Marcos
Troyjo (foto), diretor do BricLab da Universidade Columbia e professor
do Ibmec, afirmou, em artigo nesta quarta-feira (10/4) no jornal Brasil
Econômico, que, no âmbito de
quatro países dos Brics – China, Rússia, Índia e Brasil –, o
empreendedorismo está relacionado ao tipo de estratégia econômica que
cada um desses países vem adotando nos últimos anos. "Os
Brics poderiam liderar o mundo com iniciativas de empreendedorismo
mediante a criação de ambientes amigáveis aos negócios, com regras do jogo
e marcos regulatórios bem estabelecidos e transparentes. Se analisarmos
os quatro países, veremos que a situação é paradoxal", disse ele.
Eis as opiniões de Troyjo:
-Na China, o país mais fechado
politicamente, o incentivo ao empreendedorismo significou especialmente
empresas exportadoras e uma obsessão na conquista de mercados externos.
--Na
Rússia, país com melhores padrões educacionais e o maior contingente de
cientistas como percentual da população dentre os Brics, a aposta tem sido
na ideia de que a fase de economia em transição que o país atravessa
levará a uma orientação para setores intensivos em tecnologia.
--Na
Índia, a ênfase é na verticalização da especialização naqueles setores
em que os indianos dispõem de vantagens competitivas, como nas
indústrias de TI, farmacêuticos e têxteis.
--Índia e Brasil são democracias, mas apresentam estruturas burocráticas asfixiantes, com classes políticas pouco funcionais.
Para Troyjo, o empreendedorismo brasileiro está muito marcado pela presença maciça do governo na economia.
"Isto
é um importante dilema para o Brasil. O grande empregador da economia é
o governo em seus vários níveis administrativos. Os principais desafios
no Brasil são exatamente os relacionados ao ambiente de negócios, que
continua muito cartorial, permeado por despachantes, atravessadores e
hiper-regulações absolutamente desnecessárias à geração de
prosperidade.
Além das imposições tributárias e trabalhistas
marcadamente anacrônicas, o
empreendedor brasileiro enfrenta o fato de que, uma parte da sociedade,
inacreditavelmente, ainda enxerga no lucro algo moralmente condenável", assinalou Troyjo.
Fonte: Brasil Econômico 10/4.
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