Presidente do BTG Pactual acredita que o país não merece ser visto com pessimismo pelo mundo – assim como não merecia toda euforia que despertou lá fora recentemente
Por Pedro Pereira
Não contem com André Esteves, o presidente do Banco BTG Pactual, para dar crédito à desconfiança que analistas internacionais passaram a manifestar em relação ao Brasil logo que a economia reduziu drasticamente seu ritmo de crescimento, no ano passado.
“Você conversa com estrangeiros e vê um mau humor que não se justifica com relação ao Brasil. Assim como era exagerada aquela euforia com o Brasil quando cresceu 7,5%. A realidade não está nem em um extremo, nem em outro. Mas há várias evidências de que o Brasil vive um bom momento”, sustentou Esteves, convidado especial do Fórum Brasil de AMANHÃ, promovido pelo Instituto e pela Revista AMANHÃ nesta quinta-feira em Porto Alegre.
Em uma palestra seguida de debate com o presidente da Brasil Foods, José Antônio do Prado Fay, e com o vice-presidente de Relações Institucionais da Marcopolo, José Antônio Fernandes Martins, André Esteves alinhou algumas das evidências positivas que vê no Brasil. “A gente discute o tamanho do superávit primário.
Mas é importante saber que temos superávit primário, e que somos o único país nesta situação entre as 20 maiores economias do mundo”, exemplificou. Assinalou também que o setor público e as empresas brasileiras são pouco endividadas, em contraposição a países como Estados Unidos, Alemanha e Japão, entre os quais o endividamento beira e até ultrapassa o patamar de 100% do PIB. A ainda baixa participação do crédito na economia brasileira e a solidez do sistema financeiro nacional são aspectos promissores na comparação com outros países quando o assunto é exposição a riscos, afirmou.
O presidente do Banco BTG Pactual manifestou sua crença em um crescimento de pelo menos 3% este ano – “até porque a base de comparação, de 2012, é baixa” – e aplaudiu a decisão do Banco Central de elevar em 0,25% a taxa básica de juros. “Era preciso mostrar disposição e firmeza no combate à inflação e, nesse sentido, eu até teria aumentado m 0,5%, para não deixar dúvidas”, afirmou. Sobre a inflação, que ultrapassou o teto (6,5%) da meta brasileira, ele foi claro. “A inflação deve ceder, mas não esperem que volte ao centro da meta (4,5%) rapidamente”, advertiu.
Para reverter as expectativas desfavoráveis sobre o país, Esteves acredita que o governo deve passar confiança a investidores e à sociedade como um todo. E a melhor forma de agir, para isso, é mostrar que as regras são claras e o ambiente de negócios, previsível. “É a velha história de vermos o copo meio vazio. O Brasil vive o maior nível de renda de sua história. A gente tem que entender onde está – e a gente está bem”, garante.
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