VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
DENISE LUNA
DO RIO
DE BRASÍLIA
DENISE LUNA
DO RIO
O leilão de hoje do campo de pré-sal de Libra, na bacia de Santos, pode
ser o primeiro e último em que a Petrobras participa como operadora
única e dona obrigatória de pelo menos 30% do consórcio vencedor.
Segundo a Folha apurou, a própria estatal já manifestou o desejo
de rediscutir o modelo para torná-lo, pelo menos, opcional. Ou seja, de
acordo com a conjuntura da empresa, ela poderia abrir mão dos direitos
atuais.
O problema é que, para técnicos da estatal, o que pode ser considerado
um "privilégio" num dado momento torna-se um "peso" em situações como a
atual, em que a empresa enfrenta dificuldades de caixa para bancar seu
plano de investimento de US$ 236,5 bilhões.
O próximo leilão do pré-sal está previsto para ocorrer só em dois ou
três anos, segundo a diretora-geral da ANP (Agência Nacional do
Petróleo), Magda Chambriard.
Dentro do governo, a ordem é aguardar o leilão de hoje, que funcionará
como um "teste" do modelo de partilha, no qual a participação da
Petrobras é garantida e fortalecida pela legislação.
A tendência, segundo fontes ouvidas pela Folha, é que apenas um
consórcio -formado pela Petrobras e pelas chinesas CNPC e CNOOC-
apresente oferta.
ATÉ A ÚLTIMA HORA
Outro consórcio, liderado pela Shell, com a indiana ONGC e a francesa
Total, estaria encontrando problemas para ser fechado, mas ainda não foi
totalmente descartado. A composição de consórcios costuma ser fechada
geralmente na última hora e sob muito sigilo.
No caso de Libra, que inaugura um modelo inédito no país -o regime de partilha-, as negociações foram ainda mais complicadas.
Do lado da indústria, o principal problema foi a exigência de que a
Petrobras atuasse como operadora do campo. Isso afastou petroleiras de
peso, como a Exxon e a BP, e pode inibir que outras façam lances no
certame, mesmo que Libra seja a principal descoberta já feita no Brasil e
a maior oferta de um reservatório de petróleo já feita no mundo.
Editoria de arte/Folhapress | ||
PRÉ-SAL DE LIBRA - Brasil faz hoje o maior leilão de petróleo da história mundial |
Pesa na balança das empresas também a perspectiva de ganhar o leilão e
depois não ter poder de decisão no Comitê Operacional. Isso porque a
estatal PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.), criada especialmente para cuidar
dos interesses da União, terá peso de voto de 50% no conselho.
A Petrobras terá peso de 15% e o consórcio vencedor, de 35%. Essa
restrição levou a mais cálculos e simulações do que nos leilões
anteriores, sob o regime de concessão, praticados no país desde 1999.
Editoria de arte/Folhapress | ||
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