Diretor-geral da FAO, que é brasileiro, deu declarações em vídeo enviado para seminário organizado para marcar os dez anos do Programa de Aquisição de Alimentos
Criança comendo merenda escolar: no programa de Aquisição de Alimentos, criado em 2003, produção de pequenos agricultores é adquirida para merenda escolar
O diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, disse hoje (4) que os avanços brasileiros em políticas sociais e de combate à fome “não passaram desapercebidos para o resto do mundo”.
“Esse conjunto de políticas mudou o rosto do Brasil. Hoje, [o país] é
referência mundial no combate à fome e à miséria. E o Brasil não tem se
negado à responsabilidade de compartilhar seu conhecimento”, disse.
Graziano, que é brasileiro, deu as declarações em vídeo enviado para um
seminário organizado para marcar os dez anos do Programa de Aquisição
de Alimentos (PAA), criado em 2003, por meio do qual a produção de
pequenos agricultores é adquirida para a merenda escolar.
Representantes de países que usaram a experiência brasileira comentaram a implementação de suas próprias versões do programa.
Entre outras iniciativas, o PAA inspirou o Purchase from Africans for Africa (PAA Africa), que reúne a Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Departamento do Reino Unido
para o Desenvolvimento Internacional e especialistas brasileiros.
O PAA Africa atende a cinco países em caráter experimental: Moçambique,
Senegal, Nigéria, Malauí e Etiópia. Além de compras locais para merenda
escolar, os agricultores podem vender o excedente ao Programa Mundial
de Alimentos (PMA) da FAO.
Segundo o ministro Milton Rondó, coordenador de Ações de Combate à Fome
do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, 5.187 agricultores,
125 mil estudantes e 434 escolas são beneficiadas pelo programa na
África.
“Tem se desenvolvido de forma diferente em cada país, de acordo com
suas especificidades. Mas, nos cinco, a FAO organiza os produtores. É
bom lembrar que parte da alimentação escolar [no Brasil] era feita pelo
PMA até o início dos anos 1990. É um salto que os países também podem
dar”, disse Rondó.
Alexandrer Wykeham Ellis, embaixador e representante do Ministério do
Reino Unido para o Desenvolvimento Internacional, afirma que o país
europeu investe no PAA Africa porque o programa funciona. “Meu país é
capaz de aprender e não só ensinar. Posso ver uma coisa muito bem feita
no Brasil e aprender como podemos fazer isso nos outros países”, disse.
Segundo Guidione Ezequiel Elias, da Associação Agropecuária Tilimbique,
de Moçambique, o programa é útil em questões como a regularização e
organização dos produtores, além de estrutura física e qualidade da
produção.
“Estamos na fase inicial, mas está nos ajudando muito. As associações
[de produtores] não estavam bem legalizadas. Para vendermos nossos
produtos, também era preciso ter bons armazéns. Construímos celeiros e,
no fim de tudo, conseguimos vender o nosso produto de boa qualidade”,
declarou, em participação no seminário.
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