22.04.2013
A política de criar "campeões nacionais", que será abandonada pelo
BNDES, é errada desde o início. A ideia era a seguinte: o
Estado escolhia algumas empresas, que comprariam outras do setor,
ficando fortes para ganhar o mercado internacional.
Essa visão
paternalista e estatizante já foi experimentada pelo Brasil nos anos 70,
no governo militar, mas a receita não deu certo. Muitas das empresas
escolhidas à época morreram. As companhias devem jogar o jogo global,
mas têm de mostrar na sua estratégia capacidade para isso, não o Estado
dizer com qual empresa uma companhia tem de se "casar".
Luciano
Coutinho, presidente do BNDES, disse ao "Estadão" que essa política foi
adotada nos segmentos de petroquímica, celulose, frigoríficos,
siderurgia, suco de laranja e cimento. E seria abandonada porque
esgotaram-se os setores.
É bom que o banco a abandone; mas não
está fazendo isso porque faltou setor. Ela deu errado e foi criticada
inclusive dentro do governo.
Quando o BNDES entrou no setor de
leite, o banco deu com os "burros n'água". Um ano depois de a Lácteos
Brasil (LBR) ter sido criada, quebrou. O banco entra de sócio e faz
empréstimos.
No caso dos frigoríficos, eles já vinham se
internacionalizando, o país já tinha se tornado o primeiro produtor
mundial de carne bovina, quando o BNDES decidiu que teria de haver a
concentração. Várias empresas saíram do mercado - a Bertin, por exemplo,
por orientação do BNDES, saiu do setor de carne e foi fazer energia,
mas errou completamente nessa área, com prejuízos para o país. Ganhou
licitações, mas não tinha conhecimento do setor.
Essa é uma
estratégia equivocada. Se o empresário é bom, ele conduzirá os seus
negócios, o Estado não precisa dizer para ele o que fazer. A
concentração de um determinado setor não faz uma empresa forte. É uma
política equivocada. Se as empresas não são eficientes sozinhas, não é o
"papai" Estado que vai garantir isso.
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