geraram desconfiança e incertezas nos investidores, o que compromete o sucesso do modelo.
Influência externa
A iminente mudança na política monetária dos Estados Unidos, com o fim dos incentivos do Federal Reserve (FED) que compra títulos da dívida do governo e investe em outros países, e a recuperação das economias desenvolvidas são dois fatores que também podem trazer dor de cabeça ao Brasil em 2014. O país tem déficit em conta corrente que se aproxima a 4% do PIB, o que o coloca numa situação de dependência do financiamento externo. As alterações no cenário internacional vão impactar não só nas finanças, mas também no câmbio. A recuperação do dólar deve valorizar a moeda e pressionar ainda mais a inflação brasileira.
A situação para o próximo ano se torna ainda mais preocupante por se tratar de período eleitoral quando as ações do governo ficam limitadas e qualquer atitude impopular, mesmo que necessária, acaba por ser adiada. O cenário nebuloso, segundo Giannetti, “paira no horizonte”. “Quem quer que vença as eleições herdará uma situação muito difícil e amargará um primeiro ano de governo de reajustes que serão necessários para que a economia recupere um horizonte de crescimento sustentável acima de 2%”, prevê.
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