André Esteves: “O Brasil está bem”
Presidente do BTG Pactual acredita que o país não merece ser
visto com pessimismo pelo mundo – assim como não merecia toda euforia
que despertou lá fora recentemente
Por Pedro Pereira
Não
contem com André Esteves, o presidente do Banco BTG Pactual, para dar
crédito à desconfiança que analistas internacionais passaram a
manifestar em relação ao Brasil logo que a economia reduziu
drasticamente seu ritmo de crescimento, no ano passado.
“Você
conversa com estrangeiros e vê um mau humor que não se justifica com
relação ao Brasil. Assim como era exagerada aquela euforia com o Brasil
quando cresceu 7,5%. A realidade não está nem em um extremo, nem em
outro. Mas há várias evidências de que o Brasil vive um bom momento”,
sustentou Esteves, convidado especial do Fórum Brasil de AMANHÃ,
promovido pelo Instituto e pela Revista AMANHÃ nesta quinta-feira em
Porto Alegre.
Nem
mesmo o frustrante crescimento do PIB no ano passado justifica o
pessimismo na visão de André Esteves. Até porque, segundo ele, trata-se
de um fenômeno natural. “É um aspecto conjuntural: crescemos acima do
nosso potencial em 2010. Nos anos seguintes você devolve esse
crescimento”, explica. “Trata-se de um crescimento artificial, pois o
aumento desenfreado do consumo traz como consequência altos índices de
inadimplência. A seguir os benefícios, como crédito para consumo, são
reduzidos até que a economia se reacomode novamente”, explicou.
Em
uma palestra seguida de debate com o presidente da Brasil Foods, José
Antônio do Prado Fay, e com o vice-presidente de Relações Institucionais
da Marcopolo, José Antônio Fernandes Martins, André Esteves alinhou
algumas das evidências positivas que vê no Brasil. “A gente discute o
tamanho do superávit primário.
Mas é importante saber que temos
superávit primário, e que somos o único país nesta situação entre as 20
maiores economias do mundo”, exemplificou. Assinalou também que o setor
público e as empresas brasileiras são pouco endividadas, em
contraposição a países como Estados Unidos, Alemanha e Japão, entre os
quais o endividamento beira e até ultrapassa o patamar de 100% do PIB. A
ainda baixa participação do crédito na economia brasileira e a solidez
do sistema financeiro nacional são aspectos promissores na comparação
com outros países quando o assunto é exposição a riscos, afirmou.
O
presidente do Banco BTG Pactual manifestou sua crença em um
crescimento de pelo menos 3% este ano – “até porque a base de
comparação, de 2012, é baixa” – e aplaudiu a decisão do Banco Central de
elevar em 0,25% a taxa básica de juros. “Era preciso mostrar disposição
e firmeza no combate à inflação e, nesse sentido, eu até teria
aumentado m 0,5%, para não deixar dúvidas”, afirmou. Sobre a inflação,
que ultrapassou o teto (6,5%) da meta brasileira, ele foi claro. “A
inflação deve ceder, mas não esperem que volte ao centro da meta (4,5%)
rapidamente”, advertiu.
Para reverter as expectativas
desfavoráveis sobre o país, Esteves acredita que o governo deve passar
confiança a investidores e à sociedade como um todo. E a melhor forma de
agir, para isso, é mostrar que as regras são claras e o ambiente de
negócios, previsível. “É a velha história de vermos o copo meio vazio. O
Brasil vive o maior nível de renda de sua história. A gente tem que
entender onde está – e a gente está bem”, garante.
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