quinta-feira, 25 de abril de 2013

Deficit nas contas externas atinge nível da crise de 2002







Rombo chega a 2,93% do PIB, maior patamar desde agosto daquele ano
Piora da balança, alta nas remessas de lucros e maiores gastos no exterior levam deficit a US$ 25 bilhões no ano
DE BRASÍLIA

O deficit das transações do Brasil com o resto do mundo atingiu em março o nível da crise de 2002, quando o real sofria forte desvalorização. O rombo das contas externas chegou a US$ 67 bilhões em 12 meses, o equivalente a 2,93% do PIB --maior patamar desde agosto daquele ano. 

Em março, o deficit foi de US$ 7 bilhões, o maior já registrado para o mês. Com isso, o rombo no primeiro trimestre atingiu US$ 24,9 bilhões, mais que o dobro do verificado no mesmo período de 2012. O desempenho é o pior desde ao menos 1947, início da série histórica do BC. 

O resultado é explicado pela piora da balança comercial, pelo aumento de remessas de lucros das empresas estrangeiras instaladas no país para as suas matrizes e pelo aumento dos gastos dos brasileiros no exterior.
Mas a crescente deterioração nas contas externas não é vista com preocupação pelo BC, segundo o chefe do Departamento Econômico da instituição, Tulio Maciel. 

Ele afirma que parte da piora nas estatísticas reflete a retomada do crescimento da economia brasileira e a desaceleração na maior parte dos países desenvolvidos. 

É o caso da balança comercial. O saldo negativo de US$ 5,2 bilhões no trimestre, após o superavit de US$ 2,4 bilhões no mesmo período de 2012, mostra que o Brasil está com dificuldades de exportar devido ao baixo crescimento da Europa, dos EUA e da China. 

Ao mesmo tempo, as compras de importados crescem para atender ao aumento do consumo no Brasil. 

INVESTIMENTOS
 
Os dados do BC mostram ainda uma redução no volume de investimentos estrangeiros diretos, que ajudam a cobrir saldos negativos em outras transações com o exterior. 

No primeiro trimestre deste ano, eles somaram US$ 13,3 bilhões, ante US$ 15 bilhões no mesmo período de 2012. 

Para o BC, o ingresso desses recursos deve aumentar ao longo do ano, já que tradicionalmente os primeiros meses são mais fracos. 

Maciel lembrou que o dado acumulado até agora está em linha com a projeção oficial de fechar 2013 com um volume de investimentos diretos de US$ 65 bilhões. 

Folha de São
Paulo

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