Ao todo, gasto chegou a R$ 6,35 bi e deve alcançar, pelo menos, R$ 8,5 bi até o fim do ano
Para bancar o desconto na conta de luz, o governo autorizou, na
quinta-feira (3), uma emissão de títulos públicos de R$ 2,349 bilhões.
Com valor recorde, a operação foi a quinta desde julho, quando os fundos
do setor elétrico ficaram esvaziados e o Tesouro passou a abastecê-los.
As emissões aumentam o endividamento do setor público federal. Ao todo,
o gasto já chegou a R$ 6,35 bilhões e deve chegar a, pelo menos, R$ 8,5
bilhões até o fim deste ano, segundo estimativa da equipe econômica.
Os recursos obtidos por essas operações formam a Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que sustenta, por meio de uma
triangulação revelada pelo Estado em julho, uma das medidas mais
importantes da gestão Dilma Rousseff - o corte da tarifa de energia
elétrica.
A emissão feita na quinta-feira, 3, vai bancar integralmente, pela
primeira vez, as indenizações que o governo deve às empresas do setor
que aderiram ao pacote de renovação antecipada das concessões. Segundo
fontes, cerca de R$ 600 milhões desse montante serão transferidos à
outro fundo setorial, a Reserva Global de Reversão (RGR).
No fim de agosto, a RGR, que banca as indenizações às empresas do setor
que aderiram ao pacote de Dilma, tinha apenas R$ 13,8 milhões em caixa,
sendo que apenas essa despesa chega a uma média mensal de R$ 495
milhões. No início do ano, esse fundo dispunha de R$ 15,2 bilhões.
Quando retirou os encargos setoriais da conta de luz, de forma a
reduzi-la em 20%, em média, para os consumidores, o governo diminuiu as
receitas que abasteciam os fundos, mas não extinguiu os programas que
eles bancavam e inclusive elevou suas responsabilidades.
A CDE é usada para pagar os programas sociais, como o Luz Para Todos.
Desde o início do ano, ela paga o custo da energia das usinas
termoelétricas, acionadas quando há escassez de chuvas e o nível dos
reservatórios das hidrelétricas cai. O saldo da CDE em agosto era de R$
82,2 milhões, para uma despesa média mensal de R$ 1,5 bilhão. No início
do ano, o saldo era de R$ 2,4 bilhões.
Por causa das mudanças, a CDE ficou sem recursos para bancar as
obrigações em maio e foi "salva" por uma operação descoberta pelo jornal
O Estado de S. Paulo em julho - o governo transferiu recursos da RGR
para a CDE. Resultado: dois meses depois, os dois fundos estavam sem
recursos.
Com o novo buraco aberto na RGR, o governo passou a fazer uma segunda
triangulação, a partir de agosto. Agora, a operação consiste em injetar,
na CDE, recursos obtidos com os títulos públicos e, de lá, transferir
uma parte para a RGR. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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