sexta-feira, 19 de abril de 2013

André Esteves: “O Brasil está bem”

André Esteves: “O Brasil está bem”

Presidente do BTG Pactual acredita que o país não merece ser visto com pessimismo pelo mundo – assim como não merecia toda euforia que despertou lá fora recentemente

Por Pedro Pereira

Não contem com André Esteves, o presidente do Banco BTG Pactual, para dar crédito à desconfiança que analistas internacionais passaram a manifestar em relação ao Brasil logo que a economia reduziu drasticamente seu ritmo de crescimento, no ano passado

“Você conversa com estrangeiros e vê um mau humor que não se justifica com relação ao Brasil.       Assim como  era  exagerada  aquela  euforia com o Brasil quando cresceu 7,5%. A realidade não está nem em um extremo,  nem  em  outro.   Mas  há  várias  evidências  de  que  o Brasil vive um bom momento”, sustentou Esteves,  convidado  especial  do  Fórum Brasil  de  AMANHÃ,  promovido  pelo  Instituto  e  pela Revista AMANHÃ nesta quinta-feira em Porto Alegre.

esteves-brasildeamanha13-350Nem mesmo o frustrante crescimento do PIB no ano  passado  justifica  o pessimismo na visão de André    Esteves.     Até  porque,  segundo   ele, trata-se de um fenômeno natural.  “É um aspecto conjuntural: crescemos acima do nosso potencial em 2010.  Nos anos seguintes você devolve esse crescimento”,  explica.               “Trata-se de um crescimento     artificial,       pois    o      aumento desenfreado  do  consumo   traz  como consequência altos  índices de inadimplência.   A seguir   os   benefícios,   como   crédito       para consumo, são reduzidos até que a    economia se reacomode novamente”, explicou.

Em uma palestra seguida de debate com o presidente da Brasil Foods, José Antônio do Prado Fay, e com o vice-presidente de Relações Institucionais da  Marcopolo, José Antônio Fernandes Martins,  André Esteves alinhou  algumas  das  evidências  positivas  que  vê  no  Brasil.    “A  gente  discute  o tamanho do superávit primário.

Mas é importante saber que temos superávit primário, e que somos o único país  nesta  situação entre as 20 maiores  economias  do  mundo”,  exemplificou.          Assinalou também que o setor público e as empresas brasileiras  são  pouco  endividadas,  em  contraposição  a países como Estados Unidos, Alemanha e Japão, entre  os  quais  o  endividamento  beira  e  até  ultrapassa  o  patamar de 100% do PIB.      A  ainda  baixa participação  do  crédito  na  economia  brasileira  e  a  solidez  do  sistema financeiro nacional são aspectos promissores na comparação com outros países quando o assunto é exposição a riscos, afirmou.

O  presidente  do  Banco  BTG  Pactual  manifestou sua crença em um crescimento de pelo menos 3% este ano –  “até  porque  a  base de comparação, de 2012, é baixa” – e aplaudiu a decisão do Banco Central de elevar em 0,25% a taxa  básica de juros. “Era preciso mostrar disposição e firmeza no combate à inflação e, nesse  sentido,  eu  até  teria  aumentado  m 0,5%, para não deixar dúvidas”, afirmou. Sobre a inflação, que ultrapassou o teto (6,5%) da meta brasileira, ele foi claro.      “A inflação deve ceder, mas não esperem que volte ao centro da meta (4,5%) rapidamente”, advertiu.

Para  reverter  as  expectativas  desfavoráveis  sobre   o país,  Esteves  acredita que o governo deve passar confiança a investidores e à sociedade como um todo. E a melhor forma de agir, para isso, é mostrar que as regras são claras e o ambiente de negócios, previsível. “É a velha história de vermos o copo meio vazio.   O Brasil vive o maior nível de renda de sua história. A gente tem que entender onde está – e a gente está bem”, garante.

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