O BNDES "realinhou" suas prioridades e quer "abrir espaço para o mercado
privado de crédito", afirmou Ana Maia, chefe de departamento na área de
Planejamento do banco estatal. As novas premissas se dão num momento de
menores repasses do Tesouro para compor o orçamento do banco –que caiu
de R$ 190,4 bilhões em 2013 (alta de 22% ante 2012) para cerca de R$ 150
bilhões estimados para 2014.
Segundo a executiva, o banco reduzirá sua participação no financiamento
de projetos dos setores não prioritários para a faixa de 35% a 70%. Na
lista, estão principalmente ramos industriais como alimentos e bebidas,
celulose, automóveis, além de comércio e serviços.
Já as indústrias siderúrgicas, de óleo e gás e a área de saúde, entre
outras, foram preservadas. Também não sofreram cortes áreas ligadas à
inovação, à tecnologia, além pequenas, médias e micro empresas –estas
terão financiamento de até 90% do BNDES, maior participação prevista nas
políticas do banco estatal.
O BNDES cortou ainda a parcela dos empréstimos atrelada à TJLP (Taxa de
Juros de Longo Prazo, subsidiada e cujo custo atual é de 5% ao ano).
Essa parcela com custo mais baixo passou, em média, da faixa de 50% para
35% do custo total do projeto.
Maia disse que o banco emprestará ao custo de mercado (mais elevado) se
faltarem fontes de financiamento a novos projetos de investimento. "Não
vai ocorrer uma queda abrupta do crédito."
INFRAESTRUTURA
Dentre as prioridades, a infraestrutura se destaca e não teve redução no
percentual apoiado pelo banco. O superintendente de Planejamento,
Cláudio Leal, crê que a área receba mais financiamentos e seja a mais
importante do BNDES neste ano.
Em 2013, a indústria respondeu por 30% do total liberado (R$ 58 bilhões)
e a infraestrutura por 33% (R$ 62,2 bilhões). Os desembolsos do setor
industrial, porém, cresceram mais (22%) do que os destinados a
infraestrutura (18%).
Leal acha que o cenário deve se inverter neste ano, com expansão maior
da infraestrutura graças ao programa de concessões. Por serem de longo
prazo e demandarem muito investimento, os empreendimentos do setor são
prioridade para o BNDES, já que encontram mais dificuldade para obter
crédito privado.
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