Em conflito com Collor desde o início do governo – principalmente devido às divergências acerca da política de privatizações – Itamar desligou-se do PRN pouco antes do impeachment e, meses mais tarde, assumiu a presidência, já pelo PMDB
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Político de carreira, Itamar deu seus primeiros passos na vida
pública em Juiz de Fora/MG, onde foi prefeito (1967 a 1971)
No início dos anos 1990, o primeiro presidente eleito pelo povo no
Brasil – depois de mais de 20 anos de ditadura – foi deposto, acusado de
corrupção. Com a economia em crise e as instituições desacreditadas,
restou ao sucessor a difícil missão de manter a legalidade democrática e
tirar o país da lama. Há de se concordar, no entanto, que assumir o
leme de um barco no meio de uma tempestade não é para qualquer um. E foi
assim, na condição de comandante de um grande navio prestes a afundar,
que Itamar Franco assumiu a presidência do país após o impeachment de Fernando Collor de Mello.
Político de carreira, Itamar deu seus primeiros passos na vida
pública em Juiz de Fora/MG, onde foi prefeito (1967 a 1971). Pouco
depois, deixou o cargo e elegeu-se senador pelo estado de Minas Gerais
(1975). Em 1988, saiu do PMDB (antigo MDB, partido de oposição durante o
regime militar) e uniu-se ao então governador de Alagoas, Fernando
Collor, no jovem PRN (Partido da Reconstrução Nacional), que lhes deu a
vitória na eleição de 1989. Em 1992, com a queda de Collor, assumiu a
presidência da República.
Em conflito com Collor desde o início do governo – principalmente
devido às divergências acerca da política de privatizações – Itamar
desligou-se do PRN pouco antes do impeachment e, meses mais
tarde, assumiu a presidência, já pelo PMDB. Na época, apesar de toda a
crise política, as maiores pressões tinham origem no campo econômico,
com uma inflação que, em 1993, chegou a 2.700%.
No curto espaço compreendido entre o governo Sarney e o Collor, foram
implementados três planos econômicos e estabelecidas duas moedas, todos
sem sucesso a longo prazo. Para Itamar, então, o desafio era, além de
encontrar uma solução duradoura, conseguir convencer a população de que
os preços seriam controlados, os produtos não desapareceriam das
prateleiras e ninguém teria suas poupanças confiscadas.
A tarefa não foi fácil. Em seu curto governo, passaram nada menos que
seis ministros diferentes pela pasta da Fazenda. Ao mesmo tempo, as
pressões políticas também eram grandes, inclusive pela dissolução do
Congresso. Além disso, com a fragmentação das forças partidárias na
época, compor um governo não foi nada fácil.
No final, entretanto, o saldo foi positivo. No campo econômico, com a
criação do Plano Real, a hiperinflação foi controlada e asseguraram-se
as bases para o desenvolvimento verificado atualmente. No âmbito
político, o presidente fez seu sucessor (Fernando Henrique Cardoso,
ministro que coordenou a criação do Plano Real) e deixou o cargo com uma
aprovação semelhante à de Lula no final do seu mandato. Itamar ainda
deixou como legado a sanção da Lei dos Genéricos e da Lei Orgânica da
Assistência Social (LOAS), que deu base para os programas socias dos
governos seguintes.
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